CVC Brasil espera dinâmica positiva de abertura de lojas e corte adicional de despesas
A CVC Brasil enxerga uma dinâmica positiva de abertura de lojas a partir do trimestre atual e prevê uma redução adicional "material", mas gradual, nas despesas gerais e administrativas no próximo ano, disseram executivos da companhia nesta segunda-feira.
Em teleconferência com analistas, o presidente do grupo de turismo, Fábio Godinho, afirmou que a abertura de lojas físicas é uma das prioridades da nova gestão da empresa, que assumiu em meados deste ano, e parte de uma estratégia maior de elevação de rentabilidade da companhia.
A CVC Brasil divulgou na noite de sexta-feira um prejuízo líquido de 87,5 milhões de reais no terceiro trimestre, contra perda de 75 milhões de reais um ano antes. Apesar do resultado ainda no vermelho, o 'take rate' consolidado -- divisão da receita líquida pelas reservas consumidas -- subiu em 1,6 ponto percentual, a 9,6%, ajudando o crescimento da receita líquida em 11,3% ano a ano.
"Começam pouco a pouco a aparecer os resultados da nossa estratégia, que é trazer de volta o DNA original de cada empresa do grupo, porém sempre colocando mais inovação e tecnologia", disse Godinho a analistas. Além da marca homônima, a CVC detém unidades como a Experimento, de intercâmbio, e a Visual, de viagens sob medida.
O executivo afirmou que o objetivo da gestão da empresa é manter o crescimento de vendas e de rentabilidade, o que deve levar à abertura de novas lojas pelos franqueados.
"A partir do quarto trimestre e do ano que vem, a gente já vê uma dinâmica de "net positive" de novas lojas bastante importante", disse Godinho, que chegou à companhia em junho.
Questionado sobre um potencial ganho da CVC pela crise vivida por algumas empresas de turismo, Godinho disse que a dinâmica macroeconômica está "bastante positiva", mas que parte dessa demanda não existe de fato.
"Uma grande parcela desses clientes estava comprando produtos que não existem, por preços que não existem", afirmou.
A CVC também vê espaço para redução adicional de despesas gerais e administrativas, após queda de 22,7% no indicador no terceiro trimestre contra igual período do ano anterior, de acordo com o diretor financeiro do grupo, Carlos Wollenweber, que assumiu a posição no início de maio.
"É difícil falar exatamente qual vai ser o ganho daqui para frente (com despesas gerais e administrativas), mas o que podemos adiantar é que é uma redução ainda material que vamos continuar a ter ao longo dos próximos trimestres", disse ele, acrescentando que o movimento envolverá demissões, sem detalhar quantas, e que será mais gradual.
A empresa já reduziu cerca de 100 milhões de reais em despesas operacionais (opex), com demissões em cargos mais altos e consolidação ou extinção de áreas, de acordo com o diretor.
ESTRUTURA DE CAPITAL
Na parte financeira, a CVC busca reduzir a participação do cartão de crédito no negócio, através do incentivo a outras opções de pagamento, como parcelamento via boleto e até um modelo que envolve o saque FGTS.
O grupo utilizou durante o terceiro trimestre os recursos captados em follow-on feito em junho para diminuir a antecipação de recebíveis de cartão de crédito, de modo a carregar menos juros ao longo do tempo. Isso elevou a linha de "contas a receber" do balanço patrimonial em 425 milhões de reais no período.
Porém, a medida impactou negativamente o caixa da CVC, que registrou consumo de 424,6 milhões de reais no trimestre, e consequentemente, gerou um aumento na dívida líquida em 393,5 milhões de reais ante o segundo trimestre -- a dívida líquida mede o patamar de endividamento menos o caixa.
"Estamos equilibrando bem o 'working capital' (capital de giro) da companhia, sendo que a redução do caixa veio por uma eficiência, uma racionalização melhor na antecipação de contas a receber, especialmente de adquirente de cartão de crédito", disse Wollenweber.
Por volta de 16h20, as ações da CVC caíam cerca de 8% na bolsa, tendo ampliado as perdas nesta tarde. O Ibovespa operava praticamente estável.