Com varejo fraco nos EUA, dólar cai e fecha a R$ 2,62
"Temos as incertezas com o Fed de um lado, e as incertezas com o petróleo no outro", disse Marcos Trabbold, operador de câmbio da corretora B&T
O dólar fechou em queda e voltou a R$ 2,62 nesta quarta-feira, após números fracos sobre o varejo nos Estados Unidos reforçarem a perspectiva de que o Federal Reserve, banco central americano, será "paciente" para elevar os juros.
O câmbio também foi guiado pelos preços do petróleo, que tiveram um dia marcado por volatilidade.
A moeda dos EUA caiu 0,59%, a R$ 2,6213 na venda, após atingir R$ 2,6007 na mínima da sessão. Trata-se do nível mais baixo de fechamento desde 10 de dezembro passado, quando a divisa foi a R$ 2,6125.
Os dados da BM&F ainda apontam que o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão (aproximadamente R$ 3,4 bilhões).
"O mercado está sensível à questão do Fed e a surpresa com as vendas no varejo (nos EUA) dá argumentos para quem acredita que os juros ainda vão demorar para subir lá", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
As vendas no varejo nos EUA recuaram 0,9% em dezembro, contra expectativas de queda de 0,1%. Após a divulgação do indicador, o dólar ampliou a queda frente ao euro. A manutenção dos juros americanos nos atuais patamares, quase zerados, manteria a atratividade de ativos que pagam juros maiores, como os brasileiros.
Pesquisa da Reuters realizada na semana passada, após a divulgação de dados mistos sobre o mercado de trabalho do país, mostrou que economistas dos maiores bancos de Wall Street mantinham a visão de que o Fed elevará os juros em junho próximo.
"Temos as incertezas com o Fed de um lado, e as incertezas com o petróleo no outro. Parece que hoje, o alívio em relação ao Fed acabou sendo o elemento predominante", disse Marcos Trabbold, operador de câmbio da corretora B&T.
Renovadas preocupações com a economia global, após o Banco Mundial reduzir suas estimativas de crescimento para este ano e o próximo, chegaram a levar os preços do petróleo a cair mais de 1%, em uma sessão volátil, com a commodity entrando em campo positivo no fim da tarde.
Um olho no dólar e outro no petróleo
A queda do petróleo, sintoma de excesso de oferta e demanda fraca, vem deixando investidores avessos a ativos que oferecem maior risco. No Brasil, parte dessas preocupações vem sendo compensada pelo otimismo cauteloso sobre a política fiscal.
Os mercados vêm recebendo bem as medidas anunciadas pela nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff para recuperar a credibilidade fiscal do país, mas ainda havia incertezas sobre a meta de superávit primário definida para este ano, equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
"A questão fiscal vai ser o centro do debate até que o mercado saiba exatamente o que o governo vai fazer para cumprir essa meta", afirmou o operador de câmbio de uma corretora internacional.
Nesta manhã, o Banco Central continuou com suas intervenções diárias no câmbio, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram 1,25 mil contratos para 1º de setembro e 750 para 1º de dezembro, com volume correspondente a US$ 98,6 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de fevereiro, equivalentes a US$ 10,405 bilhões.
Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 42% do lote total.