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Com urna eletrônica, Positivo quer deixar de ser 'refém' do varejo de PCs

Além de vencer sua segunda licitação seguida no TSE, fabricante de equipamentos eletrônicos tem ampliado acordos para distribuir produtos de outras marcas no Brasil

24 jan 2022 - 05h10
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A popularização do trabalho remoto na pandemia impulsionou o mercado de computadores no Brasil, levando a um aumento de 34,9% em 2021, segundo estimativa da consultoria americana IDC. Nesse cenário, a curitibana Positivo Tecnologia viu seus negócios atingirem um novo patamar, com as vendas crescendo 81,6% de janeiro a setembro do ano passado, período em que sua receita em vendas ao consumidor atingiu R$ 1,5 bilhão. Mesmo assim, a empresa decidiu buscar proteção contra as variações do varejo, com contratos com o poder público.

Isso por causa da volatilidade do varejo. Para 2022, a IDC prevê uma queda de 2,6% nas vendas ao consumidor. Para se ver livre dessa forte flutuação, a fabricante conquistou dois acordos de fabricação de urnas eletrônicas para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Após vencer concorrentes em disputa similar em 2020, com oferta de R$ 800 milhões, a Positivo foi a vencedora e a única participante da licitação do TSE no ano passado. Só com esses acordos, a empresa, que faturava R$ 1,9 bilhão em 2019, garantiu um contrato de R$ 2 bilhões.

Segundo o TSE, a proposta foi acolhida no fim de 2021 devido ao atual cenário de crise mundial de falta de insumos eletrônicos. De janeiro a setembro do ano passado, a área de vendas para o governo da Positivo teve receita de R$ 761 milhões, valor que representa um salto de 122% na comparação anual e supera um quarto do faturamento total da companhia (R$ 2,7 bilhões). Conforme os pedidos do TSE forem entregues, essa fatia tende a aumentar nos próximos trimestres.

Acordos

Além de produtos para o governo, a empresa também diversifica produtos ao consumidor e faz alianças internacionais. Itens para a internet das coisas, celulares da asiática Infinix e notebooks das marcas Vaio e Compaq são fabricados e vendidos pela companhia brasileira.

Para o segmento corporativo, a aposta é no aluguel de computadores e nas máquinas de pagamento com o sistema operacional Android, usado em celulares. Em outubro, a fintech Stone fechou um acordo de fornecimento de terminais de pagamento com a companhia, após o fim de um acordo de exclusividade de cinco anos com a Cielo.

"Estamos colhendo os frutos de um plano de diversificação nos negócios, criado em 2017, que não depende de um único setor. Conseguimos crescer onde precisarmos e não crescer tanto em outras áreas, conforme o mercado", afirma Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia desde a sua criação, em 1989.

Para Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa da IDC Brasil, o segmento de PCs estava em uma fase de estabilidade ou retração até o início da pandemia. "O mercado de PCs é bastante maduro. Não havia nenhuma grande tendência de alta desse mercado de 2018 a 2023", afirma. Com a boa fase nos negócios, a Positivo Tecnologia passou a chamar a atenção de investidores. Com isso, a companhia ingressou neste mês para a "primeira divisão" da B3 - o índice Ibovespa.

Segundo Bernardo Guttman, analista de tecnologia, mídia e telecomunicações da XP Investimentos, a Positivo está barata na Bolsa e tem uma oferta ampla de produtos para o varejo. Fora isso, a vitória na segunda licitação seguida de urnas eletrônicas indica que a empresa tem chances de transformar uma receita pontual em recorrente. "Nem tudo são flores. A companhia está muito exposta ao dólar e a uma eventual deterioração do varejo, caso o cenário macroeconômico afete as compras", diz.

Estadão
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