Como a regulamentação do Open vai mudar de vez o mercado
Pix internacional, combate à lavagem de dinheiro e fim da inadimplência: como o movimento Open está mudando o jogo
Os negócios abertos, ou Open Business, chegaram para trazer mais flexibilidade e transparência às empresas e aos consumidores, e são uma tendência não só no Brasil como em todo o mundo. E uma parte importante no funcionamento deste cenário são as APIs e como são utilizadas pelo mercado.
“As APIs atuam ao definir os protocolos de aplicações de software, permitindo uma conexão eficiente entre as soluções e os serviços do Open Business” explica Alexandre Gomes, diretor executivo da Sensedia.
Popularizado rapidamente no Brasil, um dos mercados-chave de Open Finance no mundo, esse ecossistema está em ascensão não somente em território brasileiro. De acordo com o Open Finance Index, o país atingiu 5 milhões de contas conectadas menos de um ano após a primeira implantação. O Reino Unido, por exemplo, levou cinco anos para chegar neste número.
Já nos Estados Unidos, há 42 milhões de contas conectadas, e isso porque a região foi pioneira no uso de APIs, tendo a indústria local migrado para as APIs antes ainda da existência de regulações. Mas na América Latina, o México está se destacando ao construir seu mercado com a lei de fintechs, enquanto Colômbia, Chile e Argentina ainda estão no início da jornada.
Explicando a interoperabilidade
Ainda há muito a ser explorado neste ecossistema: um desses desdobramentos é a chamada interoperabilidade, que é a capacidade de diferentes sistemas e organizações compartilharem informações de maneira eficiente, mas sempre com o consentimento do usuário/consumidor. “Uma abordagem baseada em APIs é a chave para facilitar a comunicação entre diversos sistemas. O Brasil está no nível 1.0 de interoperabilidade, enquanto outras regiões ainda estão pavimentando a estrada de troca de dados”, explica Gomes.
Esclarecendo os termos
• Interoperabilidade 1.0
As empresas de um mesmo setor podem compartilhar dados entre si, mas é necessária uma regulação própria. Um dos exemplos é o Open Banking no Brasil, que conta com regras criadas pelo Banco Central e padrões de integração baseados em APIs.
• Interoperabilidade 2.0
Nessa fase há o compartilhamento de dados, e outros tipos de informações de um consumidor, entre empresas de setores diferentes. Por exemplo, informações sobre hábitos de pagamento de telefonia são suficientes para o banco calcular a capacidade de crédito do consumidor, permitindo cálculos de risco e compartilhando este perfil com empresas de outros setores.
• Interoperabilidade 3.0
Essa fase acontecerá quando companhias de um mesmo setor, mas de países diferentes, compartilharem dados sobre um mesmo indivíduo. Isso facilitará o acesso dos consumidores às linhas de crédito e serviços, garantindo uma jornada de compra segmentada e mais assertiva fora de seu país de origem. Além disso, as empresas poderão expandir seus negócios para outros mercados com elevados níveis de segurança, em relação a fatores como inadimplência, por exemplo.
Mas como isso funciona?
Para alcançar este patamar, é necessário criar um ecossistema novo e uma regulação entre dois ou mais setores. Do ponto de vista tecnológico, já há avanços com as APIs atuando no compartilhamento dessas informações. Porém, é necessário que todos os setores envolvidos estejam em uma fase madura de interoperabilidade 1.0 para garantir um intercâmbio de dados seguro e regulamentado.
Além disso, para tirar essas ideias do papel, acordos entre dois ou mais países devem acontecer. Para que a interoperabilidade 3.0 (transações entre países) ou um Pix internacional seja possível, conforme o BC afirma que acontecerá em breve, é essencial ter um contexto maduro de interoperabilidade 1.0 em cada um dos lados da transação.
Isso possibilitaria muito mais do que transações instantâneas como um Pix entre pessoas de países diferentes, permitindo também que alguém se mudando para o exterior possa levar seu histórico reconhecido e oficial de bom pagador para começar a vida nova por lá.
Atualmente, já existe uma troca inicial de informações entre bancos de países diferentes, mas ela se resume a ações sobre envio e retirada de dinheiro. No entanto, a interoperabilidade 3.0 é uma tendência e será muito mais segura, evitando lavagem de dinheiro, além de possibilitar vantagens de proteção contra inadimplência e escalabilidade das operações.
“O modo de fazer negócios entre companhias vai extrapolar as barreiras de países, mantendo a economia girando em diversas frentes e fortalecendo a oferta de soluções e produtos. O trunfo vai ser oferecer uma jornada personalizada e segura para os consumidores, independente de sua localização”, conclui o executivo da Sensedia.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.