Citi e Santander cortam recomendação de Ambev para "neutra" com cenário desafiador à frente
Analistas do Citi e do Santander cortaram recomendações sobre as ações da Ambev para "neutro" enxergando um cenário mais desafiador para a fabricante de bebidas, incluindo componentes macroeconômicos e pressões competitivas.
"Apesar da execução impressionante da empresa nos últimos cinco anos...os desafios estão aumentando", disse o Citi, acrescentando que o desconto atual das ações em relação aos pares globais pode não ser um catalisador suficiente.
"Volumes desacelerando, ganhos modestos em precificação e fatores favoráveis para custos diminuindo devido às tendências de câmbio e commodities se apresentam como ventos contrários", afirmaram Renata Cabral e equipe em relatório a clientes.
Os analistas do banco norte-americano, que também reduziram o preço-alvo da ação de 14,50 para 11,80 reais, ainda apontaram crescentes pressões competitivas no Brasil, impulsionadas pela Heineken e Petrópolis, que restringem o repasse de preços.
A equipe do Santander, por sua vez, que cortou o preço-alvo de 16 para 12 reais, destacou que a inflação de custos deve dar o tom daqui para frente, dados os custos de embalagem e a depreciação do real.
"Estimamos que a perspectiva de custo unitário da empresa para a divisão de cerveja do Brasil, que geralmente é anunciada junto com os resultados do quarto trimestre, aponte para um aumento de 8% ano a ano", afirmou em relatório.
"Além disso, dados recentes de emprego sugerem que a Heineken já começou o comissionamento de uma nova instalação, que a empresa espera que expanda sua capacidade total em cerca 10%", acrescentaram Guilherme Palhares e Laura Hirata.
A Ambev divulgará resultados do quarto trimestre em 26 de fevereiro, antes da abertura do mercado, e a perspectiva é de números mais fracos.
Analistas do BTG Pactual liderados por Thiago Duarte esperam diminuição nos volumes ano a ano, marcando uma reversão da tendência de crescimento consistente observada no ano passado, conforme relatório a clientes nessa semana,
"Embora antecipemos preços médios maiores, eles não parecem suficientes para despertar esperanças de um momento operacional mais forte", acrescentou a equipe do BTG, que também tem recomendação "neutra" para as ações, com preço de 15 reais.
"Nossa perspectiva continua cautelosa, pois um mercado competitivo pode limitar a capacidade da Ambev de comandar o repasse de preços sem arriscar a participação de mercado", afirmaram, citando ainda o efeito negativo de imposto maior.
Na bolsa paulista, por volta de 10h15, as ações da Ambev recuavam 1,69%, a 11,06reais, entre os destaques negativos do Ibovespa, que subia 0,22%. Em 2025, os papéis acumulam uma perda de 5,79% após fechar 2024 com declínio de 9,78%.