Desenrola perde força na 2ª fase e governo Lula estenderá o programa por mais 3 meses; veja números
Enquanto na primeira fase foram atendidas 9,7 milhões de pessoas, na segunda etapa, iniciada em outubro, número de beneficiados não passa de 1 milhão; até o momento, foram renegociados R$ 29 bilhões em dívidas
O Ministério da Fazenda pretende estender por mais três meses o programa Desenrola, de renegociação de dívidas de até R$ 20 mil de pessoas físicas. O programa vence no fim deste mês.
Após dois meses, a segunda fase do programa, mais focada na baixa renda, mobilizou menos pessoas do que na primeira, apesar dos incentivos do governo e da cobrança limitada na taxa de juros.
Enquanto na primeira fase foram atendidas 9,7 milhões de pessoas, na segunda etapa, iniciada em outubro, o número de beneficiados não passa de 1 milhão.
A avaliação do governo é que o maior desafio é o desconhecimento das pessoas sobre o programa e a plataforma. Na semana passada, o governo fez uma ação conjunta com os bancos para estimular as negociações. Ainda assim, não se pode desconsiderar o fator de limitação de renda nas repactuações. Pinto afirmou que o dia do pagamento da primeira parcela do 13º foi o pico de maior negociação da segunda fase do Desenrola.
O ministério e a B3, que administra a plataforma de renegociações, apresentaram outros dados sobre o Desenrola (veja mais abaixo). Até o momento, foram renegociados R$ 29 bilhões em dívidas. Na segunda fase, novamente, ocorreu a menor parte das operações em valores: R$ 5 bilhões.
Na segunda etapa, a taxa máxima de juros que pode ser cobrada é de 1,99% ao mês. Além disso, para pessoas físicas que façam parte do Cadastro Único de programas sociais, a garantia é dada pelo Fundo de Garantia de Operações (FGO).
Segundo Pinto, do valor reservado pelo governo do FGO para garantir essas operações - R$ 8 bilhões - só 10% foram utilizados. Os recursos são compartilhados com o Pronampe, programa de empréstimos que atende a pequenas empresas.
O ministro do empreendedorismo, Márcio França, já disse que pretende lançar uma versão do Desenrola para pessoas jurídicas, mas Marcos Pinto disse que a Fazenda está neste momento focado nas pessoas físicas.
A intenção do governo é manter a plataforma, ainda que os recursos públicos empregados na renegociação de dívidas se extinguam no futuro. A avaliação de Pinto é que a criação da plataforma já é uma experiência exitosa, uma vez que reúne em um único portal todas as dívidas do usuário e também credores, o que facilita a vida dos dois lados.
DESENROLA EM NÚMEROS
Fase 1 (julho)
- Negociações de dívidas exclusivamente bancárias
- 9,7 milhões de pessoas atendidas, sendo 7 milhões com a renegociação automática de dívidas de até R$ 100 e 2,7 milhões em outras dívidas
- R$ 24 bilhões em dívidas renegociadas
Fase 2 (outubro até agora)
- Negociações de dívidas bancárias e não bancárias, de até R$ 20 mil
- Consumidores do Cadastro Único têm as operações garantidas pelo governo.
- 1 milhão de pessoas atendidas
- R$ 5 bilhões em dívidas renegociadas
- 21% dos valores que entraram em renegociação foram quitados à vista
- 79% foram parcelados
Tíquete médio dos valores renegociados:
- Nos pagamentos à vista: R$ 248
- Nos valores parcelados: R$ 791
Média dos descontos:
- Nos pagamentos à vista: 90%
- Nos valores parcelados: 85%
- Taxa de juros média: 1,8% ao mês
- Quantidade média de parcelas: 11
Ranking dos setores com mais renegociações (em valores):
- Serviços financeiros: R$ 3,3 bi
- Securitizadoras: R$ 513 milhões
- Comércio: R$ 213 milhões
- Contas de luz: R$ 143 milhões
- Demais Setores (Construtoras / Locadora de Veículos / Cooperativas): R$ 43 milhões
- Educação: R$ 53 milhões
- Contas de telefone: R$ 28 milhões
- Contas de água: R$ 8 milhões
- Empresas de Pequeno Porte/Microempresa: R$ 4 milhões