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Deep tech: 3 ensinamentos do startupeiro-cientista Ricardo Bonfim

Ricardo é um dos fundadores da Neogenys, startup de biotecnologia que desenvolveu o Neoprofiler, tecnologia de diagnóstico molecular

2 ago 2024 - 06h15
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Ricardo Bonfim
Ricardo Bonfim
Foto: Divulgação

O Brasil é o 14º país no ranking mundial de publicação científica, segundo a revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), mas o senso comum mostra que o conhecimento dificilmente ultrapassa os limites da universidade. Falta de interesse de investidores e de conhecimento dos pesquisadores figuram entre os principais motivos. Mas, por algum motivo que nem ele sabe explicar, Ricardo Bonfim conseguiu quebrar o feitiço e, junto de seus sócios, tangibilizar pesquisa científica de alta complexidade na deep tech Neogenys.

A startup foi criada em 2019 nos corredores da Faculdade de Medicina do campus Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo graças ao programa Pesquisa inovativa em Pequenas Empresas (Pipe), da Fapesp.  Do interior do Brasil nasceu com desenvolvimento 100% nacional o Neoprofiler - tecnologia de diagnóstico molecular que ajuda a mapear o meduloblastoma, um dos cânceres infantis mais agressivos que existem, a um valor quatro vezes inferior ao cobrado no mercado. 

Ainda assim, a Neogenys enfrenta barreiras na obtenção de recursos por parte dos fundos de investimento que, no Brasil, têm pouco conhecimento e, consequentemente, nenhum interesse no tão promissor universo das deep techs.  "Até vemos algumas venture builders voltadas a deep techs, mas ainda são muito poucas. Se não for a primeira, a segunda pergunta é: qual o faturamento? Mas para uma deep tech colocar seu produto no mercado e ter um bom faturamento demora muito, porque são tecnologias complexas e muito difíceis. Os fundos deveriam ter uma preocupação maior com a proposta", contou. 

Mesmo com dificuldade, a vida do empreendedor segue - afinal, estamos falando do (podcast) Vale do Suplício. Se a riqueza e a glória merecidas ainda não chegaram para Ricardo, ele ao menos colhe frutos das derrapadas que deu ao longo de sua trajetória - e conta as principais ao quadro (Des)Aprendendo com o Exemplo:

A ilusão de um acadêmico sobre o universo das startups (e de todos os startupeiros, vai)

"De que a gente iria ganhar muito dinheiro rápido (risadas nervosas podem ser conferidas no podcast). Mas é muito trabalhoso. Você precisa ter muita dedicação, perseverança. E uma palavra, inclusive melhor: resiliência. Porque são muitos 'nãos'. São muitas coisas que dão errado, e você quer desistir."

Relação com sócios (difícil com a metadinha, difícil sem a metadinha)

"Difícil essa parte de sociedade. Ela é muito delicada. Escolha muito bem os seus sócios. Um dos maiores motivos de uma startup não dar certo é o relacionamento entre os sócios. Eu aprendi a ser mais racional. Eu tinha um pensamento um pouco mais amigável."

Um erro no trato com cliente (não é só cientista não, viu?)

"Falar muito do que você sabe. Precisa ser mais objetivo e focado no que é para falar com o cliente. Principalmente a gente, que é acadêmico, que sabe muita coisa técnica, que sabe muita coisa científica, você quer falar tudo, mas naquele momento aquilo não é importante. Então, é preciso aprender a filtrar."

Saiba mais sobre a Neogenys e sua tecnologia que está revolucionando o tratamento do meduloblastoma. Assista (ou ouça, você quem sabe) o episódio completo aqui

(*) Adriele Marchesini é jornalista especializada em TI, negócios e Saúde e cofundadora da agência essense, que já apoiou mais de 100 empresas na construção de conteúdo narrativo e multiplataforma para negócios. Junto de Silvia Noara Palladino, criou o podcast Vale do Suplício, que traz histórias de empreendedores que falam pouco, mas fazem muito.    

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