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Consumo consciente é a solução para o planeta em colapso

Mais de um bilhão de toneladas de lixo são produzidos todos os anos no mundo.

13 jan 2022 - 08h00
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É preciso adotar atitudes conscientes que vão além de separar o lixo, defende Marcella Zambardino
É preciso adotar atitudes conscientes que vão além de separar o lixo, defende Marcella Zambardino
Foto: Divulgação

Vivemos uma nova era na qual tudo é de imediato. Tudo é para ontem, tudo é na hora e, consequentemente, tudo é em excesso, já que vivemos como se não houvesse mais tempo para pensar, apenas executar. Mas os ancentrais já diziam “tudo em excesso faz mal”. E com o consumo não é diferente. 

Quando falamos em consumo excessivo, falamos automaticamente em mais geração de lixo. Você sabia que, por ano, são produzidos mais de um bilhão de toneladas de lixo no mundo? Deste total, 78 milhões de toneladas são só no Brasil.

Um dos grandes vilões do meio ambiente é o plástico. Aquele que está ao alcance de qualquer consumidor nos supermercados. Como empreendedora venho lutando para que produtos de origem vegetal e com embalagens responsáveis como as de monomaterial recicladas e possíveis de logística reversa estejam nas gôndolas dos varejistas. E felizmente o setor está olhando para empresas sustentáveis com muito mais valor hoje.

E esse olhar é urgente mesmo, pois o Brasil gerou, só em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Deste total, a estimativa é de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%. 

A maioria dos produtos que consumimos possuem plástico nas embalagens e a cada novo produto mais lixo é gerado. É um ciclo sem fim. E quando falamos em produtos de limpeza, a situação se agrava ainda mais, porque além do plástico da embalagem, muitas das substâncias utilizadas na composição são prejudiciais à nossa saúde, dos animais e  do meio ambiente.

Um exemplo disso é o lauril sulfato de sódio (LSS), que pode até causar câncer. Muita gente não faz ideia, mas esse ativo químico está presente na maioria dos produtos que formam espuma, desde o detergente que usamos para lavar louças até o xampu que utilizamos no banho. 

Agora imagine só as mais de 200 milhões de pessoas do Brasil consumindo diversos cosméticos e produtos de higiene pessoal, limpeza da casa ou industrial com lauril na composição? É uma geração catastrófica de lixo químico.

Como empreendedora de impacto, encontrei nos plásticos reciclados uma solução para minimizar o problema no volume do consumo de embalagens de produtos de limpeza. Só em 2020 a empresa que atuo utilizou mais de 13 toneladas de plástico reciclado para produzir novos frascos que tem função reutilizável . Essa ação é feita em parceria com cooperativas que retiram resíduos do litoral e da cidade para transformá-los em novas embalagens. 

Além disso, produzimos em parceria com produtores locais, que preservam o ecossistema e não utilizamos componentes químicos, como o lauril, nos nossos produtos. Você já viu imagens com aquela nuvem de espuma no curso do Rio Tietê no interior de São Paulo? Tudo que é despejado na capital, polui a vida da população de outras regiões e destrói a natureza.

Consumir produtos de forma consciente é uma mudança na cultura do ecossistema como um todo. A cadeia de produção deve ser sustentável, o varejista deve disponibilizar o produto em sua gôndola assim como disponibiliza os produtos tradicionais e o consumidor, por sua vez, ter a consciência dos benefícios que um produto biodegradável oferece. 

O varejo precisa oferecer o mesmo poder de decisão de compra de um produto convencional ao consumidor que pode adquirir um produto que não irá agredir o meio ambiente.

A jornada de compra não pode ser pensada de forma isolada. Por exemplo, por que um lava-louças fabricado com origem vegetal precisa estar em uma prateleira específica? Isso reduz as chances do consumidor voltar sua atenção para ele. E, pior ainda, passa a imagem de que é um produto caro, inibindo uma possível compra. 

É um dever conjunto, entre empresa e consumidor, olhar atentamente para as externalidades do consumo, buscar saber a origem e os processos de fabricação dos produtos, além de todos os impactos que ele pode causar durante sua vida útil.

Já passou o tempo em que mudar para hábitos mais saudáveis era complicado. Só assim será possível reverter esse cenário de impacto negativo. É preciso adotar atitudes conscientes que vão além de separar o lixo e utilizar sacolas retornáveis. Isso já é um grande passo, mas que tal olhar para os produtos que você consome no dia a dia com frequência de uma outra forma? Comprar só o dito convencional e ignorar o produtor sustentável já está custando bem caro para a humanidade.

(*) Marcella Zambardino é Co-CEO da Positiv.a.

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