Criação de empregos para julho é a menor em 15 anos
No acumulado do ano até julho, a contratação de trabalhadores com carteira assinada é menor do que em igual período do ano passado
O Brasil abriu 11.796 vagas formais de trabalho em julho, pior resultado para esses meses em 15 anos influenciado por elevadas demissões na indústria, em mais um sinal de perda de fôlego da economia.
O dado do mês passado foi o pior para julho desde 1999, quando a abertura líquida de vagas havia sido de 8.057 postos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira. Em junho último, haviam sido criados 25.363 postos com carteira assinada, sem ajustes.
Pesquisa da Reuters feita com analistas mostrou que a mediana das expectativas era de abertura de 7 mil empregos no mês passado.
No acumulado do ano até julho, houve contratação líquida de 504.914 trabalhadores com carteira assinada no dado sem ajuste, menor que os 699.036 contratados em igual período do ano passado.
Uma das principais âncoras do governo da presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição neste ano, o mercado de trabalho vem mostrando sinais de exaustão diante da economia fraca.
O resultado de agora foi sobretudo influenciado pela demissão líquida no setor da indústria de transformação, que em julho ficou em 15.392 trabalhadores, quarto mês consecutivo de fechamento de vagas, segundo o Caged.
"Tivemos a partir de abril desaceleração do setor industrial, que levou à redução das contratações e aumento das demissões nesse setor", disse o ministro do Trabalho, Manoel Dias.
No setor de serviços, em julho, foram abertos 11.894 postos com carteira assinada, 62% a menos do que no mês anterior, quando o saldo foi positivo em 31.143 vagas, sem ajustes.
Com a baixa oferta de postos este ano, o Ministério do Trabalho já reduziu para 1 milhão a previsão de geração líquidas de vagas formais neste ano, bem abaixo da estimativa anterior entre 1,4 milhão e 1,5 milhão de empregos.
A economia vem dando sinais claros de perda de fôlego, aumentando as chances de o País ter entrado em recessão técnica - quando há dois trimestres seguidos de contratação da atividade - no primeiro semestre.
Pesquisa Focus do Banco Central com economistas de instituições financeiras mostra que, pela mediana, as expectativas são de que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá apenas 0,79% neste ano, bem abaixo dos 2,5% vistos em 2013.