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Cobrança excessiva na política de incentivo no trabalho é tiro no pé

Política de incentivo no trabalho é solução contra tiro no pé promovido pela cobrança excessiva por resultados

21 fev 2023 - 02h00
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Foto: Adobe Stock

Romantizar as jornadas exaustivas de trabalho ou, até mesmo, promover a ideia de que um trabalhador sequer deveria tirar um tempo para o seu descanso, são situações que se tornaram comuns em uma ala dita "motivacional" no meio corporativo. Esse tipo de discurso não apenas é perigoso para um colaborador de qualquer empresa, como também pode ser nocivo até para os interesses de quem o emprega. 

Um gestor que porventura leve essa linha de pensamento a sério demais, com cobranças excessivas e desconsiderando que se trata de uma via de mão dupla, pode não perceber que, no fim das contas, ele mais desmotiva do que engaja quem presta aquele serviço.

Aliás, nos últimos anos, a Síndrome de Burnout – o distúrbio emocional caracterizado pela exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações profissionais desgastantes, leia-se "excesso de trabalho" – também ganhou espaço nas discussões sobre a relação funcionário x empresa. 

Além da improdutividade involuntária, a Síndrome do Esgotamento Profissional, como também é chamada, gera, no mínimo, o afastamento por razões médicas. Por aí, o maior interessado no lucro já começa perdendo.

Responsabilidade jurídica

Outro ponto importante diz respeito à responsabilidade jurídica de quem emprega. Em sua publicação Curso de Direito do Trabalho, de 2020, o doutor e mestre em Direito Carlos Henrique Bezerra Leite ressalta que “a interpretação do art. 2º da CLT conforme a Constituição autoriza a ilação de que o empregador tem o dever de dar adequada e justa função socioambiental à sua atividade econômica”. 

Segundo ele, essa obrigação não surge de pactos ou cláusulas contratuais e advém de condutas danosas praticadas dentro da relação de emprego, implicando o dever de indenizar a parte prejudicada.

Não é exagero, portanto, entendermos a cobrança excessiva por resultados e cumprimento de metas estando mais para um tiro no pé da produtividade – e consequentemente dos lucros de uma empresa – do que o contrário.

Como quase tudo na vida, o equilíbrio se torna viável para os dois lados dessa relação. E não se trata de proporcionar apenas o básico, que vai desde um ambiente harmônico até as boas estruturas e condições de trabalho. 

O estudo Employee Happiness Index de 2019, publicado pela Benify, revelou que os colaboradores mais satisfeitos com os benefícios oferecidos alcançam níveis de engajamento 11,5% maiores que a média e 25,2% superiores em relação aos colegas menos satisfeitos. 

Anteriormente, uma pesquisa de 2015, feita pela Social Market Foundation, intitulada Happiness and productivity, já apontava que os colaboradores que recebem "mimos" apresentam uma performance 20% superior na execução de suas tarefas.

Engajamento e produtividade das equipes

As alternativas para aumentar o engajamento e produtividade das equipes são várias e estão longe de ser um bicho de sete cabeças, sendo, inclusive, mais eficientes hoje em dia. Os softwares mais modernos de empresas especializadas em incentivos flexíveis, baseados no sistema de cumprimento de metas e recompensas, disponibilizam – e buscam entender cada vez mais – o que de fato é importante e de interesse dos colaboradores.

Se, hipoteticamente, a motivação de grande parte de seus colaboradores envolve questões salariais, oferecer incentivos financeiros para que eles cumpram as metas no prazo estipulado se mostra um caminho efetivo. Quando as questões familiares, por exemplo, são os principais aspectos que norteiam determinados indivíduos, por que não oferecer experiências que podem ser usufruídas em conjunto?

Enquanto o incentivo empodera o colaborador para realizar suas atividades, a motivação traz o significado que aquele colaborador tem sobre aquela tarefa. Depende bem mais de questões internas do indivíduo, de sua missão de vida, de ele desejar realizar e deixar de legado ao longo de sua existência, do que de esforços para o já ultrapassado conceito de "vestir a camisa da empresa" de forma propriamente dita.

Somado a isso, temos o fato de que ao acompanhar suas metas, diariamente e de forma organizada em plataformas personalizáveis, cada integrante de cada equipe se sente menos ansioso. Não é mais uma bola de neve de coisas pra fazer. São tarefas e objetivos claros, que auxiliam a organização e o alcance dos objetivos. Esta já uma realidade implantada e bem aproveitada por grandes grupos como Coca-Cola Femsa, iFood, Remax e Wizard, que servem de inspiração para pequenas e médias empresas e futuros empreendedores.

Proporcionar ao trabalhador o mínimo, uma contrapartida, o recompensando por seu trabalho "extra”, é mais motivador – e menos prejudicial – do que a cobrança apenas pela cobrança, ampla e irrestritamente. A simples valorização do indivíduo enquanto ser humano, aliás, já institui uma excelente política de incentivo.

(*) Rodolfo Carvalho é CEO da Incentivar.io, plataforma de incentivos inteligentes.

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