Como enfrentar a falta de interesse das novas gerações na liderança
Diferentes pesquisas trazem à tona uma característica: a falta de ambição em crescimento profissional
A porcentagem de jovens que não visualizam a liderança como um objetivo de carreira tem crescido nos últimos anos devido à percepção de que ela compromete o equilíbrio entre vida pessoal e profissional criado pós-pandêmico. Para Roberto Vilela, a retenção de talentos deve ter ênfase na cultura organizacional e preparação de líderes.
A porcentagem de jovens que não visualizam a liderança como um objetivo de carreira dentro das organizações tem crescido ao longo dos anos e a expectativa é de que continue nesse ritmo. Essa tendência pode ser atribuída a uma variedade de fatores, incluindo a percepção de que as responsabilidades e pressões associadas aos cargos de gerência e gestão podem comprometer o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, o que ganhou força ao redor do mundo pós-pandêmico e diante das novas possibilidades profissionais que surgiram.
Para o consultor empresarial e estrategista de negócios Roberto Vilela, empresas e as próprias lideranças têm papel importante na mudança, ou pelo menos na melhor adaptação a essa nova realidade. Segundo ele, o ambiente organizacional faz muita diferença na retenção de talentos, assim como saber identificá-los e prepará-los através de treinamentos e mentorias, por exemplo, para os postos de comando.
“A liderança é um cargo que carrega muitas expectativas e isso pode assustar. Por isso é importante saber identificar quem realmente tem perfil, preparar e reter esses talentos. E para isso, a cultura organizacional da empresa é um fator primordial, porque o colaborador precisa conseguir identificar que ele é visto, respeitado e faz parte da organização, além disso a forma como enxerga a sua liderança também influencia nas suas perspectivas”, pontua o consultor.
“Se quem está entre ele e os gestores (média gestão) parece descontente, sobrecarregado e não consegue desenvolver uma boa relação com seus liderados, é mais provável que esse profissional não vislumbre estar no lugar dessa pessoa ou mesmo no do CEO”, complementa.
Tecnologia não combina com liderança?
De acordo com uma pesquisa recente da plataforma de entrevista de líderes, CoderPad, 36% dos profissionais de tecnologia não querem assumir uma função de liderança. Esse dado reflete o mercado de trabalho de forma geral, ao analisar outras pesquisas. Entre a posição mais elevada ou um cargo com menos responsabilidades, as gerações de pessoas com menos de 40 anos estão preferindo mais a segunda opção, em comparação a seus pais e avós.
“Quem fica nos cargos de lideranças de equipes geralmente recebe uma carga maior de responsabilidades e crises a gerenciar, além de manter todos alinhados na busca de resultados. Essa pessoa precisa estar próxima e inspirar seu time ao mesmo tempo em que tem que cumprir as expectativas de quem está acima dela. Mas, isso não precisa ser estressante a ponto de esgotar esse profissional”, afirma Vilela.
Ainda segundo ele, muitos líderes, seja de média ou alta gestão, por vezes acabam desempenhando papéis que não são seus, por não saber distribuir as funções, ou mesmo porque não existe uma cultura organizacional bem definida dentro da empresa. O acúmulo de responsabilidades e tarefas rotineiras pode às vezes tirar o foco da missão principal que é liderar.
Para serem mais atrativas, as organizações precisam estar atentas às mudanças que já estão em curso e apostar cada vez mais na inspiração e preparação de times de líderes, além da construção de um ambiente organizado e saudável. Afinal, as “novas” gerações já dominam o mercado (27% da força de trabalho será composta pela geração Z até 2025, segundo o Fórum Econômico Mundial) e são elas que estarão à frente de empresas e equipes daqui para frente.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.