Após caminhoneiros, petroleiros anunciam paralisação
Petroleiros são obrigados a manter pelo menos 30% da produção e, devido ao estoque mantido nas distribuidoras em razão da manifestação dos caminhoneiros, o abastecimento aos postos de gasolina poderá seguir sem alterações
RIO - Ainda tentando se recuperar do desabastecimento provocado pela paralisação dos caminhoneiros, o Brasil passará a conviver a partir desta quarta-feira, 30, com o movimento grevista dos petroleiros, que estão divididos em duas federações. Uma das federações, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que congrega 14 sindicatos anunciou greve de advertência por 72 horas, mas que poderá passar a ser por tempo indeterminado em nova assembleia no dia 12 de junho.
Já a Federação Nacional do Petroleiros (FNP), que reúne cinco sindicatos, convocou de forma direta uma paralisação por tempo indeterminado já a partir de quarta-feira.
Devido a uma derrota na justiça em uma greve realizada em 1991, os petroleiros são obrigados a manter pelo menos 30% da produção. Para tentar barrar a paralisação, o governo, através da Advocacia Geral da União (AGU) e da Petrobrás tentam no Tribunal Superior do Trabalho (TST) uma liminar para impedir o movimento.
As greves de petroleiros podem afetar a produção da Petrobrás, mas geralmente não interrompem o abastecimento por conta dos estoques das distribuidoras. Segundo uma fonte de uma grande empresa do setor, por causa da greve dos caminhoneiros as distribuidoras estão com os estoques lotados, e, portanto, deverão atravessar a greve dos petroleiros sem problemas.
Na greve de 1995, a maior realizada pela categoria, feita durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a parada dos trabalhadores durou 32 dias e impactou o abastecimento do País, apesar do TST ter considerado o movimento abusivo no seu sétimo dia. Entre os petroleiros, a informação é de que se passar de cinco dias, será inevitável um impacto para a produção, mas a população não deve ser prejudicada.
Em 2015, uma greve por reajuste salarial durou cerca de 20 dias e apesar de reduzir 5% da produção, não afetou o abastecimento por conta de estoques das distribuidoras.
"Mas não queremos afetar a população, queremos inclusive cumprir o que a AGU e a Petrobrás pediram ao TST, que 100% dos trabalhadores da Petrobrás mantenham as atividades, é isso que queremos, mas não é isso que está acontecendo", disse ao Estadão/Broadcast o diretor da FUP Simão Zanardi, lembrando que a pauta da greve pede o fim da venda de ativos da Petrobrás.
Os petroleiros pedem que a companhia volte a produzir 100% da capacidade em suas refinarias, o que não está ocorrendo, segundo Zanardi, por conta da política de preços da estatal, cujo fim também faz parte das reivindicações da categoria, por abrir espaço para importadores de combustíveis.
Segundo ele, o parque de refino da Petrobrás está operando com cerca de 60% e o número de importadoras de combustíveis passou de 40 em julho do ano passado, quando começou a nova política de preços, para 300 atualmente.
A FUP passou o dia em assembleias por todo o País para dar orientações sobre a greve de 72 horas, classificada como uma greve de advertência, que poderá passar a ser por tempo indeterminado em uma decisão que será tomada no dia 12 de junho. Já a FNP, que inicia na quarta uma greve por tempo indeterminado, fará uma avaliação diária se o movimento prossegue ou não, explicou a assessoria da entidade.
Desde segunda-feira, a FNP promove manifestações em unidades da Petrobrás em vários estados, como o Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio; um terminal no Pará e na base de Urucu, no Amazonas.
A Petrobrás informou em nota, que "foi notificada pelas entidades sindicais sobre paralisação nos dias 30 e 31 de maior, além de 1º de junho. A companhia tomará as medidas necessárias para garantir a continuidade das operações", limitou-se a dizer, sem explicar quais medidas serão tomadas.
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