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Crise bilionária da Americanas pode afetar lojistas e clientes

O momento é de cautela, mas o tamanho do problema vai afetar todos os envolvidos

12 jan 2023 - 11h57
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Foto: Montagem Homework

Surgida da fusão da Lojas Americanas com a B2W, a Americanas S.A. entrou em crise por causa de “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões, anunciadas na quinta-feira (11).

A empresa ainda não disponibilizou muitas informações, mas limita-se a dizer que “o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial”, sem especificar se está se referindo ao caixa imediato.

Investidores, gestores, analistas, contadores e auditores tentam entender qual o alcance do problema, enquanto lojistas e clientes se preocupam em como serão afetados pela crise. 

Em setembro de 2022, a empresa divulgava ter R$ 47 bilhões em ativos, mas o patrimônio líquido (PL) ficava em R$ 14 bilhões. Um negativo de R$ 20 bilhões é mais do que suficiente para deixar o PL da empresa também negativo.

É hora de vender ações da Americanas?

“Pelos próprios relatórios que a XP está enviando, eles colocaram os papéis (AMER3) sob revisão. Existia uma recomendação de compra, agora foi para revisão”, explica Paulo Cunha, especialista em mercado financeiro e CEO da iHUB Investimentos. “Muitos recomendavam compras das ações da empresa e ninguem esperava isso, vindo da Americanas. É válido lembrar que eles possuem os mesmos controladores da Ambev, então é um grupo muito bem visto no mercado, considerada uma empresa idônea e sólida.”

Quem será afetado pela crise da Americanas?

“O que está acontecendo hoje, não está afetando apenas as varejistas, bancos também estão sendo afetados, porque você não sabe se isso pode vir a gerar algum tipo de inadimplência, do lado dos bancos, e qual é o tamanho dessa exposição”, analisa Cunha.

“Esta também afetando a Cielo, como empresa de meio de pagamentos, mas no geral, a situação acaba gerando uma certa desconfiança na bolsa como um todo. Porque se não temos segurança em relação ao números que são apresentados pelas empresas, fico tudo muito incerto. O mercado como um todo está reagindo de forma mais negativa”, completa ele. “Pode ser um dia considerado como de ajuste, já que a bolsa vem subindo a vários dias, mas com certeza, a situação da Americanas não afeta apenas as varejistas não. A notícia negativa pode afetar muitas ações no pregão de hoje, mas se de fato irá vir afetar o dia a dia das empresas, ainda é incerto.”

Como fica o vendedor comum e o cliente, o cashback?

“Nesse primeiro momento, as pessoas vendem para depois tentar fazer contas. Esperamos que não tenha um impacto tão grande em outras empresas, em outros segmentos, até mesmo outras varejistas, esperamos que seja uma questão mais de humor do mercado”, diz o especialista.  

“Ainda é muito cedo para falar e nem os analistas estão se arriscando a dar muito palpite, no máximo que está sendo feito é a suspensão de recomendações, colocando em revisão. É necessário aguardar os próximos anúncios da empresa”, finaliza Cunha.

Renúncia na diretoria pode afetar a empresa

Sergio Rial e André Covre, que haviam assumido há algumas semanas como presidente e diretor financeiro, respectivamente, renunciaram aos seus cargos. João Guerra está interinamente na presidência.

A diretoria mandou comunicado aos funcionários dizendo que a empresa tem R$ 8 bilhões em caixa. “Seguiremos pagando nossos fornecedores nos prazos estipulado e todas as nossas obrigações”, informou o comunicado.

Auditoria aprovou tudo sem ressalvas

Em 2021, a Americanas fez sua último auditoria completa com a PwC, que aprovou as demonstrações financeiras da companhia sem ressalvas.

“As demonstrações contábeis referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Americanas S.A. e da Americanas S.A. e suas controladas em 31 de dezembro de 2021, o desempenho de suas operações e os seus respectivos fluxos de caixa consolidados”, diz o relatório da PwC de 24 de fevereiro de 2022.

Redação Dinheiro em Dia
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