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BC mantém Taxa Selic em 13,75% ao ano, pela quarta vez seguida

Decisão era consenso no mercado por conta da estratégia do Copom de estabilidade da taxa por um período prolongado

1 fev 2023 - 18h47
(atualizado às 18h51)
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Entre o rápido aumento das expectativas de inflação e as críticas do governo ao choque de juros, o Banco Central escolheu seguir o plano de voo e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida no Comitê de Política Monetária (Copom). Assim, o órgão optou por manter os juros básicos no maior nível desde janeiro de 2017.

A primeira decisão do BC no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva era consenso no mercado diante da estratégia anunciada pelo Copom de estabilidade da taxa neste patamar por um período "suficientemente prolongado". Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, todas as 50 instituições financeiras consultadas esperavam a estabilidade dos juros básicos em 13,75% ao ano.

Apesar da autonomia formal do Banco Central, que mantém a mesma composição na diretoria do órgão, o órgão entrou na mira do governo. Além das críticas do presidente e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos juros elevados, houve também questionamento de Lula à necessidade da independência na lei e ao nível da meta de inflação.

Somados aos temores com a sustentabilidade fiscal, após a expansão de gastos de R$ 145 bilhões aprovada na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, as cutucadas do governo no BC provocaram um forte desvio das expectativas de inflação para 2023 e 2024, mas também para prazos mais longos, de 2025 e 2026, fora do horizonte relevante do Copom.

No último Boletim Focus, a estimativa era de 5,74% para 2023, acima do teto da meta de 4,75%, o que aponta para três anos seguidos de descumprimento pelo BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022.

Para 2024, a previsão de mercado é de 3,90%, mais alta do que o alvo central de 3,00%, mas aquém do limite superior de 4,50%. Para 2025 e 2026, a projeção estava em 3,50%. A meta para 2025 é de 3,00% e, para 2026, o objetivo inflacionário ainda não foi definido.

Expectativas de inflação elevadas são uma espécie de "inflação contratada", segundo economistas, o que pode impor ao BC a necessidade de manter a Selic no patamar alto por um período maior ou até mesmo elevar a taxa.

E juros básicos altos refletem no encarecimento do crédito e influenciam negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos. Além disso, investidores buscam retornos reais em suas aplicações financeiras, ou seja, já descontada a taxa de inflação esperada no horizonte de investimento. Expectativas de inflação mais alta fazem os investidores exigirem taxas de juros maiores, impactando o custo de captação de empresas e do governo.

Decisão era consenso no mercado por conta da estratégia do Copom de estabilidade da taxa por um período prolongado
Decisão era consenso no mercado por conta da estratégia do Copom de estabilidade da taxa por um período prolongado
Foto: iStock

Juro real

Mesmo com a estabilidade da taxa Selic pela quarta reunião consecutiva, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,38% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera as economias mais relevantes, aparece o México (5,53%), seguido do Chile (4,71%). A média dos 40 países avaliados é de -2,07%.

Estadão
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