Companhias abertas crescem em adesão às boas práticas de governança, mas plano sucessório é desafio
Relatório do IBGC que avalia informes de governança corporativa das empresas de capital aberto no Brasil aponta posição de destaque para estatais e elevação geral de quase 16 pontos porcentuais na adesão de companhias ao "pratique ou explique" em seis anos
A aderência das empresas de capital aberto às boas práticas de governança está em ritmo de crescimento no Brasil. Entre 2019 e 2024, o porcentual de adesão dessas companhias às recomendações do "Código Brasileiro de Governança Corporativa - Companhias Abertas", que orienta as companhias sobre o tema, passou de 51,1% para 67%.
O intervalo de tempo dos dados se refere ao início da série histórica, quando todas as companhias abertas da categoria A (aquelas autorizadas a manter ações e títulos de dívida na Bolsa) passaram a ser obrigadas a enviar para a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) o "Informe do Código de Governança (ICBGC)". Nesse relatório, as empresas indicam ao mercado quais práticas seguiram, e justificam as que não conseguiram adotar - o chamado "pratique ou explique".
Ao longo desse período, as empresas estatais, com taxa média de aderência de 80,8%, e as companhias integrantes do Novo Mercado da B3, com 78,8%, foram destaque nesse quadro. No entanto, de forma geral, a maioria das empresas, 58% delas, ainda tem dificuldades em manter boas práticas relacionadas à elaboração de um plano sucessório para CEOs.
"A depender, pode ser que o conselho tenha uma composição majoritariamente de pessoas ligadas ao acionista controlador e ele participe diretamente da indicação de um nome. Muitas vezes, as recomendações ocorrem antes, e o conselho acaba apenas confirmando uma decisão tomada por fora. É difícil para muitos acionistas abrirem mão de indicar alguém que vai ser a principal peça do executivo. Então, permanece essa barreira cultural ainda" complementa.
Segundo o "Código Brasileiro de Governança Corporativa", cabe ao conselho de administração zelar pela continuidade da gestão da companhia e elaborar um plano de sucessão para assegurar que, em uma eventual substituição do diretor-presidente, haja profissionais preparados e que possam manter o valor da empresa. A prática precisa ser vista com atenção, recomenda o documento.
"O planejamento da sucessão ajuda a evitar que mudanças repentinas ou imprevistas no comando da organização, por qualquer motivo, coloquem a continuidade dos negócios em risco, abalando a confiança de parceiros, investidores e stakeholders em geral", diz Gregório. "A seleção de pessoas em postos-chave deve ser criteriosa, baseada em competências desejáveis para o presente e o futuro da empresa. Sem planejamento, o risco é gerar uma imagem de falta de liderança adequada."