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Como fica o euro após a eventual saída da Grécia?

País representa menos de 2% do PIB do bloco; economistas divergem sobre se BCE vai proteger economias menores ou o bloco será reduzido

1 jul 2015 - 05h56
(atualizado às 11h09)
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Após deixar de pagar uma parcela de 1,6 bilhão de euros de um empréstimo concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o futuro da Grécia na zona do euro depende do referendo previsto para domingo.

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A perspectiva de sair da União Europeia preocupa não apenas a Grécia como outros países do bloco.

Os gregos poderiam encarar experiências semelhantes vividas por Argentina e Islândia, que também enfrentaram um calote e uma acentuada desvalorização monetária.

Mas o destino da zona do euro é mais complexo e incerto.

Foto: Divulgação/BBC Brasil

Como a Grécia representa menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco, sua saída não teria um impacto imediato.

A maioria dos economistas espera que o Banco Central Europeu (BCE) tome medidas para evitar que a especulação financeira abale as economias mais fragilizadas da zona do euro. Mas e depois disso?

Alguns acreditam que a crise fará com que os 19 países que usam o euro se unam ainda mais. Outros dizem o oposto: os mercados derrubarão os países mais frágeis um a um e no final sobrará um bloco reduzido de peso bem menor.

Reunimos as opiniões de quatro economistas e analistas sobre como seria o futuro do euro sem a Grécia.

Anders Borg, presidente da Iniciativa de Sistema Financeiro Global do Fórum Econômico Mundial e ex-ministro da Fazenda da Suécia

Borg acredita que o impacto na zona do euro será limitado. "A saída da Grécia teria um impacto negativo na economia do euro, mas não muito grande, talvez reduzindo seu crescimento entre 0,2% a 0,4%, mas nada perto do efeito que vimos em 2008 e 2010."

"Se você olha como os mercados de ações foram afetados, não foi tão ruim assim. A exposição individual de bancos tem sido limitada e, apesar de muitas instituições públicas estarem ligadas à dívida grega, não há quaisquer problemas de liquidez ou solvência.

"É importante vermos políticas apropriadas sendo postas em prática pelo BCE. Ele precisa fazer o que está fazendo agora - intervenções mensais no mercado, claramente sinalizando que fará o que for necessário para manter o euro, o que inclui até mesmo aumentar no curto prazo a quantidade de dinheiro que está injetando na economia."

Stefanos Manos, ex-ministro da Fazenda da Grécia

"Não acho que terá consequências graves para o euro, e acredito que as instituições europeias se protegeram de tudo que poderia prejudicá-las por uma eventual saída da Grécia. O euro pode estar um pouco frágil, mas isso não o afetaria tão negativamente assim.

"Mas pode assustar as pessoas na Europa e levá-las a se esforçarem mais para criar uma união mais forte. Além da unificação bancária, é preciso uma unificação fiscal. A saída da Grécia poderia ser um bom motivo para acelerar o processo.

Manos afirma que o futuro da Grécia fora da zona do euro não encorajaria outros a seguir os gregos - na verdade, geraria o efeito contrário. "Seríamos um exemplo do que evitar."

John Ryan, professor da London School of Economics

Ryan diz que haverá danos ao euro no curto prazo, mas que eles serão controláveis. Mas ele acredita que, depois, podem surgir problemas mais sérios.

"Os efeitos poderiam ser graduais em vez de imediatos. O BCE pode conter o 'sangramento' inicial, apoiando os mercados. Mas depois a resiliência das economias periféricas será testada."

Ele não tem muita fé de que o sistema bancário europeu suportará o impacto da saída da Grécia. "Foram feitos testes de estresse, mas alguns bancos não participaram ou foram reprovados. Não estou convencido de que eles sejam tão fortes quanto deveriam.

Ryan também duvida de uma possível unificação maior dos países-membros. "A verdade é que, no fim das contas, eles estão se dando conta que não há uma disposição de fazer o que é necessário para criar uma verdadeira união monetária, com uma união fiscal e de transferências financeiras - para transferir dinheiro dos países ricos para os pobres - algo que não tem qualquer apoio na Alemanha."

Vicky Pryce, ex-diretora do Serviço Econômico do governo do Reino Unido

Vicky Pryce diz que sempre foi cética quanto à habilidade da zona do euro de funcionar como uma união monetária sem uma união política. Quando o euro foi lançado, ela tinha colocado em 50% as chances de dar certo, e diz que as chances hoje são as mesmas.

"A saída da Grécia não mudaria nada. Uma união monetária sempre seria difícil de concretizar, e sempre imaginei que um país que não encaixasse acabaria deixando o bloco. E a perspectiva de instabilidade provavelmente empurrará o euro rumo a uma integração maior depois dessas turbulências.

"O euro ainda enfrentará o problema de ter taxas de juros determinadas na Alemanha e que são boas para suas grandes economias centrais, mas não para os países na periferia."

Ela acredita que o ECB inundará imediatamente o mercado com liquidez e garantirá que o sistema bancário europeu está seguro. Isso adiaria qualquer pretensão de aumentar as taxas de juros.

Mas ela diz que estas medidas custarão caro. "Há estimativas terríveis sendo divulgadas por instituições alemãs sobre os custos do calote grego em sua dívida. A saída da Grécia gera um incerteza para o país e para o restante da Europa, e isso pode impactar seu crescimento."

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