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Comissão aprova relatório da LDO sem mudança de meta; revisão tem de partir do governo, diz relator

Relator Danilo Forte defende que líder do governo ou do PT apresente emenda se quiser alterar meta de déficit zero para que Congresso não leve o 'ônus' da disputa sobre o tema

7 nov 2023 - 17h55
(atualizado às 19h01)
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Danilo Forte evitou entrar na disputa interna do governo sobre manter a meta de zerar o déficit fiscal em 2024 ou não
Danilo Forte evitou entrar na disputa interna do governo sobre manter a meta de zerar o déficit fiscal em 2024 ou não
Foto: VINICIUS LOURES / AGENCIA CAMARA / Estadão

O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Danilo Forte (União Brasil-CE), afirmou nesta terça-feira, 7, que a eventual revisão da meta fiscal de 2024 tem que partir do governo.

Segundo o deputado, se o Executivo quiser que o objetivo de zerar o déficit das contas públicas ano que vem seja alterado no relatório final da LDO, seria "mais confortável" que a emenda fosse apresentada por um líder do governo ou do PT, para não levar ao Congresso o "ônus" da disputa em torno da meta.

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso aprovou nesta terça o relatório preliminar da LDO com a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024. Esse objetivo foi definido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas é questionado pela ala política do governo e foi colocado em dúvida pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a aprovação do parecer preliminar, o governo fica impedido de enviar uma mensagem modificativa com alteração da meta na LDO.

No entanto, ainda há duas alternativas para mudança no objetivo fiscal este ano, como antecipou o Estadão: um parlamentar da base aliada pode apresentar uma emenda ao relatório final de Danilo Forte ou o Palácio do Planalto pode fazer um acordo amplo com o Congresso para que o próprio relator mude a meta em seu parecer, que deve ser votado na semana do dia 20. A partir de agora, há um prazo de dez dias para apresentação de emendas.

"A iniciativa de revisão da meta tem que partir do governo, porque isso é papel do Poder Executivo. É o Poder Executivo que faz o acompanhamento fiscal do País, que tem a capacidade de acompanhar os desembolsos financeiros e a receita do País", disse Forte.

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"É mais confortável para nós debatermos se essa emenda for apresentada por um deputado ou senador próximo ao governo, ou o líder do governo ou o líder do PT, porque a responsabilidade ficaria mais identificada, da preocupação do governo com essa questão, para não trazer o ônus dessa disputa para o Congresso Nacional", emendou.

Esse recado foi passado por Forte ao governo durante uma reunião, no Palácio do Planalto, na semana passada, com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Simone Tebet (Planejamento) e com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.

Haddad quer que o governo espere pelo menos até março, quando sai o primeiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do governo, para decidir sobre eventual mudança na meta. Caso o Planalto resolva mudar a meta apenas no próximo ano, isso pode ser feito por meio do envio de um PLN ao Legislativo.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também sinalizou hoje que o governo terá dificuldade em terceirizar ao Congresso a mudança da meta. O deputado alagoano afirmou, em conversa com um grupo de jornalistas econômicos, que está ajudando "para caramba" Haddad a cumprir o objetivo de zerar o déficit das contas públicas em 2024.

"As matérias de hoje já dizem que o governo não vai mandar (mensagem modificativa para mudar a meta). Então, quem vai modificar? É difícil. Eles vão terceirizar? Minha posição é muito clara: temos que cuidar do que aprovamos", declarou Lira. Caso o Planalto resolva mudar a meta apenas no ano que vem, isso pode ser feito por meio do envio de um PLN ao Legislativo.

A meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024 foi apresentada por Haddad no começo do ano, junto com o novo arcabouço fiscal, que substitui o antigo teto de gastos, com regras mais flexíveis para as despesas. A ala política do governo e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, contudo, foram contra o objetivo de déficit zero por entenderem que o aperto fiscal pode comprometer o crescimento econômico.

O ministro da Fazenda vinha resistindo ao "fogo amigo" e tem focado em aprovar medidas no Congresso que elevem a arrecadação, mas, após declarações de Lula, voltaram a aumentar as pressões pela mudança da meta.

Lula disse, em café com jornalistas no último dia 27, que "dificilmente" o governo conseguirá zerar o déficit fiscal em 2024 e declarou que não quer fazer cortes em investimentos para cumprir a meta.

"Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai fazer. O que posso dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse País", afirmou o petista.

Estadão
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