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De desastres naturais a terrorismo: os 5 grandes riscos globais em 2017, segundo o Fórum Econômico Mundial

12 jan 2017 - 12h33
(atualizado às 14h16)
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Com a chegada de 2017, o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) divulgou a edição anual do estudo que procura antecipar os principais riscos e desafios globais para os próximos 12 meses.

O documento, intitulado Global Risks Report (Relatório de Riscos Globais, em tradução livre), avalia tendências e serve de bússola para a formulação de políticas e estratégias de governos e empresas.

Ele foi divulgado uma semana antes do início da reunião anual do Fórum em Davos, na Suíça, que conta sempre com a presença de acadêmicos e líderes empresariais e políticos do mundo inteiro.

Confira quais são as cinco maiores ameaças para o mundo em 2017, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Confira quais são as cinco maiores ameaças para o mundo em 2017, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Foto: ESA/NASA / BBC News Brasil

Confira quais são as cinco maiores ameaças para o mundo em 2017, segundo a "bola de cristal" do WEF:

1) Eventos climáticos extremos

O relatório lembra que 2016 foi o ano mais quente da história, com temperatura global 1,14ºC acima da observada antes da Revolução Industrial.

Sugere que as mudanças climáticas trazem consequências sociais graves, como imigração - segundo o estudo, 21,5 milhões de pessoas tiveram que emigrar desde 2008 por eventos relacionados ao clima.

A entidade defende o cumprimento do Acordo de Paris, fechado em 2015 e que pressupõe a participação de todas as nações - não apenas países ricos - no combate ao aquecimento global.

"Muitos riscos causados por não se fazer nada a respeito do clima irão transbordar para ameaças sociais e geopolíticas. Veremos crescente imigração por riscos ambientais", afirmou Margareta Drzeniek-Hanouz, chefe do setor de Competitividade Global e Riscos do WEF.

2) Imigração em larga escala

Motivadas por catástrofes naturais e também por conflitos violentos, as ondas migratórias deverão se exacerbar em 2017, aponta o Fórum de Davos.

O relatório identifica ainda o risco de essa tendência ser explorada por políticos populistas, em busca de votos e aprovação popular.

"A imigração se mostrou ser um assunto político extremamente bem-sucedido entre os populistas anti-establishment, gerando uma ameaça eleitoral em vários países", afirma o texto, que enumera desafios decorrentes do avanço de "tensões culturais".

"A imigração cria tensões culturais: há necessidade de dar espaço para a tolerância religiosa sem abrir a porta para o extremismo. Há a necessidade de encorajar a diversidade que traz inovação sem alimentar ressentimento", aponta.

A organização reconhece que, assim como ocorre com a globalização, há setores da sociedade que não experimentam os benefícios gerais à economia proporcionados pela imigração.

"Os desafios humanitários continuarão a criar ondas de pessoas - e nos países onde há baixos índices de fertilidade e número de aposentados crescendo a imigração será necessária para trazer novos trabalhadores."

3) Grandes desastres naturais

Desastres naturais de grande escala são uma ameaça real à infraestrutura produtiva global, aponta o Fórum de Davos.

O relatório cita um estudo da Universidade de Oxford (Inglaterra) que simulou o impacto destrutivo de uma enchente na região costeira da China, que concentra produção para exportação.

Mais de 130 milhões de pessoas seriam afetadas em um eventual desastre, comprometendo a cadeia internacional de comércio.

"Interdependência entre diferentes redes de infraestrutura está aumentando o escopo de falhas sistêmicas (…) que podem se acumular e afetar a sociedade de formas imprevisíveis", prevê o relatório.

4) Terrorismo e vigilância

Homenagem a vítimas de atentado em mercado de Berlim; ações terroristas no Ocidente não devem diminuir neste ano, prevê relatório
Homenagem a vítimas de atentado em mercado de Berlim; ações terroristas no Ocidente não devem diminuir neste ano, prevê relatório
Foto: EPA / BBC News Brasil

Ataques terroristas têm motivado um reforço na vigilância estatal sobre cidadãos, mas tais ferramentas muitas vezes são usadas com fins políticos, alerta o relatório, que diz ver a tendência com "preocupação".

