Como transformar o seu negócio em uma franquia
Especialista explica quais os primeiros passos para formatar seu negócio para franquia
As franquias estão em alta no Brasil. Muita gente procura até mais de uma franquia para trabalhar e investir. Mas como fazer o contrário, ou seja, como formatar o seu negócio para que ele se transforme em uma fraquia?
Antes de mais nada, é preciso entender que um negócio independente que faz sucesso já tem alma de franquia. É preciso somente dar o passo principal, que é formatar o negócio para que o modelo franchising permita sua expansão.
Inicialmente, é necessário que se desenhe os processos operacionais que permitirão que o conceito seja replicado pelos franqueados, que crie os manuais, determine a visão e os valores empresariais, estude as praças onde serão implantadas novas unidades e em quais formatos (lojas, quiosques, home-based), enfim, coordene todo o processo para que haja a comercialização da marca e a transferência de know-how.
“A formatação deve ser realizada apenas depois de dois passos fundamentais, que são o entendimento do que é o franchising e qual é o papel do franqueador e o estudo de viabilidade financeira do negócio. Sem isso, não adianta investir num processo que exige recursos financeiros e de tempo”, alerta Thaís Kurita, advogada especializada em franchising, que há mais de 20 anos entende as estratégias do varejo para auxiliar franqueadoras de todos os portes na gestão de suas redes.
É preciso ficar muito atento para todas as variáveis
O futuro franqueador precisa entender que mesmo o negócio dele sendo um sucesso, mas isso não significa necessariamente que esse sucesso se repetirá depois que ele virar uma franquia.
“Todas as questões que influenciarão positiva e negativamente a multiplicação da marca deverão ser analisadas, numa previsão muito sincera de viabilidade do negócio. Com os números projetados, é preciso adequar o que não cabe e prejudicará o bom desempenho das franquias e até o que pode ser melhorado no negócio original em razão desse novo olhar”, ensina ela.
As variáveis que surgem no processo de formatação para franchising podem alerar até mesmo a percepção que se tem do próprio negócio.
“Na prática, os ajustes que acabam aparecendo têm muito a ver com a parte estética, o valor do investimento e a logística. Muitas vezes, são trazidas ideias como readequação do tamanho da unidade franqueada; a troca de equipamentos por similares, mas de marcas menos caras; mudanças de fachada ou decoração, que reduzam o valor do investimento, enfim, adaptações que não onerem a operação, mas custem menos ao investidor”, explica Thaís.
Etapas indispensáveis na hora da formatação
Um dos momentos mais críticos da fase de formatação é fazer uma análise ― inclusive financeira ― honesta e completa do perfil do franqueador.
“Essa etapa é indispensável porque envolve a felicidade desse empresário e a de outras pessoas. É inadmissível desejar ser franqueador se você não gosta de lidar com gente, não deseja dividir sua marca, não entende que o franqueado é um parceiro – e não seu funcionário –, não almeja ganhos recíprocos, pensa de forma exclusivamente competitiva e não aceita delegar ou receber opiniões na gestão do negócio. Ser franqueador é gerir pessoas e, para isso, é preciso ter uma capacidade bastante grande de aceitar que cada um pensa e age de uma forma diferente, com ideias e ideais distintos. Administrar uma rede é complexo e requer paciência, empatia e outras habilidades”, enfatiza a especialista.
Após concluir essa etapa, é hora de então iniciar a formatação do negócio para o modelo de franquia. E é nesta hora que entram os estudos mais aprofundados, como mapeamento dos mercados potenciais, plano de expansão, definição do perfil do franqueado ideal, manuais, treinamentos para transferência de know-how, padrão arquitetônico (no caso de lojas físicas), processos operacionais, software de gestão, formas de fornecimento/abastecimento, logística, marketing e divulgação do negócio.
O início da delicada formatação jurídica
É necessária uma assessoria jurídica especializada em franchising para realizar toda a formatação, com elaboração dos instrumentos jurídicos para essa expansão seguir à risca a Lei de Franquias, de número 13.966, que dá embasamento para o franchising no Brasil. É esse advogado quem cuidará de documentos essenciais, como Circular de Oferta de Franquia e o Contrato de Franquia propriamente dito.
“A formatação jurídica é o primeiro passo para que a franqueadora possa se lançar com segurança, mas também possa selecionar franqueados adequados para sua marca e tenha com eles um relacionamento que permita crescimento concreto e harmonioso da marca, sem conflitos e fechamento de unidades franqueadas”, explica Thaís Kurita.
Após completar essa fase de modelagem do negócio e da documentação conforme prescreve a Lei, a franqueadora estará pronta para captar franqueados e dar início ao seu processo de expansão.