Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Dez fatos que movimentaram o mercado em 2022

Os investidores de renda variável não tiveram vida fácil em 2022, uma vez que diversos acontecimentos, como a Guerra na Ucrânia e o aumento das taxas de juros dos bancos centrais, desafiaram o mercado a se reajustar. O Ibovespa encerrou o ano próximo da estabilidade, mas os principais índices dos Estados Unidos acumularam queda, especialmente […]

30 dez 2022 - 06h00
(atualizado às 06h01)
Compartilhar
Exibir comentários
Guerra na Ucrânia, aumento de juros e eleições trouxeram forte volatilidade não só na bolsa brasileira, mas também nos mercados mundiais –
Guerra na Ucrânia, aumento de juros e eleições trouxeram forte volatilidade não só na bolsa brasileira, mas também nos mercados mundiais –
Foto: Montagem / BM&C News

Os investidores de renda variável não tiveram vida fácil em 2022, uma vez que diversos acontecimentos, como a Guerra na Ucrânia e o aumento das taxas de juros dos bancos centrais, desafiaram o mercado a se reajustar. O Ibovespa encerrou o ano próximo da estabilidade, mas os principais índices dos Estados Unidos acumularam queda, especialmente os de tecnologia.

O índice Nasdaq, referência para os ativos de bigtechs, como Meta (Facebook), Alphabet (Google) e Amazon, acumulou uma queda de mais de 30% no ano. O S&P 500, por sua vez, teve uma baixa de 18%, enquanto o Dow Jones teve uma desvalorização mais modesta, de 8%.

Para entender as principais causas de volatilidade das bolsas mundiais e do mercado de ações brasileiro, confira os dez fatos que movimentaram a bolsa brasileira em 2022:

Guerra da Rússia na Ucrânia

No dia 24 de fevereiro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou uma "operação militar especial" no território ucraniano. A principal razão declarada pelo Klemlin foi a intenção da Ucrânia de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que representaria um "grande perigo" para a segurança nacional russa.

Além disso, a Rússia exige a desmilitarização, a "desnazificação" da Ucrânia, o reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk, bem como o entendimento de que a Crimeia faz parte do território russo desde 2014, quando a península foi anexada no primeiro movimento militar de Putin na região.

Com Volodymyr Zelensky como presidente, a Ucrânia passou a se defender e conseguiu evitar que a capital, Kiev, fosse conquistada. Outro pedido do chefe de Estado ucraniano foi pela aplicação de sanções contra os russos, que foi prontamente atendido.

As consequências resultantes da guerra entre os países causou uma forte alta nos preços de importantes commodities, como o petróleo, o que agravou o processo inflacionário global. O bloqueio russo nos portos ucranianos causou outro sério problema de abastecimento de alimentos, afetando dezenas de países.

Volatilidade das commodities

A guerra entre Rússia e Ucrânia e as preocupações com a economia da China levaram a inúmeros efeitos na economia global, mas o principal efeito causado foi na relação dos preços de importantes commodities, como petróleo e minério de ferro.

O petróleo tipo Brent, ainda essencial para as principais economias mundiais, já operava próximo dos US$ 80 o barril no começo deste ano, mas chegou a atingir a máxima de US$ 127,98 no fechamento de 8 de março, poucos dias após o início da invasão russa na Ucrânia. Entre março e julho deste ano, a commodity operou quase sempre acima dos US$ 100 o barril.

O minério de ferro, por sua vez, também passou por forte volatilidade. A China, principal importadora mundial do ingrediente siderúrgico, vem sofrendo com isolamentos sociais impostos à população para combater a Covid-19. Além disso, está vivendo uma longa crise imobiliária, o que afeta diretamente a demanda.

Em Dalian, a commodity começou 2022 operando cerca de US$ 100 a tonelada e atingiu a máxima de aproximadamente US$ 135 em junho. No fechamento da primeira operação de dezembro, o minério de ferro estava próximo de US$ 110.

"Guerra" entre governo e Petrobras

As fortes altas do petróleo no mercado internacional levou a Petrobras (PETR3; PETR4) a iniciar uma série de reajustes, especialmente nos preços da gasolina, do diesel, do GLP (gás de cozinha) e do querosene de aviação. O movimento estava seguindo sua política de paridade de preços internacionais (PPI) para evitar um processo de desabastecimento, como alegou a companhia.

Isso provocou a ira do governo de Jair Bolsonaro, que passou a ver a companhia como grande vilã. Para tentar "solucionar" o problema, Bolsonaro trocou duas vezes o presidente da Petrobras neste ano, além da demissão de Bento Albuquerque como ministro de Minas e Energia.

Adolfo Sachsida assumiu a função como ministro, e Caio Mario Paes de Andrade entrou no comando da Petrobras. 

A partir de julho, com o processo de normalização dos preços do petróleo e do dólar, a Petrobras iniciou a redução nos preços dos combustíveis.

Privatização da Eletrobras

Poucas notícias animaram tanto o mercado quanto o processo de privatização da Eletrobras (ELET3; ELET6). A gigante do setor elétrico iniciou uma oferta primária de ações que tirou a maioria do capital votante das mãos da União.

A oferta teve a emissão primária de 627,6 milhões novas ações ordinárias, além de uma secundária de 69,8 milhões de papéis já detidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A precificação do ativo em R$ 42 por ação levantou um total de R$ 29,29 bilhões. 

Depois de ser privatizada, o executivo Wilson Ferreira Júnior assumiu o comando da companhia.

Inflação global batendo recordes

As pressões nas cadeias de fornecimento globais e a forte disparada nos preços de energia e alimentos provocaram avanços recordes nos Índices de Preços ao Consumidor (IPC). Com isso, as expectativas da inflação também passaram a subir no mundo todo.

