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Como manter a diversidade na equipe com o trabalho remoto?

Equipes em diferentes regiões inovam no desenvolvimento de produtos e promovem a diversidade

12 dez 2022 - 09h31
(atualizado às 10h33)
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Como manter a diversidade relevante com o trabalho remoto?:

A evolução das ferramentas de colaboração digital e a consolidação do modelo de trabalho remoto permitiram que as empresas ampliassem seus times sem a restrição de barreiras físicas. Para o setor de tecnologia, o impacto foi a diversificação das equipes formadas por profissionais de diferentes regiões e países.  

Distribuídas em cidades e culturas diferentes, as pessoas ajudam a ampliar o olhar sobre os produtos, trazem conhecimentos de novos mercados e garantem a inovação. 

Para as empresas, o desafio é manter os times conectados, engajados e dar voz a diferentes pontos de vista. A Tera, plataforma de educação online para profissões digitais, colocou em prática mudanças na gestão de pessoas para fomentar internamente a cultura voltada à inovação. Há um ano a edtech migrou 100% do time para o trabalho remoto e focou em recrutamentos intencionais para ampliar a diversidade racial na empresa. 

O home office e os horários flexíveis refletiram ainda na contratação de um maior número de pessoas de fora de São Paulo, onde ficava a sede da empresa, aumentando a diversidade regional e geográfica. 

Hoje 70,7% do time é do Sudeste, porém, 43% desse total moram fora da capital paulista. Em segundo lugar vem a região nordeste com 17,1% dos colaboradores e, em terceiro, 2,7% é do Centro-Oeste.  

“Contratar um time com experiências diversas é uma maneira de melhorarmos nosso produto, trazermos novos pontos de vista. Além disso, conseguimos incluir novos conhecimentos dentro da empresa”, diz Daniel Sousa, líder em diversidade e inclusão na Tera. 

Para Sousa, a regionalização associada a processos seletivos com vagas afirmativas e uma estrutura corporativa que estimule a diversidade cognitiva impactam também nos produtos. 

“Produtos digitais e a forma de aprendizado  mudam rapidamente e precisamos de um olhar mais amplo. Como uma empresa do setor de educação, contratar pessoas de várias regiões do Brasil estamos conectados a diferentes culturas e necessidades. Se essas pessoas têm espaço para opinar e dar ideias, a empresa ganha uma percepção maior do mercado, conseguimos perceber pontos de atenção e inovar”,  explica Sousa. 

Mudando de direcionamento com a pandemia

Criada em Florianópolis-SC, a GeekHunter, startup de recrutamento de profissionais de tecnologia, assim como muitas empresas, tinha seu time 100% local e trabalhando presencialmente antes da pandemia. 

Com o modelo remoto e a adoção de práticas de gestão para ampliar a diversidade do time, a organização conseguiu aumentar a presença de mulheres ocupando cargos de liderança, pessoas não brancas e de outras regiões do país, além de conseguir preencher vagas que têm maior dificuldades de contratação, como na área de TI. Hoje, dos cerca de 70 colaboradores, mais de 50% são de fora de Santa Catarina e daqueles que são do estado, menos de 1/3 são da capital.

Segundo Karina Matheus dos Santos, coordenadora de pessoal na GeekHunter, a diversidade dentro da empresa impacta no amadurecimento dos times e na capacidade de resolver problemas de forma ágil e eficaz. 

“Ao contratar pessoas de outras regiões, ampliamos o quadro de colaboradores que pensam diferente, que têm uma cultura e vivem uma realidade distinta. Tivemos um ganho de maturidade muito grande, pois precisamos entender o que cada um estava dizendo, conhecer a realidade do outro. Hoje, vemos muito o reflexo disso, porque temos um time engajado, que se entende mesmo com pensamentos diversos. Como resultado, os times trazem saídas diferentes e com foco na resolução de problemas”, diz.

Foto: Unsplash

Para a coordenadora, ter um time diverso faz com que as empresas também estejam mais prontas para o mercado. 

“Precisamos entender que fazemos coisas que não são universais, usamos palavras que não têm o mesmo significado para todo mundo e quanto mais diversos somos, mais inovamos e somos capazes de resolver problemas. Isso é importante para entendermos algumas problemáticas que nossos clientes também podem vivenciar”, completa.

Integração entre times internacionais 

Com mais de 3.500 funcionários espalhados por diferentes países e continentes, a Manhattan Associates, multinacional líder no setor de tecnologia para a cadeia de suprimentos, aposta na diversidade para criar produtos que atendam diferentes necessidades e culturas. Com grandes clientes na carteira, como Riachuelo, Pão de Açúcar, Nike e C&A Modas, por exemplo, a empresa investiu em um quadro diversificado de colaboradores para garantir, por meio da inclusão, entregas mais assertivas. 

