Credit Suisse aceitou corruptos e criminosos como clientes, indicam dados vazados
Contas de 18 mil clientes, entre 1940 e a década passada, mostram falhas do banco, segundo jornal alemão; banco diz rejeitar as alegações
BERLIM - O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung e outros meios de comunicação informaram neste domingo, 20, que um vazamento de dados do Credit Suisse, o segundo maior banco da Suíça, revelou detalhes das contas de mais de 18 mil clientes e apontou para possíveis falhas de due diligence (investigação e análise) em muitas verificações.
Segundo o jornal alemão, os dados vão da década de 1940 até a década passada e indicam que o Credit Suisse aceitou "autocratas corruptos, suspeitos de crimes de guerra e traficantes de seres humanos, traficantes de drogas e outros criminosos" como clientes.
Os dados foram recebidos anonimamente por meio de uma caixa de correio digital segura há mais de um ano, sem estar claro se a fonte era um indivíduo ou um grupo, informa o jornal alemão. As informações foram avaliadas com o Projeto de Reportagem sobre Crime Organizado e Corrupção e dezenas de parceiros de mídia, incluindo o The New York Times e o The Guardian.
Em comunicado, o Credit Suisse disse que "rejeita veementemente as alegações e insinuações sobre as supostas práticas comerciais do banco" e afirmou que as alegações são "predominantemente históricas", que "os relatos sobre esse assunto são baseados em informações parciais, imprecisas ou seletivas tiradas de contexto, resultando em interpretações tendenciosas da conduta comercial do banco".
O banco ainda disse ter revisado um grande número de contas potencialmente associadas às alegações, e cerca de 90% delas "estão hoje fechadas ou estavam em processo de fechamento antes do recebimento das consultas da imprensa, das quais mais de 60% foram fechadas antes de 2015".
Quanto às contas que permanecem ativas, o banco declarou que é "confortável que a devida diligência apropriada, revisões e outras medidas relacionadas ao controle tenham sido tomadas de acordo com nossa estrutura atual". O banco também disse que a lei o impede de comentar sobre "potenciais relacionamentos com clientes".