"Em alguns casos, problemas de segurança e protecionismo (…) têm sido usados como razão para reduzir dissidências. Em outros casos, restrições às liberdades são efeitos colaterais de um pacote de segurança bem intencionado, (mas) essas tendências preocupantes estão aparecendo até mesmo em democracias."

O Fórum de Davos projeta uma "situação potencialmente explosiva" em países que coíbem a liberdade de expressão em nome do combate ao terrorismo.

"Ferramentas tecnológicas estão sendo utilizadas para aumentar a vigilância e o controle sobre cidadãos e erradicar críticas (aos governos). Restringir novas oportunidade a formas democráticas de expressão e mobilização e, por consequência, toda uma gama de direitos, gera uma situação potencialmente explosiva."

5) Fraudes eletrônicas e roubo de dados

Outra ameaça citada pelo Fórum de Davos são as fraudes cibernéticas, que podem avançar diante de legislações frágeis e falta de ações conjuntas entre governos e setor privado.

Em entrevista à BBC Brasil, o presidente da empresa de análise de risco Marsh, John Drzik, que atuou na elaboração do relatório, diz que criminosos estão cada vez mais próximos das vítimas, pois aparelhos eletroeletrônicos domésticos estão sendo conectados à internet.

"A introdução de novas tecnologias deixará isso potencialmente ainda mais perigoso. Será possível invadir aparelhos domésticos como termômetros eletrônicos" exemplificou.

Drzik citou ainda a ameaça de ataques patrocinados por governos e orientados por interesses comerciais.

"Precisaremos de coordenação entre países na esfera internacional e entre governo e iniciativa privada para desenvolver respostas de governança", afirmou.

Golpes com cartão de crédito são recorrentes no Brasil; fraudes e invasão de dados serão problemas em 2017
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Foto: Martin Keene/PA Wire / BBC News Brasil

Propostas de ação

O relatório também sugere ações para enfrentar as ameaças à economia global, concentradas em quatro frentes:

Reformas econômicas

Entre 1900 e 1980, a desigualdade social recuou nos países ricos, mas entre 2009 e 2012 a renda dos 1% mais ricos nos Estados Unidos, por exemplo, cresceu mais de 31%, lembra o relatório.

O documento defende a adoção de mecanismos de distribuição de benefícios econômicos, e cita o Bolsa Família, iniciativa federal de transferência de renda no Brasil, como medida eficiente na mitigação da desigualdade social.

Pontes culturais

Décadas de mudanças econômicas e sociais rápidas aumentaram o fosso entre as gerações e amplificaram conflitos de identidade pelo mundo, aponta o WEF.

O desafio diante de um cenário muitas vezes agravado pelo debate desinformado e pautado por emoções, aponta a entidade, é construir pontes que conectem diferenças culturais e preservem direitos individuais.

Gestão de mudanças tecnológicas

A automação da mão de obra respondeu por cerca de 86% dos empregos perdidos na indústria nos EUA entre 1997 e 2007, aponta o documento, que procura isentar a integração dos mercados globais pelo problema.

"Movimentos populistas tendem a focar a culpa pela perda de empregos na globalização (…) embora a evidência aponte a tecnologia como principal fator. As manufaturas nos Estados Unidos não regrediram. O país está produzindo mais do que nunca, apenas emprega menos trabalhadores", afirma o relatório.

Diante de transformações na natureza do trabalho, conclui o documento, novos empregos colaborativos precisam ser criados para minimizar a desocupação humana.

Cooperação global

O Fórum defende a importância de se resgatar a relevância de organismos de governança global, como as Nações Unidas e entidades de promoção do comércio internacional.

A tendência de valorização nacional e desvalorização internacional enfraquece os laços de confiança entre povos e nações, aponta o órgão.

A cooperação internacional também é fundamental, diz o WEF, para manter o aquecimento global dentro do limite de dois graus centígrados, cortando as emissões de carbono em 40-70% até 2050 e eliminando-as completamente em 2100.

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