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Construção civil recua 2,0% no primeiro trimestre, aponta IBGE

Nos três primeiros meses do ano, Produto Interno Bruto (PIB) tem queda de 0,2%, com incertezas políticas e econômicas, que têm adiado recuperação

30 mai 2019 - 12h34
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A construção civil recuou 2,0% no primeiro trimestre do ano, na comparação com o quarto trimestre do ano passado, apontam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do Produto Interno Bruto (PIB) na manhã desta quinta-feira, 30. Com as incertezas políticas e econômicas, os três primeiros meses do ano foram de retração de 0,2%no PIB. Essa foi a primeira queda na atividade econômica desde o quarto trimestre de 2016.

Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a queda da construção foi a maior desde o primeiro trimestre do ano passado, quando o setor recuou 2,4% em relação ao três últimos meses de 2017. Na base acumulada em quatro trimestres, são 19 quedas consecutivas.

"A situação da construção civil preocupa, por ser um setor que emprega um grande número de pessoas, que hoje estão fora do mercado consumidor. Mas o avanço nas vendas de imóveis no primeiro trimestre no começo do ano mostra que a demanda por imóveis existe e se manifesta mesmo em um ambiente em que o consumidor e o empresário ainda não se sentem completamente seguros", diz Luiz Antonio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).

"Apesar de os resultados do primeiro trimestre terem vindo abaixo do que se imaginava no início do ano, a expectativa para os próximos meses continua positiva, caso se consiga avançar nas reformas."

Para o gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, o setor foi o primeiro a sentir a recessão e deve ser o último a se recuperar. "A construção acabou afetada pela infraestrutura - que sofreu com a crise fiscal e espera avanços nas concessões - e, no setor imobiliário, pesa a redução de projetos para famílias de baixa renda."

Ele lembra que o setor imobiliário teve resultados positivos no primeiro trimestre, mas partindo de uma base fraca e abaixo das expectativas que o setor tinha no início do ano.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, analisa que o descompasso nas relações entre Executivo e Legislativo corroeram as expectativas que os empresários e consumidores tinham no começo do ano e ajudaram a postergar o reaquecimento da economia. "Quando a gente olha os indicadores da economia, a análise é preocupante, com queda na indústria e estagnação nos serviços e no consumo das famílias", disse.

"Por mais que o mundo esteja lidando com uma guerra comercial entre China e Estados Unidos e o comércio internacional esteja ameaçado, o problema hoje do Brasil é interno. A condução da principal bandeira do governo, que a reforma da Previdência, teve um ritmo de avanço abaixo do esperado. O adiamento das principais votações para a segunda metade do ano criou um clima de cautela do setor produtivo. Assim, fica difícil de destravar investimentos."

A queda na construção está diretamente ligada ao desempenho ruim do mercado de trabalho, avalia o presidente da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (Cbic), José Carlos Martins. "É urgente a votação da reforma da Previdência para que o investimento volte. Só o setor da construção pode alavancar o investimento e será o grande motor do crescimento sustentado do País." Ele lembra que a indústria da construção já perdeu mais de 1 milhão de trabalhadores por conta da crise.

Estadão
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