Dia da Consciência Negra: conheça empreendedores que inspiram
Acompanhe histórias inspiadores de empreendedores negros no Brasil
Cerca de 52% de donos de negócio se classificam como negros, segundo o Atlas dos Pequenos Negócios 2022, relatório divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae. Mas isso varia conforme a região do país.
Estados como Amazonas e Acre, por exemplo, o total chega a 84%, enquanto em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, eles são em 15%. Com a proximidade do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, resgatamos algums histórias de empreendedores negros de sucesso.
Aposentado aos 50 anos
Márcio Flávio Reis, de 56 anos, aposentou-se aos 50 e foi apresentado por um amigo a Anjos Colchões & Sofás, rede especializada em colchões e estofados. Foi naquele momento que resolveu empreender e virar dono do seu próprio negócio.
“Não temos mais horário fixo e é preciso estudar muito. O lado bom é que o empreendedorismo abre a mente e permite recomeçar do zero. Ao mesmo tempo que é desafiador, também é muito gratificante. Meu conselho para quem está começando é estar aberto a aprender”, diz.
Como boa parte dos brasileiros, Márcio começou “de baixo”. Ainda menino, perdeu o pai, o que o levou a começar a trabalhar aos 11 anos como entregador de farmácia. De lá para cá fez um pouco de tudo até se tornar gerente regional de uma loja de departamentos por 28 anos. Para ele, empreender é um desafio.
A baiana do geoprocessamento
Clara Ferreira, 48 anos, cresceu em Salvador e trabalha como geógrafa na área de meio ambiente e geoprocessamento. Ela abriu uma franquia da Yes! Cosmetics, segmento pelo qual é interessada como consumidora desde criança.
“Como já usava os produtos da marca, sabia da qualidade e por isso confiei em abrir um negócio com essa parceria”, conta.
Mas ela admite que como mulher, preta e periférica, sofreu na pele todas as mazelas que a condição coloca às brasileiras. “Só me dei conta disso recentemente e agora consigo fazer uma reflexão maior sobre o que vivi. Cresci num bairro da periferia e credito todo o meu crescimento aos estudos. Sempre fui muito aplicada e contei com pais que me apoiaram nesse sentido. Principalmente a minha mãe, que era professora e criou em casa um ambiente de aprendizagem constante e incentivou tanto a mim, quanto aos meu irmãos, sobre a necessidade de estudar. O estudo me proporcionou ter uma boa colocação no mercado e trilhar um caminho de crescimento”.
Uma relações públicas que brilha na faxina
Natália Pereira, 36 anos, é relações públicas e viu sua vida mudar após enxergar na Maria Brasileira, rede de franquias de serviços de limpeza residencial e empresarial, a oportunidade de ser dona do seu próprio negócio e conciliar a carreira profissional com a tão sonhada maternidade.
“Atuei durante nove anos em uma franqueadora, mas chegou o momento em que considerei a questão familiar e a maternidade. Analisei as possibilidades e, como aquele ambiente não seria acolhedor com uma mulher grávida, decidi empreender. Acredito que existam inúmeros desafios para nós, então, a dica que eu tenho é estudar muito e buscar conhecimento. Isso é libertador e pode determinar o crescimento ou a morte do seu negócio”, afirma a multifranqueada responsável pelas unidades nos municípios de Bauru, Lençóis Paulista, Lins e Bady Bassit, todos em São Paulo.
Da multinacional para uma confeitaria
Emprego em multinacional, com CLT e tudo que tem direito. Daniela Masada, 35 anos, deixou isso para trás para se aproximar da filha e manter algum trabalho que pudesse ser feito em casa. Fez um curso de confeitaria e começou a vender doces gourmet em restaurantes.
Nesse mesmo período, seu irmão Danilo, pesquisando algumas franquias, encontrou o Emagrecentro, uma rede que conheceu quando sua esposa realizou o método 4 fases. Juntos, como sócios, inauguraram a unidade de Ferraz de Vasconcelos-SP, há três anos.
“Virar empreendedora mudou minha vida! Hoje tenho mais tempo com a minha filha, comecei a cursar nutrição e abraço todos os desafios de ter o meu próprio negócio. Aqui priorizamos transmitir a nossa essência para os nossos colaboradores para que o atendimento seja um diferencial e uma marca registrada para cada um de nossos clientes. Isso reflete no bom faturamento por meio do nosso trabalho e empenho diário”, explica.
O economista que investiu na odontologia
O economista Glaucio José de Araújo, 46 anos, também trabalhava em uma multinacional quando decidiu empreender. Ele detinha pequenas participações em empreendimentos de outras pessoas quando conheceu a OdontoCompany, rede de clínicas odontológicas, em uma feira de franquias.
“O desafio foi imenso, primeiro porque era uma área nova e precisei estudar bastante, desde o modelo de franquia, o setor de odontologia e o formato do negócio, que já era reconhecido e ajudou muito”, explica.
O problema é que Glaucio teve uma pedra no meio do caminho: a pandemia. Ao assinar o contrato e se preparar para a reforma, veio a pandemia, que parou com tudo. Seis meses depois, quando pode retomar, enfrentou mais um problema, dessa vez com o fornecimento de matéria prima.
“Hoje em dia tenho certeza que tudo valeu a pena, ainda mais por ser um segmento de odontologia, dando muito mais solidez para o empreendimento”, diz Glaucio.
Empreendedorismo em ritmo de música
Jairo Rocha, de 37 anos, estava no último semestre da graduação em música quando resolveu que era a hora de virar a chave e apostar no empreendedorismo. Proprietário de duas unidades em Campinas-SP da Casa de Bolos, ele relata que o começo da jornada não foi tão fácil.
“Eu morava em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, mas, quando tomei a decisão de ser franqueado, mudei para Campinas. Esbarrei em muitas dificuldades burocráticas no início, mas como sou de uma família empreendedora, já sabia qual o caminho que tinha pela frente”, lembra ele.
Jairo decidiu cursar outra graduação, desta vez de administração, na qual já está concluindo o último semestre. “Ter meu negócio me fez ver o que realmente gosto: acompanhar uma empresa ganhando forma e mudando para melhor. Por precisar entender mais sobre minhas lojas, comecei a fazer administração e me encontrei cada vez mais no que faço”, compartilha.
Administrando com um bom café
Fernanda Souza, administradora de empresas de 35 anos, tem o empreendedorismo no sangue. Franqueada da Mais1 Café, rede de cafés especiais, na cidade de Araxá-MG, ela é graduada desde 2008 e, ao longo da vida, buscou atuar em empresas para ganhar experiência. Em 2020, durante a pandemia da Covid-19, ela e o marido, Rafael Menezes, de 36 anos, entenderam que era hora de fazer algo diferente.
“Nós dois cursamos a mesma turma durante a faculdade e, desde aquela época, sonhávamos em ter o nosso negócio”, conta.
Agora, ela quer investir em capacitação para aprimorar o seu dia a dia. “Estou em uma fase de aprendizado, porque conheço as teorias, mas a prática é muito diferente. Quero fazer cursos para me profissionalizar ainda mais sobre a parte de vendas e de gestão”.