Com disparada do dólar, BC pode adotar postura mais agressiva e subir juros na próxima reunião do Copom
Moeda norte-americana abriu pregão desta segunda-feira em forte alta e chegou a ser cotado a R$ 5,85
O Comitê de Política Monetária, do Banco Central (Copom), manteve na última semana a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano. No entanto, dado o cenário atual de recorrente aumento do dólar, é provável que na próxima reunião o colegiado considere fazer um aumento da Selic. Isso é o que avaliam especialistas do mercado financeiro.
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Nesta segunda-feira, 5, o dólar abriu em forte alta e chegou a ser cotado a R$ 5,85, em meio ao estresse dos índices de Bolsas globais com o temor de recessão da economia dos Estados Unidos. Na sexta-feira, 2, a moeda norte-americana encerrou o dia cotado a R$ 5,71.
“O Copom pode optar por aumentar a Selic na próxima reunião para conter a inflação, que pode ser pressionada pela alta dos custos de importação. Se o Copom decidir manter a Selic como está, o país pode enfrentar uma inflação mais alta e um mercado cambial instável", diz Felipe Vasconcellos, Sócio da Equss Capital.
O Copom fará sua próxima reunião nos dias 17 e 18 de setembro de 2024 para discutir os rumos da taxa Selic e a situação econômica do Brasil. "A desvalorização do câmbio e a piora nas expectativas de inflação pressionam o Banco Central a adotar uma postura mais agressiva", afirma André Colares, CEO da Smart House Investments.
Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, pondera que embora o comunicado recente tenha sido mais duro, não sinalizou explicitamente uma alta iminente. No entanto, dados os riscos fiscais e a desvalorização do real, “um aumento na Selic poderia ser uma medida preventiva para conter a inflação e estabilizar a moeda".
Previsão para inflação
Analistas consultados pelo Banco Central elevaram novamente suas projeções para a alta da inflação neste ano e no próximo, assim como subiram sua expectativa para a Selic ao fim de 2025, de acordo com a mais recente pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 5.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que agora a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ao final de 2024 é de alta de 4,12%, ante previsão de avanço de 4,10% na semana anterior. No próximo ano, o índice é visto em alta de 3,98%, de 3,96% anteriormente.
O centro da meta oficial para a inflação para este ano e o próximo é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.