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Chegada do gigante Mubadala à Atvos, ex-Odebrecht Agroindustrial, pode ir parar no TCU

Os bancos públicos BNDES e BB têm cerca de 70% da dívida da gigante sucroaalcooleira e querem fechar acordo para repassar o controle ao fundo de Abu Dhabi

22 dez 2022 - 15h56
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O imbróglio envolvendo as discussões para a troca de controle da gigante sucroalcooleira Atvos, a antiga Odebrecht Agroindustrial, para o fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, poderá cair no colo do Tribunal de Contas da União (TCU), conforme fontes consultadas pelo Estadão. O TCU poderia entrar na jogada porque tanto o Banco do Brasil quanto o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são credores da Atvos.

Unidade da Atvos em Costa Rica (MS), onde o projeto foi implantado 
Unidade da Atvos em Costa Rica (MS), onde o projeto foi implantado
Foto: Atvos/Divulgação / Estadão

Uma das razões seria um desconto dado para a dívida da empresa, que está em recuperação judicial, em um momento em que ela estaria em retomada diante do ciclo positivo do mercado. Além disso, movimento acontece às vésperas da troca do comando das estatais após a troca do governo federal.

Como a reunião realizada na semana passada para discutir o assunto terminou sem uma decisão, foi definido um novo encontro na próxima quarta-feira, 28, para tentar selar o futuro da companhia. O holofote está voltado para a possibilidade de o TCU barrar a assembleia para analisar os números. A ideia é analisar se as perdas para os bancos com o desconto na dívida podem ser significativas. Procurado, o TCU disse que somente se manifesta por meio de seus acórdãos e que não localizou processos relativos a esse assunto.

Um dos argumentos que está sendo apresentado pela Atvos aos credores é de que não seria necessária a entrada de novo dinheiro na empresa. Não é o que está acontecendo dentro do acordo com o Mubadala, que terá a obrigação de injetar R$ 500 milhões no negócio. Em troca, ganhará um desconto de cerca de R$ 2 bilhões no valor da dívida da Atvos, com três anos para começar a pagar e prazo total de 20 anos para acertar todo o débito. Além dos R$ 500 milhões, o cálculo de uma fonte ligada ao assunto é de que a Atvos demandaria ainda mais R$ 1,5 bilhão em três anos.

Ricardo K., consultor que recupera empresas, vira sócio da Atvos, antiga Odebrecht Agroindustrial
  • Bancos credores da Atvos se reúnem com Mubadala, mas decisão ficará para o fim do mês
  • Troca de controle

    Pelo acordo desenhado entre Mubadala e os bancos, o fundo passaria a deter 31,5% da Atvos, em troca de um aporte de R$ 500 milhões na empresa. Os bancos credores, que também inclui Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, ficariam com uma participação de 60% na empresa. O fundo americano Lone Star, que hoje controla a empresa, e a Novonor (ex-Odebrecht), dividiriam uma fatia de 3,5%. Ricardo K., executivo conhecido por recuperar empresas, também terá uma pequena participação.

    Hoje controlador da Atvos, o fundo americano já reagiu contra a operação e tenta reverter a decisão na Justiça. Solicita que ao menos tenha direito de preferência. Segundo fontes, no entanto, a ação do fundo poderia ser facilmente rebatida porque o plano de recuperação judicial não estabeleceria esse direito.

    Procurado, o Lone Star diz que a "transação proposta ignora a significativa virada operacional e financeira da empresa". "Essa desnecessária transação reduzirá significativamente o valor da dívida da Atvos mantida por seus credores. Foi fechada sem um processo competitivo e sem consulta à administração da Atvos em relação ao desempenho, condição financeira ou perspectivas da empresa. Não entendemos como os demais credores poderiam concordar com tal transação sem um devido processo ou diligência."

    BNDES, BB e Mubadala não quiseram comentar.

    Estadão
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