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China arrasa na inteligência artificial; E o Ocidente?

Mesmo que esse desenvolvimento seja fascinante, ainda há riscos que precisam de nossa atenção

3 out 2022 - 01h00
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Foto: Christian Lue / Unsplash

Enquanto ficamos batendo palmas para tudo o que Elon Musk e Jeff Bezos fazem, os chineses estão revolucionando a tecnologia, especialmente a inteligência artificial. Não, eu não estou aqui para ovacionar um país socialista, com Estado totalitário, centralizador, controlador da atividade econômica e que restringe as liberdades individuais, mas é preciso deixar claro que eles possuem um conhecimento relevante que está sendo ignorado por boa parte do Ocidente, até mesmo pelos norte-americanos. 

Por isso, meu convite a você que está me lendo agora é apenas um: olhe para a China sob uma nova ótica quando o assunto é inovação e empreendedorismo. Tem um um cara que acho muito fera e penso que todos deveriam ler, o Kai-Fu Lee, que é um gênio da inteligência artificial e autor do livro “IA Superpowers”. Mas hoje vou além dessa recomendação de uma pessoa física e conto que a China já estabeleceu metas em inteligência artificial para os anos de 2025 e 2030 e impulsiona iniciativas no país através de startups, colocando muito dinheiro e dando liberdade para criação – ainda que provavelmente passará a controlar tudo lá na frente. 

É por isso que todas as tendências apontam que as maiores transformações de inteligência artificial virão da China, incorporando valores da cultura oriental, com a qual não estamos habituados e da qual tendemos a ter um certo distanciamento. Se você ainda não conhece algumas das marcas mais conhecidas por lá, cito agora as empresas chinesas privadas de mais destaque: o Baidu, que desenvolve a direção autônoma, o Alibaba, com plano para cidades inteligentes, e o Tecent, cuja visão computacional está focada nos diagnósticos médicos.

Daí, pergunto, como você acha que devemos lidar com isso? Ao mesmo tempo em que tudo é fascinante, me parece também bastante perigoso. 

A primeira questão, claro, é avaliar a ética para o uso de dados, matéria-prima de toda inteligência artificial. E nesse quesito, novamente, os chineses se adiantaram e em 2017 criaram o “New Generation Artificial Intelligence Plan” (AIDP), uma espécie de conjunto de leis nacionais para o uso da tecnologia, algo como o marco legal para a inteligência artificial que nós, brasileiros, só aprovamos em 2021. 

A estratégia, resumidamente, também impunha prazos de cinco anos para o desenvolvimento de cada um dos três pilares que eles consideraram mais relevantes ao tema: 1) concorrência internacional, 2) crescimento econômico e 3) governança social. Me parece um plano sólido. Só que, não custa lembrar, o Judiciário chinês não detém a liberdade de democracias como a nossa e, portanto, está sujeito à supervisão e interferência do Legislativo, que no caso deles é o próprio Partido Comunista.

Portanto, reflita comigo. A inteligência artificial é uma tecnologia que pauta comportamentos e promove a chamada “economia do desejo”, fazendo as pessoas desejarem desde produtos e serviços até estilos de vida e valores, certo? E hoje temos o seguinte cenário: uma parte de toda essa tecnologia está nas mãos de poucos bilionários no Ocidente, já o restante, aparece agora nas mãos de um Estado centralizador e totalitário com uma cultura da qual pouco conhecemos. Um paradoxo e tanto, concordam?

(*) Rodrigo Guerra é economista, empreendedor e fundador do Projeto Unbox. Enxerga a inovação como uma responsabilidade social das lideranças, e não como um conjunto de metodologias.

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