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Churrasco mais caro: carne é "vilã da inflação" em 2014

IPCA fechou o ano passado com alta de 6,41%, próximo ao teto da meta do Banco Central, de 6,5%

12 jan 2015 - 07h23
(atualizado às 14h51)
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<p>Carne subiu 22,21% em 2014 e foi o item que mais puxou o IPCA</p>
Carne subiu 22,21% em 2014 e foi o item que mais puxou o IPCA
Foto: Nacho Doce / Reuters

Segundo dados do IBGE, 2014 não foi um ano bom para quem gosta de um churrasco. A carne subiu 22,21% sendo o item individual que mais teve impacto sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo instituto na sexta-feira.

Em 2014, a inflação medida pelo IPCA ficou em 6,41% e o impacto da alta da carne nesse índice geral foi de 0,55 ponto percentual.

"Acho que podemos dizer que foi mesmo a inflação do churrasco", diz Samy Dana, economista da Fundação Getúlio Vargas. "A carne foi a grande vilã da inflação em 2014 e a cerveja e o limão, da caipirinha, também subiram."

O limão foi o item que mais subiu em 2014 entre todos os pesquisados pelo IBGE - com alta de 43,15%. Já a cerveja ficou 9,99% mais cara fora de casa e 9,28% mais cara no mercado.

No caso da carne, já era esperado que o aumento acumulado no ano fosse significativo.

Durante a campanha presidencial, o ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda Márcio Holland chegou a sugerir que os brasileiros deveriam comer ovo ou frango para driblar a alta do produto.

"Até por uma questão cultural, a carne no Brasil é sinônimo de fartura. Ter carne para comer com a 'mistura' é sinal que a vida vai bem. Talvez por isso a declaração tenha sido tão polêmica", opina Dana.

E afinal por que os preços da carne estão subindo tanto?

Especialistas atribuem ao menos parte dessa alta a estiagem do ano passado, que teria afetado o ritmo de engorda do rebanho.

"Com o pasto seco em Estados como São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, o abate foi menor, mas a demanda se manteve aquecida ao longo do ano - o que acabou elevando os preços", diz Maurício Palma Nogueira, coordenador de Pecuária da consultoria Agroconsult.

O preço da carne no mercado acompanhou a alta do preço do boi gordo, que subiu mais de 20% em 2014.

Segundo Palma, em anos anteriores a oferta teria sido "inflada" pelo abate de vacas com um baixo índice de produção de bezerros, o que não ocorreu em 2014.

Exportações

Sobre o impacto das exportações no preço interno, não há consenso.

Para alguns economistas, os embarques maiores para o exterior e preços mais altos no mercado internacional ajudaram a impulsionar os valores no mercado doméstico.

Em 2014, as exportações de carne brasileira cresceram 3,3% em volume e 7,7% em faturamento.

"A alta do dólar aumentou a competitividade do produto brasileiro lá fora e o embargo da Rússia a produtos americanos e europeus também abriu a possibilidade de que os brasileiros vendessem mais para esse país", diz Dana.

Os preços internacionais subiram, segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) "em resposta à elevada demanda por proteína animal nos países em desenvolvimento".

"Era de se esperar que, para segurar a carne no mercado interno, os distribuidores nacionais tivessem de pagar um pouco mais pelo produto", diz Dana.

Ao comentar a alta do boi gordo em um relatório recente, a CNA também admitiu que as exportações exerceram "forte influência nesse cenário, visto que reduzem a disponibilidade do produto no mercado".

Já para Nogueira, o impacto dos embarques não é significativo nos preços internos.

"De fato o faturamento das exportações de carne bateu um recorde este ano. Mas em volume essa alta de menos 4% não seria suficiente para afetar o mercado doméstico", diz ele.

Contactada pela BBC, a Associação Brasileira de Exportadores de Carnes (ABIEC), disse, por meio de sua assessoria, que não se pronuncia sobre assuntos relacionados ao preço do produto no mercado interno.

Para 2015, segundo Nogueira a expectativa é que os preços ainda se mantenham altos.

"Os produtores têm estímulos para aumentar a produção, mas para abater um animal são necessários cerca de 32 ou 34 meses, então a oferta de carne no mercado vai demorar um pouco para crescer", diz.

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