Criminosos aplicam golpe do 'dinheiro esquecido'; veja como se proteger
Principal golpe é aquele em que o criminoso envia uma mensagem para o WhatsApp disponibilizando um link malicioso, que pode roubar dados
Brasileiros com dinheiro 'esquecido' em instituições financeiras, que já podem solicitar saque dessas quantias pelo Sistema de Valores a Receber (SVR), precisam ficar atentos aos golpes de criminosos que aproveitam o interesse pelo serviço para tentar roubar senhas ou invadir computadores e celulares.
O próprio Banco Central (BC) faz o alerta desde que passou a receber um volume maior de denúncias sobre informações falsas envolvendo o SRV. O principal golpe é aquele em que o criminoso envia uma mensagem feita para o WhatsApp disponibilizando um link malicioso, que ele apresenta como se fosse do SRV, mas, na realidade, ele rouba dados pessoais da vítima, entregando-as para os criminosos.
"O golpista afirma que você tem valores a receber, heranças ou dinheiro esquecido em banco, e envia um link para clicar e receber os valores imediatamente. O link rouba senhas de redes sociais e pode instalar vírus e programas espiões no celular", alerta o BC.
Cuidados
Alguns pontos importantes devem ser destacados. O primeiro deles é que, caso o dinheiro esteja parado, mas você demore a solicitar uma retirada, ele não vai deixar de ser seu. Quando você solicitar, será depositado. Enquanto isso não for feito, vai ficar parado por lá.
O segundo é que você deve tomar cuidado para não cair em golpes. O Banco Central pediu para que as pessoas não acessem links maliciosos. Este é o único link do BC em que os valores são consultados e, posteriormente, solicitados para transferência.
Além disso, o BC também alerta que o serviço é gratuito e que o órgão não entra em contato para tratar sobre valores ou para confirmar seus dados pessoais. Somente a instituição que aparece no Sistema de Valores a Receber é que pode te contatar e ela nunca vai pedir sua senha.
Informações verdadeiras e oficiais sobre o sistema e sobre saques do 'dinheiro esquecido' são divulgadas apenas no site do Banco Central e em suas redes oficiais. O BC nunca envia mensagens por aplicativos de mensagens ou serviço de SMS.
Para saber mais sobre o SVR, acesse: https://t.co/7UQpFgbvg5 pic.twitter.com/PZeiCCUpmo
— Banco Central BR (@BancoCentralBR) January 5, 2023
Passo a passo para sacar seu 'dinheiro esquecido'
Por meio deste link será possível saber se há alguma quantia a ser sacada. Dentro do site, clique no botão "consulte se tem valores a receber".
Uma janela se abrirá pedindo número do CPF ou CNPJ a ser consultado e data de nascimento (para pessoa física) ou de abertura da empresa (para pessoa jurídica).
Nessa etapa, o sistema apenas irá informar se há ou não alguma quantia a ser sacada a partir do dia 7 de março.
Caso você possua valores a receber, haverá um botão "acessar o SVR" e, após clicar, você será direcionado para a página de sua conta Gov.br. O BC informa que a possibilidade de fila de espera nesse processo do sistema.
O BC também detalhou que cada beneficiário terá 30 minutos dentro do sistema, para solicitar o saque, tempo que, segundo o órgão, é suficiente para realizar o processo, mas que é preciso ficar atento a um reloginho que irá aparecer no canto superior da tela.
Para acessar valores de pessoa jurídica, a conta Gov.br precisa ter o CNPJ a ela vinculado. Em caso de pessoas físicas ou pessoas falecidas, a conta tem que ser nível prata ou ouro. A seguir, saiba como proceder:
Por padrão, toda conta criada pelo Gov.br recebe o selo bronze. Existem métodos online para você aumentar de nível, inclusive pelo próprio aplicativo da plataforma. Um sistema de verificação facial já pode ser suficiente para essa melhoria.
Para elevar o nível de segurança para o selo prata há diversas formas de fazê-lo. Quem tem cadastro no Denatran, por exemplo, pode usar esses dados para obter o selo prata, já que o sistema cruzará as informações com sua CNH. Já quem é servidor, utilizando dados do Sigepe também é possível elevar o nível. Há ainda uma terceira forma, que é validação com cadastro de banco pela internet. Verifique na lista se essa opção é possível com seu banco.
Já para obter o selo ouro é preciso fazer o reconhecimento facial. Nesse caso, recomendamos o uso do app gov.br para celular, que irá utilizar a câmera do seu aparelho para o processo.
O Terra fez o teste com uma conta prata e solicitou o upgrade no botão "aumentar nível", que fica bem visível logo no topo da página.
Na sequência, o sistema pede acesso à câmera para que o reconhecimento facial seja feito. É preciso posicionar o rosto em um espaço que é exibido no app, e permanecer assim por cerca de três segundos, até que o reconhecimento seja concluído. Dessa forma, você consegue o selo ouro, que é o maior nível de segurança fornecido pelo sistema.
Opções de saque
Feito todo esse processo, o sistema dará ao beneficiário duas opções de saque:
• Pix: Nesse caso, haverá a opção "solicitar por aqui", ou seja, a instituição financeira na qual se encontra seu dinheiro esquecido dá a possibilidade de receber esse valor por Pix em até 12 dias úteis. É preciso informar a chave Pix para a conta que você quer receber. Dica: sempre anote o número de protocolo se precisar falar com a instituição.
• A combinar: Quando a instituição não oferece a opção de saque via Pix, o sistema irá informar um contato, telefone ou e-mail, para que o beneficiário acione a instituição financeira e combine a melhor forma de receber o valor.
Maioria receberá menos de R$ 10
O relatório do BC aponta que 29,2 milhões de contas, o equivalente a 62,55% do total, têm menos de R$ 10 de valores "esquecidos" a serem resgatados. Na outra ponta, apenas 643,1 mil contas, ou 1,37% do total, têm valores acima de R$ 1.000,01.
Veja abaixo a quantidade de beneficiários para cada faixa de valor:
• Até R$ 10: 29.282.110 contas (62,55%);
• Entre R$ 10,01 e R$ 100: 12.195.837 contas (26,05%);
• Entre R$ 100,01 e R$ 1.000: 4.694.862 contas (10,03%);
• Acima de R$ 1.000,01: 643.105 contas (1,37%).
Os dados do BC também apontam que a maior parte dos valores, R$ 3,1 bilhões, se encontra nos bancos. Logo em seguida, estão as administradoras de consórcio, com R$ 2,1 bilhões, e as cooperativas, com R$ 602,7 milhões.
Veja abaixo o valor total de recursos "esquecidos" em cada tipo de instituição e a quantidade de beneficiários (a quantidade se refere ao total de contas, já que uma pessoa pode ter várias contas com valores esquecidos):
• Bancos: R$ 3.187.355.784,83 / Beneficiários: 28.308.773
• Administradoras de consórcio: R$ 2.149.913.448,90 / Beneficiários: 8.901.738
• Cooperativas: R$ 602.764.641,30 / Beneficiários: 2.437.485
• Instituições de pagamento: R$ 96.135.472,69 / Beneficiários: 1.733.340
• Financeiras: R$ 40.286.992,88 / Beneficiários: 3.078.240
• Corretoras e distribuidoras: R$ 9.464.761,52 / Beneficiários: 11.791
• Outros: R$ 1.920.882,18 / Beneficiários: 192
(* Com informações do Estadão Conteúdo)