Desemprego cai no 2º tri no Brasil, mas com aumento do trabalho informal, mostra Pnad Contínua
O mercado de trabalho no Brasil melhorou no segundo trimestre, com a taxa de desemprego recuando a 13 por cento, mas o movimento veio com o reforço do emprego informal, indicação de que a atividade econômica ainda mostra dificuldade para engrenar uma recuperação mais consistente.
Nos três meses encerrados em maio, a taxa de desemprego estava em 13,3 por cento, enquanto que no primeiro trimestre do ano, ela havia ficado em 13,7 por cento, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) via Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
O resultado de junho veio melhor do que os analistas consultados pela Reuters, com expectativa de desemprego em 13,3 por cento.
Segundo o IBGE, o resultado do trimestre passado "foi o primeiro recuo estatisticamente significativo" desde o quarto trimestre de 2014
"O mercado cresceu pela informalidade", disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. "O que se tem é uma tendência revertida na margem, mas na comparação com o ano passado, o mercado ainda apresenta forte desgaste provocado pela crise econômica e pela crise política", acrescentou ele.
No segundo trimestre de 2016, a taxa de desemprego estava em 11,3 por cento. Agora, o Brasil tem quase 13,5 milhões de desempregados.
A melhora ocorreu mesmo em um ambiente de elevada incerteza política no Brasil, que tem afetado a confiança dos agentes econômicos. O presidente Michel Temer foi denunciado por crime de corrupção passiva após delações de executivos do grupo J&F.
No segundo trimestre, ainda segundo a Pnad Contínua, a quantidade de trabalhadores empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada subiu 4,3 por cento ante os três primeiros meses do ano. Já o trabalho por conta própria avançou 1,8 por cento.
Os dados da Pnad Contínua mostraram que a população ocupada cresceu 1,4 por cento no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano, chegando a 90,2 milhões de pessoas. Já a população desocupada recuou 4,9 por cento, para 13,5 milhões de pessoa.
O rendimento do trabalhador chegou a 2.104 reais no segundo trimestre, abaixo dos 2.125 reais no trimestre encerrado em março e 2.043 reais no mesmo trimestre do ano anterior.
Apesar da melhora no cenário, alguns especialistas acreditam que o mercado de trabalho brasileiro pode até piorar um pouco mais, antes de começar a se recuperar de maneira mais consistente.
"O resultado do trimestre concluído em junho mantém o processo de mudança de composição da população ocupada..., com uma estabilidade garantida pelo aumento da população ocupada excluindo carteira assinada", escreveu o economista do banco Itaú Unibanco, em nota, Artur Manoel Passos, para quem a taxa de desemprego deve ir a 13,4 por cento no primeiro trimestre de 2018, "recuando lentamente a partir daí".