China eleva financiamento para África em US$51 bi e promete empregos
O presidente chinês, Xi Jinping, prometeu nesta quinta-feira aumentar o suporte da China à África, com financiamento de quase 51 bilhões de dólares em três anos e afirmou ainda que o país vai dar apoio a mais projetos de infraestrutura e para a criação de pelo menos 1 milhão de empregos no continente.
A China está pronta para intensificar a cooperação com a África nos setores industrial, agrícola, de infraestrutura, comércio e investimento, disse Xi aos delegados de mais de 50 nações africanas reunidos em Pequim para o Fórum trienal da Cúpula de Cooperação China-África.
"A China e a África representam um terço da população mundial. Sem a nossa modernização, não haverá modernização global", disse Xi.
A China, o maior credor bilateral do mundo, prometeu realizar três vezes mais projetos de infraestrutura em toda a África, apesar da nova preferência declarada de Xi por empreendimentos "pequenos e bonitos" baseados na venda de tecnologias avançadas e ecológicas, nas quais as empresas chinesas têm investido pesadamente.
O líder chinês afirmou que Pequim comprometeu-se com 360 bilhões de iuans (50,70 bilhões de dólares) em assistência financeira ao longo de três anos à África, mas especificou que 210 bilhões serão desembolsados por meio de linhas de crédito e pelo menos 70 bilhões virão de novos investimentos de empresas chinesas.
Quantias menores serão fornecidas por meio de ajuda militar e outros projetos.
Na cúpula China-África de 2021 em Dakar, a China prometeu pelo menos 10 bilhões de dólares em investimentos e o mesmo valor novamente em linhas de crédito. Desta vez, a assistência financeira foi em iuans, em um aparente impulso para internacionalizar ainda mais o dinheiro chinês.
Após a cerimônia de abertura, os delegados adotaram a Declaração de Pequim sobre a construção de "um futuro compartilhado na nova era", bem como o Plano de Ação de Pequim para 2025-2027, informou a mídia estatal chinesa.
Xi também pediu uma rede China-África de ligações terrestres e marítimas e um desenvolvimento coordenado, determinando às empreiteiras chinesas a retornarem ao continente depois da interrupção de projetos durante a pandemia.
O presidente chinês não mencionou a dívida da África em seu discurso, apesar de Pequim ser o maior credor bilateral de muitas nações africanas, mas o Plano de Ação incluiu termos para adiamentos de pagamento e pediu a criação de uma agência de recomendação de risco africana.
O Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse na cúpula que o acesso inadequado dos países africanos a mecanismos de alívio de dívida e a pressão causada por escassez de recursos é uma receita para a agitação social.
Os acordos de empréstimo na África variam de país para país. Os países do Golfo, como a Arábia Saudita, vêm depois da China para países como a Etiópia. Outros, como o Quênia, têm muitos credores, inclusive nações europeias. Há também dívidas com órgãos multilaterais, como o Banco Mundial, e detentores de títulos privados.
FUTURO COMPARTILHADO
O fórum traça um programa de três anos para a China e todos os Estados africanos, exceto Essuatíni, que mantém laços com Taiwan.
Além de 30 projetos de conectividade de infraestrutura, Xi disse que a China está pronta para lançar 30 empreendimentos de energia limpa na África, oferecendo-se para cooperar em tecnologia nuclear e enfrentar um déficit de energia que tem atrasados esforços de industrialização.
Mas ele não reiterou a promessa feita no fórum de 2021 de que a China comprará 300 bilhões de dólares em produtos africanos, comprometendo-se apenas a expandir unilateralmente o acesso ao mercado.
Analistas dizem que as regras de Pequim sobre controles sanitários de fábricas são muito rígidas, o que torna a China incapaz de cumprir essa promessa.
No entanto, a África parece estar pronta para receber mais financiamento chinês. No ano passado, a China aprovou empréstimos no valor de 4,61 bilhões de dólares para a África, no primeiro aumento anual desde 2016.
"Estou aqui para ver a melhor forma de promover nosso relacionamento com a China", disse Princess Dugba, ministra da Pesca e dos Recursos Marinhos de Serra Leoa, durante a cúpula.
"A China está nos fornecendo um porto de peixes, que é um dos primeiros do gênero", disse ela.