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Como liderar uma empresa em um cenário de constante mudança

Alguns passos podem ajudar a prever situações complexas.

15 abr 2022 - 01h00
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Foto: Adobe Stock

Liderar um negócio nunca foi uma tarefa simples, sobretudo em um cenário de constante mudança como é o caso dos últimos anos. Desde 2020, todos nós fomos forçados a sair das nossas zonas de conforto. Líderes e gestores tiveram de repensar todas as ações e adotar medidas emergenciais para seguirem no mercado. Um estudo da Gartner sobre prioridades para líderes em 2021 mostra o aumento de 13% em relação a 2020 da “redução de custos” como prioridade dos líderes. E “construir habilidades e competências críticas para a organização” é uma prioridade de 68% dos HR leaders entrevistados. Ou seja, desenvolver skills novas para o momento atual é prioridade máxima.

Muitos negócios não sobreviveram a tantas oscilações e isso é totalmente justificável. Mas afinal, o que um líder pode fazer para manter a empresa crescendo mesmo em um cenário de instabilidade? Costumo dizer que os que saem da crise tendem a sair mais fortes. São nos momentos de maior mudança que as empresas se reinventam, reduzem custos, buscam novas fontes de receita, se aproximam de seus clientes, cuidam das pessoas, desenvolvem seus times. Inovam de fato. E com isso saem da crise muito mais preparadas para o futuro que se desenha.

Contudo, acredito que podemos olhar para o futuro com boas expectativas nesse sentido. Com os últimos acontecimentos, temos observado que muitos líderes estão se preparando para novas mudanças. Uma pesquisa recente da McKinsey & Company, realizada com mais de 200 organizações, aponta que 90% dos executivos esperam que as consequências da pandemia mudem fundamentalmente a forma como fazem negócios nos próximos cinco anos. 

Mas vamos a alguns pontos que podem ser cruciais para um líder ser bem-sucedido mesmo com instabilidades constantes. Antes de tudo, um líder precisa estar sempre preparado para minimizar os impactos negativos de qualquer mudança em sua organização. Alguns passos podem ajudar a prever situações complexas.

  • Conhecimento: é muito importante ter uma visão estratégica, ouvir, mapear e se atualizar sobre tendências. Um gestor bem informado pode, inclusive, se antecipar a potenciais problemas e evitar parte dos impactos.
  • Mapeamento de desafios: preparar um time de inovação que mapeie os desafios da companhia constantemente e que tenha a possibilidade de buscar as soluções de forma ágil é uma excelente forma de se preparar.
  • Ação: com as informações em mãos, o player que se posiciona e que age com maior velocidade pode ganhar vantagem competitiva. Tanto para evitar um impacto negativo quanto para aproveitar uma oportunidade de mercado.
  • Conversas com o mercado: troca de informações, aconselhamento, opiniões de profissionais que já passaram por experiências similares podem ajudar muito na tomada de decisão de um líder.
  • Relacionamento: a proximidade com clientes e fornecedores pode facilitar os ajustes necessários nos produtos e/ou serviços para atender a necessidades pontuais de cada parceiro de negócio, reduzir o tempo de reação, fortalecer ainda mais a confiança entre as partes e consolidar o relacionamento no longo prazo. Geralmente soluções inovadoras e criativas, muitas vezes simples e de fácil implantação, podem ter impactos positivos e significativos nesse período.

Esses são alguns elementos que podem antecipar uma possível crise. Mas se a situação crítica já chegou, uma atitude simples vem se mostrando valiosa em momentos como esses: ter a mentalidade aberta. Os líderes das empresas devem, antes de tudo, se mostrar abertos para a mudança e inspirar essa atitude em seus times.

Outro passo fundamental é assumir que o cenário atual está diferente e requer atenção, variando apenas a intensidade de novas  empreitadas. Agir com velocidade é um enorme desafio. No caso de grandes corporações ou empresas com processos muito definidos a ação pode levar tempo, pode se perder um timing essencial para a recuperação do negócio. Por isso, os programas de inovação aberta vêm se mostrando tão eficazes. Iniciativas externas à cultura corporativa podem trazer ideias e soluções de forma eficaz e, em muitos casos, disruptiva. 

A já citada pesquisa da McKinsey & Company mostra que em crises anteriores, as empresas que investiram em inovação proporcionaram crescimento e desempenho superiores. Em 2009, por exemplo, aquelas que optaram por inovar chegaram mais fortes ao final da crise,  superando a média do mercado em mais de 30% e continuando a crescer exponencialmente nos três a cinco anos subsequentes.

Existe também o desafio de encontrar soluções criativas. Os times tendem a se acostumar com a zona de conforto, com o que fazem desde que estão na companhia. É preciso abrir espaço para a criatividade, ao incômodo, para que surjam ideias de fato inovadoras. E, claro, errar sem medo, e rápido. O sucesso vem após algumas tentativas e é preciso entender isso, internalizar essa realidade e permitir que o erro aconteça. Com base nessa premissa e com a mente aberta para seus desdobramentos, a necessidade de inovar fica evidente e deve se tornar parte da rotina e do planejamento da empresa, com uma estrutura e organização adequada para estimular o processo de inovação de forma contínua e sustentável.

Também vale destacar que a transparência é muito importante. Manter a equipe informada e fazer com que ela se sinta parte das decisões é extremamente positivo para manter um clima organizacional saudável. A transformação digital nos trouxe algumas vantagens muito valiosas, que contribuem muito em diferentes aspectos. Existem hoje ferramentas que facilitam muito a construção de processos mais fluidos, interativos e até divertidos em temas como contratação, onboarding, reports, gestão de tarefas, saúde do colaborador, relacionamento entre times. Esse deve ser um trabalho constante em todas as empresas, não apenas em momentos de instabilidade. O ambiente saudável está diretamente relacionado com a motivação dos colaboradores.

Tendo dito tudo isso, encerro com uma reflexão: será que precisamos apenas melhorar o que já fazíamos ou será o momento de mudar completamente a rota do business?

(*) Hector Gusmão é CEO da Fábrica de Startups.

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