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Brasil tem deflação de 0,08% em junho, puxada por alimentos, combustíveis e carros novos

Analistas veem uma persistência da inflação de serviços e indicam que cortes da Selic devem mesmo começar em agosto, mas de forma mais cautelosa

11 jul 2023 - 09h21
(atualizado às 15h27)
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RIO - O País registrou uma deflação de 0,08% em junho, o menor resultado para o mês desde 2017, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta terça-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A economia brasileira não mostrava deflação desde setembro do ano passado, quando as reduções de impostos promovidas pelo governo Bolsonaro em meio à corrida eleitoral forçaram para baixo os preços dos combustíveis e da energia elétrica.

O desempenho atualmente mais benigno do cenário inflacionário voltou a desacelerar a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses, que desceu de 3,94% em maio para 3,16% em junho, ficando assim abaixo da meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central, de 3,25%, cujo teto de tolerância é de 4,75%.

O resultado reforçou a expectativa de analistas por um corte na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, na reunião de agosto do Comitê de Política Monetária do Banco Central. A persistência da inflação de serviços dentro do índice, porém, levou os analistas a projetarem uma maior "parcimônia" do BC no corte.

"Vemos uma inflação de serviços mais alta, mesmo excluindo passagens aéreas, e isso é importante para a política monetária", diz a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória. "Não muda o call (previsão) de início dos cortes da Selic em agosto, mas indica que um corte mais acelerado, de 0,50 ponto, deve ficar para setembro."

O cenário do Inter é de um corte inicial de 0,25 ponto na reunião do Copom de agosto, mas Vitória explica que estava "flertando" com um primeiro recuo um pouco maior, diante das quedas recentes nas expectativas do Boletim Focus.

"Em nossa avaliação, o real mais forte, os preços das commodities contidos, os preços dos alimentos mais baixos, a deflação dos preços no atacado, a melhora das expectativas de inflação e a baixa/moderada inflação realizada devem sustentar uma inflexão da política monetária na reunião de agosto", avaliou, em relatório, o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos.

O Goldman Sachs também espera um corte de 0,25 ponto porcentual na Selic em agosto, mesma previsão de João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital, para quem os dados do IPCA ainda indicam que o "BC deve manter a parcimônia".

"Na nossa visão, a inflação acumulada em 12 meses atingiu seu patamar mínimo agora em junho e voltará a subir já a partir de julho, quando deve ficar acima de 4% novamente", lembrou Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário.

O índice de difusão do IPCA, que mostra a proporção de itens investigados com aumentos de preços, desceu a 50% em junho, o menor resultado desde maio de 2020, quando a economia estava impactada pela chegada da pandemia de covid-19.

Quatro dos nove grupos que integram o IPCA registraram quedas de preços em junho, com destaque para as reduções em Alimentação e bebidas, com recuo de preços de 0,66%, e Transportes, queda de 0,41%.

"A deflação foi bastante influenciada pelos preços dos automóveis, combustíveis e alimentícios, foram os principais impactos", confirmou André Almeida, analista do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

O pacote do governo para descontos nos carros populares deu a maior contribuição para a deflação no País em junho. O preço do automóvel novo recuou 2,76%, item de maior contribuição negativa sobre o IPCA. Com o carro novo mais barato, houve impacto indireto ainda do programa do governo sobre o preço do automóvel usado, que encolheu 0,93%.

Enquanto os recuos nos preços de automóveis estão relacionados ao programa de descontos lançado pelo governo, os combustíveis refletem as reduções praticadas nas refinarias pela Petrobras. Houve quedas no óleo diesel (-6,68%), etanol (-5,11%), gás veicular (-2,77%) e gasolina (-1,14%). Já os alimentos ficaram mais baratos por conta da safra recorde de grãos, além da queda nas cotações internacionais de alguns produtos, maior oferta de itens na lavoura e até redução de custos na produção de produtos de origem animal.

A valorização do real ante o dólar também parece ter ajudado a conter o IPCA no mês.

"A taxa de câmbio é um dos fatores que pode influenciar diversos subitens dentro do IPCA. A valorização do real frente ao dólar pode ter algum impacto dentro do índice, principalmente bens industriais, que usam insumos importados, e alguns alimentícios, que usam cotação em dólar", disse Almeida. "A gente percebeu queda em alguns itens eletrônicos e eletrodomésticos, isso pode ter algum tipo de relação sim (com desvalorização do dólar)."

Na direção oposta, houve altas nos preços de passagens aéreas e de alguns serviços relacionados ao turismo, que podem ter como explicação o feriado prolongado que ocorreu no mês de junho, o que teria impulsionado a demanda por esses itens.

"Quando tem feriado prolongado, normalmente a gente tem maior demanda por serviços turísticos", justificou Almeida.

O aumento de 10,96% nos preços das passagens aéreas fez o item exercer a maior pressão inflacionária sobre o IPCA de junho, ao lado da energia elétrica residencial, que subiu 1,43%.

Estadão
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