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Davos: Fórum Econômico Mundial acumula previsões equivocadas

Líderes empresariais e chefes de Estado se reúnem nesta semana para discutir os rumos da economia global, mas nem sempre acertam no que dizem

19 jan 2015 - 10h29
(atualizado em 20/1/2015 às 09h32)
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<p>Logo do Fórum Econômico Mundial é visto na janela do centro de convenções de Davos, na Suíça</p>
Logo do Fórum Econômico Mundial é visto na janela do centro de convenções de Davos, na Suíça
Foto: Christian Hartmann / Reuters

Enquanto a elite política e do mundo dos negócios sobe esta semana aos Alpes suíços para um encontro anual de observação da bola de cristal, a história sugere que os especialistas de Davos são susceptíveis a uma porção de conclusões erradas.

Mais de 1.500 líderes empresariais e 40 chefes de Estado e de governo estarão presentes na reunião anual do Fórum Econômico Mundial entre 21 e 24 de janeiro para fazer contatos e discutir grandes temas, desde o preço do petróleo até o futuro da Internet.

Este ano, eles estão se encontrando em um período de turbulências, com as forças de segurança em alerta após ataques em Paris, o Banco Central Europeu considerando adotar um programa radical de compra de títulos e o franco suíço, moeda tida como um porto seguro, em valorização vertiginosa.

O ar da montanha incentiva pronunciamentos confiantes, mas a precisão das previsões de Davos oscilou nos últimos anos.

Entre os fiascos dos prognósticos do ano passado se incluem o do chefe do Banco Central do Japão, Haruhiko Kuroda, que declarou que a situação no seu país estava "completamente mudada". Doze meses depois, a economia japonesa está de volta à recessão.

E ninguém no ano passado previu anexação da Crimeia pela Rússia, a ascensão do Estado Islâmico ou o petróleo a US$ 50 o barril.

<p>Em 2011, a então ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, hoje diretora-gerente do FMI, declarou que a zona do euro tinha "virado a página" em relação à crise econômica</p>
Em 2011, a então ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, hoje diretora-gerente do FMI, declarou que a zona do euro tinha "virado a página" em relação à crise econômica
Foto: Ruben Sprich / Reuters

As crises gêmeas na zona do euro e no setor bancário também foram falhas evidentes nas avaliações dos formuladores de políticas e especialistas.

Em 2011, a então ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, declarou que a zona do euro tinha "virado a página" e pediu aos mercados financeiros que não apostassem contra a Europa. O bloco passou a ter um ano terrível em que a venda a descoberto teria sido uma tática decididamente inteligente.

Em 2012, a situação se inverteu quando o economista Nouriel Roubini, que previu a crise das hipotecas subprime no mercado norte-americano, previu que a Grécia deixaria o euro dentro de um ano. Isso não aconteceu, apesar de o assunto estar de volta à agenda a tempo para a festa de Davos este ano.

O ponto baixo das previsões, no entanto, foi em janeiro de 2008. Apesar do início da crise do subprime, a multidão esmagadora em Davos não conseguiu detectar o colapso desencadeado pela quebra do Lehman Brothers, apenas oito meses mais tarde.

Um comentário do chefe da Autoridade de Investimentos do Kuwait, Bader Al Sa'ad, de que pechinchas encontradas no setor financeiro os EUA representavam "pura oportunidade de investimento", resumiu o estado de espírito confiante demais na época.

No mundo da tecnologia, Bill Gates, o cofundador da Microsoft , fez uma famosa previsão em 2004 de livrar o mundo dos spams no prazo de dois anos. Três bilhões de usuários de internet em todo o mundo ainda estão à espera.

Mas Davos tem sido bom para detectar algumas megatendências, como a ascensão dos mercados emergentes e, mais recentemente, o gás de xisto reequilibrando o crescimento econômico nos Estados Unidos. O fórum também sinalizou futuras tensões globais, tais como o acesso à água e os problemas de segurança na Internet.

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