Como o atentado a Trump deve mexer com os mercados? Bitcoin volta a superar US$ 60 mil
Economistas apostam que evento deve acelerar processo de precificação de uma vitória republicana no mercado, com impacto no dólar e nos juros
Os mercados internacionais começam a abrir a partir da noite deste domingo, 14, e devem absorver os impactos do atentado ao ex-presidente dos Estados Unidos e provável candidato republicano, Donald Trump, neste final de semana. Economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apostam que o evento deve acelerar o processo de precificação de uma vitória republicana no mercado, com impacto no dólar e nos juros.
Um dos raros ativos de risco com funcionamento ininterrupto, as principais criptomoedas do mundo avançaram após os primeiros relatos de tiros no comício de Trump na Pensilvânia. Neste domingo, o bitcoin voltou a superar a marca de US$ 60 mil, subindo quase 3%.
O dólar também se fortalece na comparação com outras moedas globais. Às 19h15 (de Brasília), o índice DXY (US Dollar Index), que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, subia 0,16%, a 104,257 pontos. O euro recuava a US$ 1,0888, a libra cedia a US$ 1,2966 e o dólar avançava a 158,118 ienes. Entre emergentes, o dólar marcava alta a 17,7052 pesos mexicanos.
O economista-feche da G5 Partners, Luiz Otávio de Souza Leal, avalia que a tônica do mercado norte-americano será a "aversão ao risco", mas ele pondera que será difícil prever a intensidade, a duração e os impactos dessa reação.
"Em condições normais, uma situação dessas deveria enfraquecer o dólar, porque foi um tiro no coração da sociedade americana. Mas a aversão ao risco pode fazer com que haja uma corrida para os ativos americanos, que são mais seguros. E a aversão ao risco nos Estados Unidos nunca é boa para países emergentes", destaca.
Por outro lado, o economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, avalia que o incidente pode levar a uma alta da moeda norte-americana, especialmente contra moedas que sofrem com a influência de um aperto do comércio exterior, como o euro, e daquelas que podem sentir um efeito indireto de uma guerra comercial com a China, como o peso mexicano.
Sobre os juros, ele destaca que dois efeitos se impõem. Em primeiro lugar, a percepção de que a política fiscal seria deficitária em um governo Trump deve levar a um aumento do juro longo. Em segundo, Chermont vê um possível efeito baixista no juro curto, uma vez que, durante seu mandato, Trump criticou diversas vezes o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) por manter as taxas elevadas.
"No meio do novo mandato presidencial, acabaria o mandato do presidente do Fed, Jerome Powell, e é possível que Trump indicasse pessoas que se alinhem mais a uma postura mais dovish", diz Chermont.
Para o presidente do conselho de administração da Jive Mauá e ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, os preços de ativos devem refletir o fortalecimento de Trump Diante do ocorrido. "Os ativos tendem a melhorar mais com o ganho de potencial dele", afirma. Mesmo assim, Figueiredo vê impactos apenas de curto prazo e limitados no Brasil.
Criptomoedas
Além do bitcoin, que voltou a superar a marca de US$ 60 mil, por volta das 14h10 (de Brasília), o ethereum ganhava 1,77%, a US$ 3.167,06, de acordo com cotações da Binance.
Já a memecoin MAGA disparava 47,27%, a US$ 9,338 - o acrônimo é uma referência ao slogan Make America Great Again (Faça a América Grande Outra Vez, em tradução livre).
Durante a campanha, Trump tem adotado discurso favorável aos criptoativos e chegou a dizer que pretende acabar com a "guerra" deflagrada pelo atual presidente americano, Joe Biden, contra o setor. Após a notícia, o bitcoin liderou o rali e quebrou importantes barreiras técnicas.
O popular trader Rekt Capital escreveu no X (antigo Twitter) que, agora, a principal criptomoeda do mundo mira a marca de US$ 60,6 mil, que representa um importante nível de resistência.