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Crise grega: qual a posição dos outros países europeus?

8 jul 2015 - 06h11
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Líderes da zona do euro estão de volta a Bruxelas para discutir saídas para a crise da dívida grega.

A relação entre Grécia e União Europeia nunca foi tão tensa
A relação entre Grécia e União Europeia nunca foi tão tensa
Foto: AFP

Divididos sobre como lidar com a Grécia, eles cobravam do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, propostas para renegociar a dívida grega até terça-feira. Como isso não ocorreu, o prazo foi estendido até quinta.

Eleitores gregos rejeitaram no domingo os termos de um empréstimo que exigiria do país novas medidas de austeridade.

Embora alguns países pareçam dispostos a costurar um acordo com Atenas, outros têm adotado uma postura mais dura.

A BBC analisou como algumas nações-chave se posicionam no debate.

NEGOCIADORES

Alemanha

A premiê Angela Merkel está sob pressão em seu país para expulsar a Grécia da zona do euro. Em nenhum país os clamores pela expulsão da Grécia da moeda comum são maiores que na Alemanha.

O desfecho do caso terá um grande impacto para Merkel, que é cobrada a abandonar o apoio financeiro aos gregos.

Ela diz que ainda há base para negociações. Acredita-se que a Grécia pedirá para acessar reservas de emergência do Mecanismo Europeu de Estabilidade, o fundo criado para resgatar países da zona do euro em dificuldades.

Merkel diz que, sem reformas na Grécia, não será "possível chegar onde queremos".

O vice-premiê, Sigmar Gabriel, afirmou que o primeiro-ministro grego "derrubou as últimas pontes" entre a Grécia e a Europa.

França

A Grécia pode ter no presidente francês, François Hollande, um apoiador.

O governo socialista francês, um aliado natural do Syriza – o partido de esquerda do governo grego –, tem sido mais conciliatório.

Hollande diz querer que a Grécia continue no euro, mas que Atenas precisa fazer "propostas sérias, críveis".

"O ônus de fazer as propostas é da Grécia. Cabe à Europa mostrar solidariedade ao lhes dar uma perspectiva de médio prazo, com ajuda imediata."

O primeiro-ministro, Manuel Valls, disse na terça-feira que a saída da Grécia da zona do euro teria consequências globais e afirmou que havia condições para um acordo.

Mas o ex-primeiro ministro Alain Juppé, que buscará se candidatar à Presidência pela oposição, escreveu que a saída da Grécia da moeda comum poderia ser organizada "sem drama".

Itália

O premiê Matteo Renzi quer encontrar uma forma "definitiva" para resolver a crise.

O governo italiano deve se unir à França na busca por um acordo. Como a Grécia, a Itália tem altos níveis de endividamento e é vista como vulnerável às agitações de uma eventual saída do país da zona do euro.

Ao chegar a Bruxelas na terça, Renzi disse que era do interesse da Grécia "permanecer na zona do euro".

"Acho que eles farão de tudo para alcançar um acordo e acho que, se não hoje, nas próximas horas esse acordo pode ser negociado".

Mas a Grécia "deve seguir as regras", ele afirmou.

Sandro Gozi, o mais alto representante italiano na União Europeia, disse que tanto a Grécia quanto o bloco eram culpados por conversas que ele chamou de "um diálogo entre surdos".

"Se todos acharem que estão totalmente certos e os outros, totalmente errados, não teremos progresso", ele disse a uma emissora.

NAÇÕES ENDIVIDADAS

Espanha

O voto "não" na Grécia foi um estímulo para o partido espanhol Podemos, que é contra medidas de austeridade.

"Todos queremos que a Grécia continue dentro do euro", disse o ministro da economia espanhol, Luis de Guindos.

Ele afirmou que o governo da Espanha estava aberto a novas negociações com a Grécia.

Mas o premiê, Mariano Rajoy, disse que, se a Grécia permanecer na zona do euro, deve realizar reformas para pagar suas dívidas.

"Estamos inclinados a ajudar a Grécia, mas a Grécia precisa seguir as regras da Europa", ele disse.

A Espanha também foi duramente afetada pela crise financeira e adotou medidas de austeridade para combater um encolhimento na economia e o crescente desemprego.

O partido Podemos, de extrema esquerda, tem na plataforma antiausteridade um de seus principais pilares e vem ganhando popularidade.

A sigla afirmou que o resultado do referendo na Grécia era uma vitória para a democracia.

Chipre

Na lista dos países europeus que receberam empréstimos, o Chipre apoia os pedidos gregos por uma reestruturação da dívida.

Cipriotas conhecem bem os efeitos de uma crise financeira – seus maiores bancos quase quebraram em 2013, quando ficaram expostos à dívida grega.

Irlanda

O premiê Enda Kenny, cujo governo impôs medidas de austeridade após empréstimos ao país, afirmou que ninguém quer ver a Grécia fora do euro.

Ele afirmou que Alexis Tsipras estava "fazendo a coisa certa" ao apresentar novas propostas às instituições europeias, mas disse que elas devem ser razoáveis economicamente.

Portugal

Líderes portugueses rejeitaram comparações com a Grécia e cobraram Tsipras a apresentar novas propostas para acalmar os membros da zona do euro.

Portugal recebeu 78 bilhões de euros de outros países do bloco e do FMI em 2011, mas diz que fez sacrifícios para seguir adiante.

OUTROS PAÍSES

Eslováquia e países bálticos

O ministro das Finanças eslovaco, Peter Kazimir, acha que a Grécia pode deixar o euro.

Governos da Estônia à Eslováquia têm adotado uma postura dura nas negociações com a Grécia.

Eles dizem ser muito pobres para pagar pelos erros do vizinho e que o país deveria ter seguido os planos de austeridade com os quais se comprometeu ao receber empréstimos.

Polônia

A premiê polonesa, Ewa Kopacz, diz que o voto "não" deverá levar a Grécia a deixar o euro.

A Polônia é membro da União Europeia desde 2004, mas ainda não faz parte da zona do euro, tendo mantido sua moeda nacional, o zloty.

A entrada na zona do euro é impopular entre os poloneses, e o governo tem dito que não entrará no bloco até que a crise grega se resolva.

Finlândia, Holanda, Áustria e Bélgica

Os países têm apoiado a linha dura com que a Alemanha trata o caso.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse em Bruxelas que está "muito desanimado" com a reunião para lidar com o caso.

"Estou aqui para manter a integridade, a coesão e os princípios subjacentes da união monetária", ele afirmou.

O ministro das Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, disse que "a bola está nas mãos da Grécia".

Malta

O premiê de Malta diz que o futuro do projeto europeu está em jogo. O menor país da eurozona tem pago um preço alto pela crise na nação vizinha.

Entre 2% e 4% do PIB do país está investido na dívida grega.

O premiê do país, Joseph Muscat, afirmou em Bruxelas que as negociações provavelmente serão "uma perda de tempo".

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