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Com crise política, dólar sobe 1% e renova máxima em 11 anos

É o maior nível de fechamento desde 14 de junho de 2004, quando a moeda americana ficou em R$ 3,17

12 mar 2015 - 17h29
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O dólar fechou em alta de cerca de 1 por cento nesta quinta-feira e voltou a renovar as máximas em quase onze anos, em meio às persistentes preocupações com a situação política e econômica do Brasil e à incerteza sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio.

Mulher conta notas de dólar em casa de câmbio em Jacarta. 13/06/2012
Mulher conta notas de dólar em casa de câmbio em Jacarta. 13/06/2012
Foto: Beawiharta / Reuters

Com isso, a moeda norte-americana descolou-se dos mercados externos, onde perdeu força em meio a expectativas menores de que o Federal Reserve comece a elevar os juros já em junho.

O dólar subiu 1,08 por cento, a R$ 3,1615 na venda, após chegar a cair mais de 1 por cento e atingir R$ 3,0764 na mínima da sessão. Trata-se do maior nível de fechamento desde 14 de junho de 2004, quando ficou em R$ 3,170.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,6 bilhão.

"De maneira geral, o dólar está no meio de um processo de mudança de patamar, em uma trajetória de alta firme. Dá para imaginar um alívio pontual, não uma recuperação consistente", explicou o economista-chefe da INVX Global Asset Management, Eduardo Velho.

O movimento contrastou com a queda do dólar nos mercados externos, que refletia a expectativa de que a manutenção de juros mais baixos nos EUA sustente a atratividade de papéis de outros países. Essa perspectiva ganhou mais força nesta manhã após dados fracos sobre as vendas no varejo norte-americano.

Globalmente, "o dólar está se enfraquecendo hoje enquanto agentes do mercado consideram o risco de que a força recente do dólar desacelere o ritmo das altas de juros (nos EUA)", escreveram os analistas do Scotiabank Eric Theoret e Camilla Sutton em nota a clientes.

Mas investidores continuaram apreensivos no mercado brasileiro, em meio a temores de que a resistência política à presidente Dilma Rousseff dificulte ainda mais o ajuste fiscal. Dúvidas sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio, marcado para durar até pelo menos o fim deste mês, também sustentaram as preocupações.

Banco Central

Na véspera, a incerteza sobre a atuação do BC ganhou mais corpo após o Tesouro aceitar, em leilão de troca de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-Bs, títulos corrigidos pela inflação oficial), ofertas de Notas do Tesouro Nacional - Série A3 (papéis indexados à variação cambial).

A operação ajudou a elevar o dólar na sessão passada, uma vez que os investidores que detinham esses papéis foram ao mercado para cobrir sua exposição. Além disso, o leilão deu força à percepção de que o governo entende que o dólar não deve parar de subir tão cedo.

"Se o governo achar que o dólar pode subir mais, é melhor pagar a variação cambial de agora do que a que pode vir", explicou o operador de papéis de uma corretora nacional. Essa percepção, por sua vez, reforçou as expectativas de que o BC pode não estender seu programa de intervenções diárias.

"Antes, você tinha o BC segurando o câmbio aos trancos e barrancos. Agora, indicou que vai deixar o dólar ir aonde for necessário pra equilibar a economia", acrescentou.

O BC vendeu a oferta total de swaps cambiais pelo leilão diário desta manhã, colocando o equivalente a 98 milhões de dólares no mercado. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 600 para 1º de março de 2016.

A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 32 por cento do lote total, que corresponde a 9,964 bilhões de dólares.

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