Coletes amarelos: Protestos violentos voltam a ocorrer nas ruas de Paris
Os manifestantes destruíram e saquearam lojas neste sábado, em um ressurgimento dos atos que começaram há quatro meses na França.
Manifestantes destruíram e saquearam lojas em Paris neste sábado em um ressurgimento dos protestos dos "coletes amarelos", que começaram há quatro meses na França.
Uma loja de bolsas de luxo e um restaurante sofisticado na famosa avenida Champs-Élysées também foram vandalizados durante o ato.
A polícia usou canhões de água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Mais de 120 pessoas foram presas.
Os protestos começaram com o aumento dos impostos sobre combustíveis, mas desde então se transformaram em uma revolta mais ampla contra o elitismo da classe dominante francesa.
A polícia diz que cerca de 10 mil pessoas participaram do protesto deste sábado na capital francesa, um aumento significativo em comparação com manifestações semelhantes que ocorreram nas últimas semanas.
Outras 4 mil pessoas foram às ruas em outras regiões do país.
No entanto, dezenas de milhares de pessoas participaram pacificamente de uma marcha separada contra a mudança climática em outro bairro de Paris.
O que ocorreu em Paris?
Manifestantes que participavam do protesto dos "coletes amarelos" jogaram paralelepípedos contra a polícia no memorial de guerra do Arco do Triunfo.
Além do aumento do número de manifestantes neste sábado, houve também um retorno aos níveis de violência que caracterizaram os primeiros protestos.
Fouquet's - um famoso restaurante, popular entre políticos e celebridades - foi vandalizado durante o ato, assim como a loja de moda masculina Boss.
Os manifestantes também atearam fogo à luxuosa loja de bolsas Longchamp.
Barreiras também foram incendiadas nas ruas. Pelo menos um carro foi visto em chamas, além de uma agência bancária.
O banco é localizado no térreo de um edifício residencial, que também foi atingido pelas chamas.
O serviço de bombeiros retirou todos os moradores do local e extinguiu o incêndio. Onze pessoas, incluindo dois bombeiros, sofreram ferimentos leves, disse um porta-voz à agência de notícias AFP.
Como os políticos franceses reagiram?
O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse que mais de 1.400 policiais foram mobilizados para atuar nos protestos.
Castaner disse que deu à polícia uma ordem para responder aos "ataques inaceitáveis com maior firmeza".
Pelo Twitter, ele disse: "Que não há dúvidas: eles estão procurando por violência e estão lá para semear o caos em Paris".
No meio da tarde, 129 pessoas foram presas, informou a AFP.
Em janeiro, o governo ordenou à polícia que reprimisse a violência nos protestos, levando a queixas de brutalidade policial.
"Grande debate" do presidente Macron
O presidente Emmanuel Macron ofereceu concessões aos manifestantes após o movimento varrer a nação - incluindo € 10 bilhões (R$ 43 bilhões) destinados a aumentar a renda dos trabalhadores e pensionistas mais pobres - mas eles não conseguiram impedir o descontentamento.
No mês passado, Macron fez uma caravana pela França, ouvindo prefeitos e cidadãos locais como parte de seu "grand débat" - um grande debate nacional.
Ele também pediu às comunidades que se unissem e apresentassem suas idéias sobre como consertar a França, e até agora promoveu 8.253 reuniões locais.
O movimento dos coletes amarelos tem enfrentado acusações de anti-semitismo nas últimas semanas, depois que um proeminente filósofo judeu, Alain Finkielkraut, foi alvo de insultos em Paris.
Oficiais em Paris intervieram de maneira a formar uma barreira depois que um grupo de indivíduos envolvidos na marcha confrontou Finkielkraut e começou a insultá-lo verbalmente.
O acadêmico de 69 anos disse ao jornal Le Parisien que ouviu pessoas gritando "sujo sionista" e "se jogue no canal".
Poucos dias antes de Finkielkraut ser atacado, dados oficiais sugeriram que houve um aumento de 74% de ataques antissemitas na França em 2018.