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'Chamar de pacote não reflete espírito, é agenda de transformação', afirma Guedes

Segundo o ministro, o presidente Bolsonaro colocou alguns limites para as propostas e descartou a retirada da garantia do reajuste do salário mínimo pela inflação

5 nov 2019 - 15h46
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BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Plano Mais Brasil, lançado nesta terça-feira, 5, pelo governo, não se trata de um pacote, já que não é um decreto a ser cumprido, mas sim propostas a serem discutidas com o Congresso Nacional. "Chamar de pacote não reflete o espírito, é uma agenda de transformação", afirmou.

Guedes disse ainda que as medidas poderão ser modificadas no Congresso Nacional e que isso faz parte da democracia. "Estamos extasiados com possibilidade de Estados e municípios (que tinham saído da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados) voltarem à reforma da Previdência agora no Senado, é como a democracia funciona", exemplificou.

Segundo o ministro, o presidente Jair Bolsonaro colocou alguns limites para essa agenda de transformação. Uma das medidas pretendidas por Guedes, a retirada da garantia do reajuste do salário mínimo pela inflação, foi descartada a pedido do presidente.

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro durante a entrega do Plano mais Brasil para o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre.
Paulo Guedes e Jair Bolsonaro durante a entrega do Plano mais Brasil para o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Estadão

"Bolsonaro é homem de enorme intuição política. (O presidente disse) 'Ô ministro, você acaba de fazer enorme reforma da Previdência, a turma ainda tá meio tonta, você ainda quer desindexar o dinheiro dos velhinhos? Que história é essa?'. Ok, é verdade, entendi. Tá cedo mesmo", narrou Guedes.

Ele reconheceu que, com a inflação em níveis baixos, não há necessidade premente de fazer a chamada desindexação, que é retirar a obrigatoriedade da reposição pela inflação. "Com inflação subindo 2%, 3%, vou tirar dinheiro do velhinho que tá comprando remédio?", disse.

Guedes já havia dito que a agenda liberal do governo precisa ser implementada aos poucos, uma vez que o País não está preparado para acabar com algumas regras de correção de benefícios. "Liberais nunca são revolucionários. São evolucionistas."

Prazos

O ministro da Economia evitou cravar um prazo para a aprovação das propostas, mas disse não temer o risco de as propostas serem desfigurados no Congresso. A aposta de Guedes para o avanço das medidas é o "clima extraordinário" de cooperação que, segundo ele, existe entre lideranças no Congresso e a equipe econômica. "Eu não arriscaria prazos, prefiro que haja mais tempo para conversarmos sobre tudo isso."

Guedes ressaltou que o Congresso já aprovou a mais urgente das reformas, que era a da Previdência. "Agora temos um pouco mais e tempo para redesenharmos o Estado brasileiro", afirmou. "Realmente não tenho receio de isso ser fragmentado, pulverizado, desfigurado, pelo contrário. Temos uma belíssima agenda."

Na sua avaliação, mesmo sem arriscar prazos é possível dizer que a reforma administrativa é uma das que devem ser aprovadas rapidamente.

Guedes contou que sua prioridade pós-Previdência era o controle da despesa pública, mas foi a própria classe política que o encorajou a apresentar um conjunto maior de medidas para atacar outros problemas e remodelar o Estado brasileiro.

"O interessante é que, ao contrário da Previdência, em que havia clima tenso, não se falava a mesma língua, as linguagens estavam dissociadas... curiosamente após esse diálogo inicial houve muita construção de boa vontade. E justamente eu diria que a ideia de colocar agora uma coisa mais ampla foi consenso político das lideranças", disse.

"Eu diria que isso está sendo um processo de construção conjunta. Como foi conjunta a construção da Previdência, embora tenha tido mais atrito. Eu diria agora que está tendo mais cooperação", afirmou. "Essa abertura de leque foi sugerida pela própria classe política."

Segundo Guedes, a sociedade precisa entender que, para conseguir dar mais foco aos mais frágeis dentro do Orçamento público, é preciso reduzir outras despesa, sobretudo os privilégios. "Se der para o gato pobre sem tirar do gato gordo, você leva o País à hiperinflação", comparou.

Estadão
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