Rachel Filipov é brasileira e trabalha em Atlanta, nos Estados Unidos, liderando as operações de marketing da Manhattan para as Américas.Em 2022, ela assumiu a posição de embaixadora da diversidade e inclusão para o time. 

“Agora, meu propósito vai além de influenciar escolhas e aumentar nosso pipeline. Estou trazendo para o trabalho em uma uma empresa global, com pessoas de várias nacionalidades, cores, religiões e histórias, uma missão pessoal que carrego há muito tempo, o que dá a esse propósito uma dimensão muito maior e uma base muito mais genuína”, diz Rachel. 

Para ela, o RH e as Comunicações Corporativas têm um papel importante no processo de aumentar a diversidade e garantir a inclusão dentro das empresas, mas as iniciativas devem partir de dentro dos times. 

“Vejo o movimento que a Manhattan faz do ponto de vista corporativo, e vejo o movimento que estamos fazendo dentro do nosso time. O fato de a nossa líder direta se importar com este assunto faz com que a gente se sinta acolhido e tenha espaço para viver a diversidade e a inclusão da forma mais genuína possível. Na Manhattan temos pessoas de diferentes origens e trabalhamos para garantir que a diversidade vá além do regional, trazendo pluralidade também em outros aspectos, como raça, gênero e religião, por exemplo”, comenta.

Diversidade regional começa nos espaços físicos

Na divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para o campo e a floresta, a diversidade regional começa nos espaços físicos, que são três: a matriz de  Florianópolis-SC, a filial de Ribeirão Preto-SP e o escritório internacional na Espanha. Além disso, alguns colaboradores trabalham de forma 100% remota de outros estados, como Bahia, Minas Gerais e Paraná. 

Para o gestor do projeto de RH estratégico da divisão, Luciano Campanha,  a diversidade cultural e a multiplicidade de competências têm um impacto positivo nos resultados, trazendo olhares diferentes para antigos problemas, além de novas técnicas de trabalho que são compartilhadas com a equipe no modelo de gestão ágil. “Isso oxigena a equipe e estimula a criatividade”, pontua.

Segundo Luciano, a empresa busca trabalhar os conceitos de diversidade e inclusão para ressaltar a importância do respeito às diferenças, além de estimular a escuta ativa entre as equipes. “Trabalhamos muito na Hexagon para construir uma cultura de feedback, reforçando sempre a importância de transmitir informações claras com o objetivo de melhorar ou corrigir algo que não esteja funcionando bem”, explica.

Regionalização permite conhecer novos mercados

Instalada em São José dos Campos, no interior do estado de São Paulo, a filial da empresa polonesa Edrone reúne parte da operação brasileira, que está integrada ao time europeu, que conta com profissionais de diversos países. Especializada em desenvolver tecnologia de automação de marketing digital para e-commerce, a edrone possui mais de 150 colaboradores, dos quais 25 estão espalhados em diferentes regiões do Brasil.

“As diversidades regional e cultural facilitam a adaptação da tecnologia rapidamente. Também temos um modelo de gestão mais horizontal, onde as pessoas podem dar opiniões e sugestões em todos os níveis, com base em suas áreas de expertise e a realidade de suas regiões. Isso ajuda a identificar possíveis falhas, melhorar a comunicação e promover ajustes”, explica o country manager da Edrone no Brasil, André Floriano.

Diversidade regional é aliada de empresa no Brasil

Na UpFlux, a gestora de pessoas, Maib Oliveira, aponta a diversidade regional da equipe como um aspecto importante para um melhor relacionamento com os clientes. A empresa é pioneira em mineração de processos no Brasil, responsável por desenvolver soluções que descobrem, mapeiam, monitoram e ajudam a melhorar processos reais. 

“A solução da UpFlux é aplicada em instituições de saúde, indústrias e no setor financeiro, com clientes em 17 estados do Brasil. Ou seja, além da variação regional, os setores atendidos são bastante diferentes entre si. Com uma equipe diversa, nós conseguimos reunir uma pluralidade de ideias, soluções e experiências que não é possível alcançar quando todos os perfis de colaboradores são iguais”, aponta a especialista.

De acordo com a gestora, a pandemia apenas acelerou um processo natural de operar de forma híbrida. Com sede em Jaraguá do Sul-SC, atualmente a startup conta com 65 funcionários em 9 estados diferentes, nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A especialista também destaca a diversidade como um trunfo no caso para a UpFlux por seu pioneirismo no país. 

“Somos a primeira empresa especializada em process mining no Brasil e queremos que cada vez mais brasileiros conheçam a tecnologia. Com uma equipe espalhada pelo país, inclusive fora dos grandes centros e capitais, ficamos mais capacitados para entender diferenças regionais, necessidades específicas e marcarmos nosso nome pelo território”, complementa Oliveira. 

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da COMPASSO, agência de conteúdo e conexão. Conheça nossas soluções e entre em contato.

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