Comércio eletrônico perde fôlego, com juros altos e diminuição da pandemia
No terceiro trimestre, vendas do setor recuaram 10,3%; Via, Americanas e Magalu, as maiores varejistas, registraram prejuízo
Os juros altos e o arrefecimento da pandemia provocam alguns estragos no comércio eletrônico. Segundo dados da empresa de dados Neotrust, o e-commerce brasileiro teve uma queda de 10,5% nas vendas no terceiro trimestre de 2022. O resultado pode ser visto no balanço das maiores varejistas do comércio eletrônico. Via, Americanas e Magalu fecharam o terceiro trimestre com prejuízo.
"Há uma combinação no terceiro trimestre que é a desalavancagem operacional (vendas fracas) e o custo de taxa Selic no patamar em que está. Essa é uma combinação com a qual é difícil gerar rentabilidade", afirmou Roberto Fulcherberguer, CEO da Via (dona da Casas Bahia e do Ponto), ao Estadão/Broadcast. A Via apresentou prejuízo líquido contábil de R$ 203 milhões no trimestre. O número é 68% menor do que no mesmo período de 2021.
A Americanas S/A teve prejuízo líquido de R$ 212 milhões no terceiro trimestre - um ano antes, havia lucrado R$ 241 milhões.
No caso do Magazine Luiza, apesar do prejuízo de R$ 166,8 milhões no trimestre (revertendo um lucro de R$ 143,5 milhões no mesmo período de 2021), as vendas do comércio eletrônico tiveram uma leve alta, de 2,6%, chegando a R$ 10,3 bilhões.
A alta modesta, em tempos de queda no setor, virou comemoração. "Ganhamos mercado aumentando a rentabilidade ao mesmo tempo. Geralmente é fácil subir margens perdendo mercado, mas conseguimos as duas coisas ao mesmo tempo", disse Roberto Belíssimo, diretor financeiro do Magazine Luiza.
Em relação ao prejuízo, Belissimo destacou exatamente o impacto dos juros. "Crescemos em vendas, margem bruta e margem Ebitda. A principal diferença para a última linha está na despesa financeira, porque o CDI saiu praticamente de 2% para 14%. Isso é temporário", disse.
Copa do Mundo
Em geral, as empresas estão mais otimistas para o último trimestre do ano, apesar de a gestão da Americanas ter afirmado que a demanda por bens duráveis segue em patamares parecidos com o que foi visto no terceiro trimestre. Via e Magazine Luiza apostam pesado na venda de TVs com promoções no combo Copa do Mundo, Black Friday e Natal. "Se eu pudesse escolher, teria a Copa do Mundo no meio do ano e Black e Natal agora, mas o importante é que estamos bem preparados para essa combinação de datas. Está sendo um sucesso", disse Fulcherberguer.