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CNI afirma que enfraquecer o Mercosul é favorecer a China

Indicado a ministro da Economia do novo governo, Paulo Guedes havia dito que o bloco não será uma prioridade; indústria diz que 'o único ganhador' dessa política seria a China, 'que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul'

30 out 2018 - 16h44
(atualizado às 16h50)
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BRASÍLIA - O novo governo do Brasil precisa priorizar e fortalecer o Mercosul, sob pena de favorecer ainda mais as exportações da China. Esse é o alerta feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota divulgada na tarde desta terça-feira, 30.

'Único ganhador é a China, que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul', diz CNI sobre sinalização do novo governo.
'Único ganhador é a China, que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul', diz CNI sobre sinalização do novo governo.
Foto: Divulgação / Estadão

Na noite de domingo, o indicado para ministro da Economia do novo governo, Paulo Guedes, afirmou que o Mercosul não será uma prioridade. Ele também já indicou que reduzirá as tarifas de importação, abrindo o mercado brasileiro.

"Se o governo brasileiro não der prioridade ao Mercosul, ou ainda pior, se reduzir a Tarifa Externa Comum de forma unilateral, o único ganhador é a China, que já vem tomando o mercado brasileiro em toda a América do Sul", diz a nota divulgada pela entidade. "Pequenas e médias empresas, que exportam mais para esses países, serão as mais afetadas."

A CNI lembra que a Constituição Federal estabelece, em seu artigo 4º, os princípios de atuação do Brasil nas relações internacionais. Entre eles, está a integração econômica dos países da América Latina. Em seu discurso após a divulgação do resultado das urnas, Jair Bolsonaro repetiu que obedecerá à Constituição.

A entidade da indústria defende o fortalecimento do Mercosul e o aprofundamento da agenda de integração regional. "O bloco é um complemento do mercado doméstico brasileiro e é o destino de exportação no qual a indústria tem maior participação", diz a nota.

Entre as propostas para a área elaboradas pela CNI e entregues aos presidenciáveis durante a campanha eleitoral, é sugerido que o governo trabalhe em quatro áreas fundamentais: estabilidade macroeconômica; livre circulação e integração intrabloco, com inclusão de açúcar e automóveis no livre mercado; política comercial frente a terceiros e agenda externa de acordos; e o aprimoramento institucional do bloco.

"O Mercosul ficou uma década sem avançar na agenda econômica", diz a CNI. Mas a entidade nota que as negociações foram concretamente retomadas em 2017,com a introdução dos acordos de compras governamentais e facilitação e proteção de investimentos no âmbito do bloco.

Em sua edição desta terça-feira, o Estado traz artigo do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, relatando a retomada da agenda econômica do Mercosul. Na equipe de Bolsonaro, o bloco vem sendo criticado como se nada tivesse acontecido desde o governo de Dilma Rousseff, o que não é verdade.

Também nesta terça, o ex-ministro das Relações Exteriores nos governos do PT Celso Amorim criticou a postura da equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, sobre o Mercosul. Segundo o ex-chanceler, o Brasil faria um 'Brexit' no Mercosul.

A nota da CNI defende as relações do Brasil com os sócios no Mercosul, principalmente a Argentina. "É para onde o Brasil exporta produtos de alto valor agregado e onde possui diversas multinacionais", diz a nota. "Além disso, o setor automotivo brasileiro é integrado em cadeia de valor com o setor automotivo argentino."

Estadão
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