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Como fica o mercado financeiro com a vitória de Lula

Análise econômica e do mercado financeiro com as eleições presidenciais

31 out 2022 - 06h00
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Foto: Divulgação

Com a eleição presidencial definida com a volta de Lula ao poder, como ficam as perspectivas da economia do País? Em um primeiro momento, pairam muitas dúvidas, mas o Brasil vai ter que olhar mais para o exterior, segundo Felipe Reymond Simões, economista e diretor da WIT Asset.

“Provavelmente terá um reajuste mais forte também nesse primeiro momento de queda para as estatais, talvez algo um pouco mais favorável para as ações educacionais e algumas empresas no setor de varejo também irão se beneficiar com a eleição do petista”, diz Felipe. 

“Mas acho que o mercado vai voltar as atenções para o que está acontecendo lá fora e vai se ajustando aqui no Brasil conforme o novo governo vai adotando algumas medidas na economia de forma mais concreta.”

Como proteger a carteira de investimentos em 2023

Pensando no investidor brasileiro, quais são as melhores oportunidades no momento com a eleição do novo presidente?

“Precisaríamos ter algo mais concreto do que vai ser feito, pois Lula não anunciou nada em relação à economia. Precisamos esperar quem vai ser o Ministro da Fazenda de um eventual governo Lula e isso vai ser bastante importante”, diz Felipe

“Eu adoto uma linha de manter uma carteira bem balanceada e de acordo com o perfil de risco de cada investidor. Ela precisa estar ajustada para que não sofra com nenhuma volatilidade que pode continuar tendo ano que vem, porque a situação internacional ainda é bem complicada.”

É preciso inclusive se proteger para as mudanças que acontecerão no cenário externo.

“Poderemos ver vários países entrando em recessão, vários países com inflação alta tomando medidas mais austeras na economia para conter essa inflação. É provável que iremos continuar com um cenário desafiador ano que vem, então a gente pode esperar bastante volatilidade. Principalmente para o investidor mais conservador, é importante ter um ajuste bem feito em relação ao risco que se pode correr, e ter em mente que a volatilidade dos investimentos pode continuar bastante alta, independentemente de quem vença as eleições.”

O especialista recomenda manter sempre em mente que se deve montar uma carteira de investimentos baseada no perfil de risco de cada investidor.

“O que deve ser feito é uma eventual realocação, adequando mudanças que vão acontecendo em relação a valorização e desvalorização dos ativos dentro de uma carteira, para sempre manter o balanceamento inicial, que foi estabelecido para a carteira. Então, não vejo necessidade de grandes mudanças”, diz ele. 

“O importante é montar uma carteira que se adeque em relação principalmente a risco para cada investidor, para que ela não surpreenda ninguém independente do que possa acontecer no cenário e tenha possibilidades de entregar retornos que sejam compatíveis com o que o investidor busca, bem como as necessidades financeiras e particulares de cada um. Não faria nenhuma grande mudança se a carteira do investidor já estiver bem estabelecida.”

Futuro do Banco Central e teto de gastos

Esta foi a primeira eleição pós-estabelecimento da autonomia do Banco Central, em fevereiro de 2021. E o especialista não acredita que Lula vai jogar isso por água abaixo.

“Eu não acredito que a autonomia do BC seja uma pauta que vá sofrer alterações. Inclusive, Lula já fez elogios no passado ao Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Então, acredito que o Banco Central deve seguir da forma que está”, diz ele.

O mercado financeiro tem se preocupado a respeito de como o próximo governo vai tratar o teto de gastos bem como a questão fiscal. De que forma esse tema impacta os investimentos?

“A questão do teto de gastos foi uma medida importante no governo Temer no passado porque traz maior previsibilidade sobre quanto o estado vai gastar. Um estado sem previsibilidade de gastos implica numa situação preocupante em relação ao fiscal. Então, a situação fiscal fica em cheque se não há uma previsibilidade, se não tem decretado quanto o estado pode gastar. Então, se derrubar este teto de gastos complica porque aumenta o prêmio de risco que os investidores exigem para investir em ativos brasileiros. E isso implica em uma taxa de juros mais alta para o país”, alerta o especialista. 

“Se os investidores estão menos propensos a investir, é preciso remunerá-los melhor para que eles aceitem este risco. Então, acaba refletindo em uma taxa de juros mais alta, fazendo com que o custo de oportunidades seja alto. A derrubada do teto de gastos é negativa para investimentos, trazendo incerteza que é refletida em uma taxa de juros mais alta. E daí os mercados de bolsa sofrem com isso.”

O que muda em São Paulo

Com a vitória de Tarcísio, aliado de Bolsonaro, sobre Haddad, aliado de Lula, em São Paulo, o cenário terá diversas nuanças.

“Considero que o principal ajuste no primeiro momento na Sabesp já foi feito, então já teve um ajuste forte logo depois do 1º turno, mas é uma ação que o investidor vai ficar bastante de olho de acordo com as medidas que o governo vá fazer, e tem uma grande chance de ser uma ação de que se beneficie bastante com o Tarcísio como governador”, diz o especialista.

Redação Dinheiro em Dia
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