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Com retração econômica, contas externas do Brasil têm em 2020 menor déficit em 13 anos

27 jan 2021 - 10h04
(atualizado às 13h18)
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Com a demanda doméstica por bens e serviços importados abalada em ano marcado pela pandemia do coronavírus, o Brasil fechou 2020 com déficit em suas transações correntes de 12,517 bilhões de dólares, acima do projetado pelo Banco Central, mas ainda assim o menor rombo desde 2007.

Notas de dólares
REUTERS/Marcelo Del Pozo
Notas de dólares REUTERS/Marcelo Del Pozo
Foto: Reuters

Por outro lado, também refletindo a forte retração econômica doméstica e global, os investimentos estrangeiros diretos no país despencaram mais de 50% sobre 2019, somando 34,167 bilhões de dólares --menor ingresso desde 2009.

Dados divulgados nesta quarta-feira pelo BC mostram que o rombo externo do ano, que correspondeu a 0,87% do PIB, caiu 75% sobre 2019. A queda foi puxada por uma redução dos déficits na conta de serviços (-43%) e no volume de lucros remetidos ao exterior por empresas (-46%). Também contribuiu para a melhora do saldo um crescimento de 1% do superávit comercial, refletindo queda das importações superior à retração vista nas exportações.

"A razão econômica para isso é evidente para todos, a pandemia global de coronavírus causou uma recessão no país", disse o diretor do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, ao comentar os dados.

Apenas as despesas dos brasileiros com viagens internacionais caíram 12,2 bilhões de dólares em 2020, prejudicadas também pelo câmbio desvalorizado, e somaram 5,4 bilhões de dólares.

O BC previa déficit em transações correntes de 7 bilhões de dólares para o ano. Para 2021, quando a expectativa é de crescimento do PIB, a estimativa da autarquia é que o rombo externo aumente, chegando a 19 bilhões de dólares.

INVESTIMENTOS

Se os investimentos estrangeiros diretos no país caíram de forma expressiva no ano da pandemia, o impacto sobre os investimentos brasileiros no exterior foi ainda maior. Em 2020, esses fluxos líquidos foram negativos em 16,419 bilhões de dólares, representando um desinvestimento.

O dado se compara a um investimento líquido de 22,8 bilhões de dólares em 2019.

Segundo Rocha, do total de 20,2 bilhões de dólares que regressaram ao Brasil em investimentos, cerca de 75% foram do setor financeiro, em movimento que ele associou às mudanças nas regras tributárias do "overhedge", que entraram em vigor neste ano, reduzindo o volume de proteção que as instituições precisam manter para fazer frente a sua exposição cambial.

"Com a mudança regulatória, as instituições acharam que o seu perfil de negócios, de investimento, poderia ser outro", disse Rocha. "Esse valor que retorna pode representar um ingresso no mercado de câmbio ou pode ser neutralizado se a instituição casar os seus fluxos com algum outro."

No ano, 8,499 bilhões de dólares em investimento em carteira deixaram o país. Em 2019, a saída havia sido de 6,693 bilhões de dólares.

DEZEMBRO

No último mês de 2020, o país registrou o primeiro déficit em transações correntes após oito meses seguidos de superávit, de 5,393 bilhões de dólares.

O dado foi afetado por uma operação programada de nacionalização de plataformas de petróleo, em adequação a mudanças no programa Repetro, que dá benefícios tributários ao setor de petróleo e gás. Essa nacionalização, computada como uma importação, foi no valor de 5,1 bilhões de dólares em dezembro.

O resultado do mês veio melhor que o déficit de 5,7 bilhões de dólares esperado por analistas em pesquisa da Reuters.

Por sua vez, os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram 739 milhões de dólares no mês, bem abaixo da expectativa do mercado, de 3 bilhões de dólares.

Para o mês de janeiro, o BC projetou déficit em transações correntes de 8 bilhões de dólares e IDP de 2,8 bilhões de dólares. Até o dia 22 deste mês, o fluxo cambial ficou positivo em 3,367 bilhões de dólares, disse ainda o BC.

(Com reportagem adicional de Camila Moreira)

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