Crescimento econômico de 3% é pouco para o Brasil, mas mais do que era esperado, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que um crescimento econômico de 3% é pouco para o Brasil, mas destacou que o resultado está acima do esperado e defendeu que dívida não é necessariamente um problema se estimular a economia.
Em evento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, o presidente lembrou de um recente encontro que teve com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que manifestou preocupação com as estimativas de baixo crescimento do país em 2023 feitas no começo deste ano. Lula disse que garantiu a ela que o PIB brasileiro seria maior que as previsões.
"Eu disse: 'deixa eu falar um coisa para senhora, a senhora não conhece o Brasil. O Brasil vai crescer mais, muito mais'", disse Lula.
Na terça-feira, o IBGE divulgou que a economia avançou no terceiro trimestre 0,1% ante o segundo trimestre. Nos últimos quatro trimestres, a expansão acumulada é de 3,1%.
"É pouco crescer só 3%, mas para quem achava que a gente ia crescer 0,8% é 2,2 pontos a mais; é mais que o crescimento que muitos países", acrescentou Lula ao projetar uma geração de 2,2 milhões de empregos em 2023.
Para Lula, a missão do seu terceiro mandato é "fazer o país crescer".
"Não pode ficar um trilhão e não sei quanto ou dois trilhões guardados no Tesouro e o BNDES comendo pão seco sem mortadela. Temos que calibrar as coisas", frisou.
"Temos que convencer a sociedade brasileira e nosso glorioso mercado, que nunca sei quem é, que não tem nenhum problema você ter uma dívida, se aquela dívida é para construir um ativo produtivo que vai render, facilitar escoamento de produção, baratear as coisas e melhorar investimentos em tecnologia" complementou.
BRICS
Na solenidade, Lula, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do Brics, Dilma Rousseff, assinaram um acordo para a captação 1,7 bilhão de dólares (cerca de 8,5 bilhões de reais), dos quais 500 milhões de dólares são para projetos de combate às mudanças climáticas e 1,2 bilhão de dólares voltados a investimentos em infraestrutura sustentável.
Ao todo o banco de fomento internacional já aprovou cerca de 2,8 bilhões de dólares para financiamento de projetos no Brasil.
Lula destacou o papel relevante dos bancos públicos que têm liberado recursos para investimentos, e que aos poucos o "dinheiro começa a aparecer" e os recursos vão surtir efeito e "aflorar".
No entanto, o presidente salientou que mais verbas têm de ser viabilizadas para impulsionar a atividade econômica.
"A gente não pode ficar constatando que não tem dinheiro; nossa obrigação é arrumar dinheiro e fazer esse país crescer; senão não tem emprego, salário, consumo", disse ele.
Ao comentar o empréstimos bilionário do banco do Brics, Lula cobrou que a instituição crie novos mecanismos diferentes daqueles que vem sendo adotados pelo sistema financeiro internacional tradicional.
"Eu cobro ela todo dia e vamos fazer as coisas diferentes e não repetir o que faz o sistema financeiro internacional e nem repetir o que faz o FMI", disse. "O FMI não empresta para salvar, empresa corda para pessoa se enforcar."
O presidente voltou a defender o uso de outras moedas, sem ser o dólar, nas negociações e transações entre países.