Criar uma conta digital leva em média 3 minutos no Brasil
Flexdoc analisou cerca de 10 milhões de operações de registro. O tempo médio em 2019 chegava aos 6 minutos.
A Flexdoc, empresa de engenharia bancária e processamento óptico de transações para bancos, fintechs e varejo, analisou 10 milhões de operações de registros de contas bancárias em diversas instituições que utilizam sua plataforma de serviços.
Entre as descobertas do estudo, a Flexdoc aponta que o registro digital de contas de pessoa física com o uso do celular está levando, em média, 3,5 minutos no Brasil.
Em 35% dos casos, porém, este indicador é bem menor, e cai para 2 minutos, ou menos. A incidência do índice reduzido coincide com os dados de instituições que usam apps específicos para a captura digital instalados no celular do cliente.
Uma parte das instituições, explica a Flexdoc, não utiliza este modelo. Este contingente emprega interfaces não especializadas para a captura móvel com o objetivo de não comprometer recursos nativos do celular do usuário. Em contrapartida, esta economia de memória resulta em maiores dificuldades de operação e na geração de jobs (pacotes de dados e documentos) mais pesados e mais difíceis de serem enviados para a retaguarda de processamento.
A taxa de sucesso geral dos cadastramentos digitais é alta: atinge 70% das operações, considerando apenas o sucesso na primeira tentativa. Enquanto isso, as 25% dos cadastramentos precisam de duas até cinco tentativas para alcançar o registro, e cerca apenas 5% resultam em frustração definitiva considerando-se um período de 30 dias.
As tentativas de fraude em registro digital, apresentando-se dados de terceiros ou documentos não autênticos, atingiram 5% das operações nos registros analisados, o que totalizou mais de 500 mil alertas emitidos pela Flexdoc para as instituições atacadas.
De acordo com a Flexdoc, os processos de registro digital apresentam praticamente 100% de sucesso na detecção dessas tentativas de fraudes, uma vez que diversos fatores de checagem são correlacionados no processo.
Entre estes fatores de autenticação estão o próprio hardware do celular, com suas identidades nativas, cruzadas com dados do chip, as coordenadas de GPS e a conta do usuário, tudo isto o habilitando o aparelho como um token.
Somando-se a isto, o processo de registro emprega a extração de dados digitais do cliente diretamente das imagens de documentos (sem possibilidade de adulteração) e confronta as informações de credenciais com arquivos públicos e privados, como birôs de informação, polícia, cartórios e órgãos de registros.
Para parte das instituições que empregam sua plataforma, a Flexdoc aplica ainda a autenticação biométrica (incluindo prova de vida), hoje totalizando um acervo de mais 50 milhões de faces verificadas.
Os padrões gráficos dos documentos também são confrontados com arquivos de bibliotecas oficiais de diferentes modelos de RG e CNH emitidas ao longo de décadas. Isto permite a exclusão de fraudes de impressão e checagem de variantes como cores, diagramação e tipo de caracteres, além da conferência grafotécnica.
As principais falhas dos registros estão relacionadas à captura de fotos dos documentos, do enquadramento das selfs e erros de operação por parte do usuário.
De acordo com Everson Lima, sócio responsável pela arquitetura de sistemas da Flexdoc, falhas desse tipo são minimizadas pelo uso de apps de captura. Ocupando cerca de 4 Mb na memória do aparelho, um aplicativo móvel ajuda o usuário a conduzir o autosserviço com menos erros de enquadramento de imagens, tomadas de documentos e acionamentos de comando.
“O aplicativo móvel permite processar várias funções da captura no próprio celular, corrigido distorções de imagem e aplicando compressão de dados antes de criar o pacote. Já as jornadas sem aplicativo dependem 100% do processamento em back-office”, completa Lima.
A rejeição das imagens capturadas se dá por fatores como a baixa nitidez (fotos muito apagadas, escuras ou distorcidas) erro de posicionamento do objeto fotografado e sobreposição de obstáculos visuais (como dedo do usuário segurando a CNH ou a capa plástica translúcida envolvendo a credencial).
Outro erro frequente nos registros está na tomada de “selfies”, para as quais o usuário nem sempre é corretamente orientado, sendo que em parte dos casos falhos ocorre a captura de fotos do usuário de corpo inteiro e que são rejeitadas no processo.
Segundo Everson Lima, há uma nítida evolução na eficiência desse tipo registros de onboarding na comparação com 2019. Naquele ano, a captura e execução consumiam até seis minutos em mais da metade das instituições. A exceção eram os chamados bancos digitais puros com plataformas próprias, cuja estrutura de captura e extração já era especialmente projetada para o uso de imagem.
Na avaliação de Lima, a melhora de performance se deve ao aperfeiçoamento progressivo das interfaces de captura e á aplicação de inteligência analítica nas fases de processamento das imagens. Outros pontos favoráveis são a maturidade maior dos usuários, hoje mais aptos ao autosserviço digital, o aumento da banda disponível para os usuários e o upgrade natural de dispositivos para versões mais poderosas.