Nos Estados Unidos, o IPC chegou ao maior nível em 41 anos, ao atingir 9,1% em junho. A zona do euro bateu o recorde em outubro e chegou a 10,6%, principalmente impactada pelo avanço da energia elétrica, decorrente da guerra da Rússia na Ucrânia.

No Brasil, o processo inflacionário começou antes, em 2021, mas atingiu o seu pico em abril deste ano, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 12,13%. 

Aumentos nas taxas de juros dos BCs

A inflação global galopante levou os principais bancos centrais a iniciarem o processo de aumento nas taxas de juros, apesar de o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) se mostrarem relutantes à ideia, uma vez que acreditavam que a inflação seria temporária.

O Fed iniciou o processo em maio, ao elevar a taxa em 25 pontos-base. Porém, com o IPC superando as expectativas todo mês, o banco central norte-americano chegou a subir os juros em 75 pb três vezes, em julho, setembro e novembro.

O Banco Central Europeu (BCE) só começou o seu processo em julho, mas logo com um aumento de 50 pb. Assim como o Fed, promoveu aumentos agressivos de 75 pb em setembro e outubro, com uma redução no ritmo de alta em dezembro.

No Brasil, o Banco Central se antecipou aos outros BCs e começou a subir a taxa Selic já no início de 2021, continuando o processo em 2022. Em agosto, o BC fez o seu último aumento de 25 pb, levando os juros para 13,75%, e se manteve assim nas últimas três reuniões.

Breve governo de Liz Truss no Reino Unido

O governo de Liz Truss começou em um cenário conturbado e que só piorou, principalmente após um orçamento de corte de impostos que abalou os mercados financeiros. O pacote levou a revolta dentro do próprio Partido Conservador, e a primeira-ministra decidiu renunciar de seu cargo com apenas 46 dias no comando.

"Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Portanto, falei com Sua Majestade, o Rei, para anunciar que estou renunciando ao cargo de líder do Partido Conservador", afirmou Truss, na época.

Em 23 de setembro, o ministro das Finanças de Truss, Kwasi Kwarteng, anunciou um chamado "mini-orçamento" que iniciou um período turbulento para os mercados de títulos do Reino Unido, que se recusaram aos cortes de impostos financiados por dívida que ele apresentou. A maioria das políticas foi revertida três semanas depois pelo segundo ministro das Finanças, Jeremy Hunt.

O "inverno cripto" no mercado

Apesar dos tempos áureos vividos em 2021, o mercado de criptomoedas passou por um verdadeiro pesadelo em 2022. Para efeito de comparação, a maior moeda desse mercado, o Bitcoin (BTC), teve uma desvalorização de 67% neste ano. O Ethereum (ETH), por sua vez, acumulou uma queda de 72%.

O processo de quedas das criptomoedas, no entanto, começou já em novembro de 2021, com o processo inflacionário já atingindo as economias globais. Com isso, os bancos centrais começaram a subir os juros, o que provocou a saída de capital em ativos de risco, afetando as criptomoedas, principalmente.

Com a pressão da saída de investimentos no setor, diversas companhias e plataformas que trabalham com as moedas começaram a cair. A principal delas foi a FTX, que pediu falência em novembro. O seu CEO, Sam Bankman-Fried, renunciou no mesmo dia e chegou a ser preso nas Bahamas em dezembro.

Eleições presidenciais no Brasil

A disputa presidencial foi tratada com muita atenção pelos investidores antes mesmo do ano começar. A polarização deixou claro que existiam apenas dois candidatos capazes de vencer o pleito de 2022: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

No dia 30 de outubro, Lula venceu Bolsonaro em segundo turno, na eleição mais apertada e polarizada da história da redemocratização do Brasil. O petista obteve 50,90% dos votos e Bolsonaro 49,10%, uma diferença de pouco mais de 2,1 milhões de eleitores.

Durante a campanha, houve manifestações em defesa do Estado Democrático de Direito, como a carta da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Além disso, também houve contestação sobre o resultado das urnas no segundo turno, com manifestações e bloqueios de rodovias, e polêmicas envolvendo o poder Judiciário no combate às notícias falsas. 

Transição de governo e PEC do Bolsa Família

Logo após a vitória de Lula para o seu terceiro mandato como presidente, o processo de transição do governo eleito já começou a ocorrer. Dezenas de grupos foram definidos para cuidarem de diferentes áreas e criaram relatórios com medidas a serem tomadas nos primeiros dias do novo mandato.

Outra questão que apareceu logo após a vitória nas urnas foi a definição do novo ministro da Fazenda. Levou semanas até que Lula oficializasse Fernando Haddad como responsável da pasta, medida que desagradou o mercado financeiro. Apesar disso, o ex-prefeito de São Paulo prometeu que irá apresentar uma nova âncora fiscal já em 2023, além de priorizar a aprovação da reforma tributária.

Uma das principais promessas de campanha de Lula foi a manutenção do Auxílio Brasil - que voltará a ser chamado de Bolsa Família - em R$ 600 mensais. O Orçamento aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, entretanto, contemplava apenas o pagamento de R$ 400. Com isso, foi preciso a criação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para adequar a promessa.

A proposta, inicialmente, visava um impacto de R$ 198 bilhões para os cofres públicos, além do custeio do Bolsa Família fora do teto de gastos por quatro anos. Após apreciação na Câmara e no Senado, a proposta foi enxugada para R$ 168 bilhões e com o benefício social fora do teto por apenas um ano.

BM&C News
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade