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Contas desarrumadas e juros altos seguem no horizonte com Lula gastador

Decisões sobre os juros internos dependerão basicamente das perspectivas das contas públicas, ou seja, da disposição do presidente de cuidar melhor do dinheiro

7 jan 2025 - 16h47
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Com R$ 2,39 trilhões arrecadados no ano até novembro, o maior valor real da série iniciada em 1995, o governo central continua longe de um equilíbrio fiscal duradouro e sustentável de forma rotineira. A melhora das contas públicas em 2024 resultou basicamente do aumento da receita, derivado de mudanças nos impostos e da expansão da base tributável, com aumento, por exemplo, do volume das importações. Um avanço na gestão financeira baseado num corte significativo de gastos continua fora do horizonte e, quase certamente, fora das cogitações presidenciais. Um corte muito moderado, em alguns poucos itens, pode ser concebível, mas nada além disso.

Sem perspectiva de arrumação fiscal mais ambiciosa, o setor financeiro continua projetando contas públicas no vermelho ainda por muito tempo. Saldos negativos são previstos tanto para as chamadas contas nominais - com o peso da dívida e dos juros - quanto para as contas primárias.

O Brasil permanece, nas avaliações do setor financeiro, abaixo dos padrões seguros de sustentabilidade fiscal. Como consequência, o financiamento do Tesouro continua sendo executado como operação de risco significativo, com juros elevados. Isso afetaria os juros do mercado mesmo com uma política monetária mais frouxa.

Disposição do presidente Lula de cuidar melhor do dinheiro público ou de prolongar a gastança será importante para decisões sobre taxa de juros, se nenhum fator externo interferir
Disposição do presidente Lula de cuidar melhor do dinheiro público ou de prolongar a gastança será importante para decisões sobre taxa de juros, se nenhum fator externo interferir
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Mas a frouxidão monetária tem sido raramente observada no Brasil, no último quarto de século. Fases de crédito barato culminaram em desarranjos inflacionários e foram seguidas por temporadas de aperto. Da mesma forma, fases de inflação moderada foram breves, assim como períodos de contas federais equilibradas ou próximas do equilíbrio. A regra do teto de gastos, adotada a partir do governo do presidente Michel Temer, durou alguns anos e foi arrebentada no mandato seguinte.

Assim como o desequilíbrio fiscal, inflação bem acima da meta de 3% continua a predominar nas projeções do mercado. Os preços ao consumidor subiram cerca de 4,9% no ano passado, segundo estimativa incluída no último boletim Focus, divulgado no começo desta semana. O mesmo boletim registra projeções de 4,99% para 2025, 4,03% para 2026 e 3,90% para 2027. Todas essas taxas são maiores do que as divulgadas em semanas anteriores.

As previsões da taxa básica de juros, a Selic, são compatíveis com as expectativas de inflação ainda acima da meta neste ano e nos próximos. Segundo o boletim, os juros básicos devem estar em 15% no fim deste ano e poderão ficar em 12% e 10% no encerramento de 2026 e 2027.

Todas essas estimativas apontam condições de crédito apertadas e desfavoráveis a um crescimento econômico razoável. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) elevou os juros para 12,25% em dezembro e novos aumentos, talvez de um ponto porcentual cada um, são previstos para janeiro e março.

Se o comitê continuar comprometido com o cumprimento de sua missão básica, a contenção das pressões inflacionárias, dificilmente se poderá esperar, em 2025, uma política mais suave e mais compatível com o crescimento dos negócios e do emprego.

Se nenhum fator externo afetar gravemente o cenário, as decisões sobre os juros internos dependerão basicamente das perspectivas das contas públicas. Dependerão, portanto, principalmente da disposição do presidente Lula de cuidar melhor do dinheiro público ou de prolongar a gastança.

Estadão
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