Clientes da 23andMe são incentivados a excluir dados da plataforma em meio a preocupações com privacidade
A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, incentivou os clientes da 23andMe nesta terça-feira a protegerem seus dados diante das crescentes preocupações com privacidade, após a empresa de testes genéticos entrar com pedido de recuperação judicial em meio à queda na demanda por seus serviços.
A incerteza em relação ao futuro da empresa e os receios com a potencial gestão de dados por parte de um novo proprietário levaram os usuários a excluir suas contas como forma de proteção de privacidade, com muitos compartilhando instruções detalhadas nas redes sociais.
As ações da 23andMe, que entrou com o pedido de recuperação judicial no domingo, fecharam em queda de 11%, a US$0,65. Na segunda-feira, os papéis caíram 59%.
"Nosso site teve alguns problemas e atrasos devido ao aumento do tráfego ontem. A partir de hoje (terça-feira), esses problemas foram resolvidos. Se alguém tiver algum problema com relação ao acesso à sua conta ou à exclusão de seus dados, pode ir ao nosso site de atendimento ao cliente para obter suporte", disse um porta-voz da 23andMe.
Os testes de DNA da empresa, feitos a partir da coleta de saliva, fornecem informações sobre a ascendência do usuário e se ele tem predisposição genética a determinadas doenças.
A 23andMe já fechou pelo menos 30 acordos com empresas, incluindo a farmacêutica britânica GSK, permitindo às companhias que acessem o seu banco de dados. A maior parte dos contratos permanece confidencial.
"Os dados genéticos não são apenas um pouco de informação pessoal -- são uma planta de todo o seu perfil biológico. Quando uma empresa vai à falência, esses dados pessoais são um ativo a ser vendido com consequências potencialmente de longo alcance", disse Adrianus Warmenhoven, especialista em segurança cibernética da NordVPN.
Com mais de 15 milhões de clientes, o banco de dados genéticos da 23andMe é uma "mina de ouro digital", afirmou Warmenhoven.
A empresa afirma que o processo de recuperação judicial não vai afetar a forma como a empresa armazena, gerencia ou protege os dados dos clientes.
Se a 23andMe mudar de proprietário, seus dados permanecerão protegidos de acordo com a política de privacidade da empresa, "a menos e até que lhe sejam apresentados termos materialmente novos, com aviso prévio apropriado para revisar essas mudanças materiais, conforme exigido por lei", disse o site da empresa.
A lei não deixa claro se um novo comprador precisaria dar aos consumidores a opção de exclusão dos dados, de acordo com I. Glenn Cohen, diretor do centro de pesquisa Petrie-Flom da Faculdade de Direito de Harvard.
"Presumo que os usuários entrarão com ações judiciais contra a empresa para buscar a proteção de todos esses dados... os resultados dessas ações (ainda) não estão claros", disse Robert Klitzman, diretor do programa de mestrado em bioética da Escola de Estudos Profissionais da Universidade de Columbia.
O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, também pediu na sexta-feira aos clientes da 23andMe que excluíssem seus dados genéticos, mencionando a crise financeira da empresa.
