Como a Selic mais alta afeta o seu bolso?
Entenda como funciona a nossa taxa básica de juros e como você pode usar a alta da Selic a seu favor
A Selic é a taxa básica de juros da nossa economia e afeta diretamente o nosso bolso, isso acontece porque ela é a maior referência quando o assunto é taxa de empréstimo, financiamento, e também é lastro de alguns tipos de investimentos. Além de tudo isso, ela é comandada pelo Copom, um conselho formado por diretores e pelo presidente do Banco Central do Brasil.
De forma simples, a inflação aumenta por um conjunto diverso de fatores, dentre eles a maior quantidade de dinheiro em circulação. Ou seja, o país pode estar imprimindo mais moeda ou porque as linhas de crédito e financiamento estão mais disponíveis. Quanto mais dinheiro em circulação, maior vai ser o consumo e se a produção não consegue acompanhar a demanda, os preços tendem a aumentar. Quando o Banco Central identifica esse comportamento na economia, tenta controlar a inflação, justamente aumentando a taxa Selic.
Quando essa taxa aumenta, o dinheiro que estava circulando diminui porque a taxa de empréstimo e financiamento ficam mais altas, as pessoas pegam menos dinheiro emprestado e começam a dar uma segurada no consumo. Já quem tinha grana sobrando percebe que é mais vantajoso investir na Selic do que gastar. Percebeu como esse dinheiro já saiu de circulação?
Como isso afeta o meu bolso?
Em junho deste ano, li um artigo no site da Central Única dos Trabalhadores (CUT) falando sobre como os juros impactam a sociedade brasileira, sobretudo as pessoas negras. Esse é mais um dos tentáculos do racismo, o chamado racismo financeiro, que atinge mais pessoas negras quando o assunto é grana.
O texto explicava de um jeito bem didático como a taxa básica de juros (Selic) - a mais alta do mundo - bate direto na população trabalhadora, que fica mais endividada e paga caríssimo por operações financeiras básicas, como usar cartão de crédito ou financiar uma moto, carro, ou imóvel. Até quem precisa do Fies, também paga mais caro.
Um estudo em andamento no Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da faculdade de economia da USP (FEA/USP) a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indica que o desemprego no Brasil também tem TUDO a ver com os juros altos.
O mais recente Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - medidor oficial da inflação - foi de -0,08%. Isso mesmo: inflação negativa, mas nada de a Selic baixar. Resumindo; num país emergente como o nosso, juros altos significa menos poder de compra, pequeno empresário que não vende, e também não contrata e isso impacta os índices de desemprego, já que a maioria dos empregos formais são criados por micro e pequenas empresas.
Além do desemprego, os juros altos aumentam toda a gama de desigualdades sociais, inclusive no prato de comida, que anda bem vazio pra muita gente. Segundo a pesquisa da USP, a cada ponto percentual que a Selic sobe, o desemprego de homens brancos aumenta em 0,1%, e o de homens negros, aumenta 0,32%. Mais que o triplo. De mulheres negras, 0,71%; sete vezes mais. Percebeu que a desigualdade racial, além dos milhares de impactos sociais, ambientais e cognitivos também é financeiro?
Como proteger meu dinheiro do impacto da inflação?
Diante dos últimos acontecimentos e da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus, muitas pessoas, e acredito que você também, tem preferido uma forma mais segura para guardar dinheiro e é aí que entra o Tesouro Selic, um dos títulos da dívida pública brasileira.
Assim como outros títulos disponíveis no Tesouro Direto, o Tesouro Selic é basicamente emprestar dinheiro para o Estado financiar suas atividades comuns: construção de hospitais, escolas, rodovias e em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver os valores corrigidos por uma taxa de juros, ou seja, a Taxa Selic!
O Tesouro Selic possui rendimento diário e preserva o valor investido mesmo em caso de retirada antecipada. Por isso é mais indicado para objetivos de curto prazo e para formar a reserva de emergência.
Por isso, se você consegue ter uma graninha sobrando todo mês, não deixe a inflação comer o poder de compra do seu dinheiro, tire proveito da Selic alta e vá investir em títulos que rendem de acordo com a taxa Selic ou com o CDI outra taxa que acompanha bem de perto a Selic.