CORREÇÃO-Cogna reverte prejuízo e lucra R$11 mi no 2º tri, com forte alta na geração de caixa
A Cogna teve lucro líquido ajustado de 11 milhões de reais de abril a junho, revertendo prejuízo de 36,6 milhões sofrido um ano antes, em trimestre marcado por crescimento de receitas e forte expansão na geração de caixa operacional.
Em termos não ajustados, o grupo de educação ainda apurou prejuízo líquido de 47,3 milhões de reais, bem menor do que a perda de 101 milhões de um ano antes, mas ainda afetado por amortizações relacionadas a aquisições.
A receita líquida cresceu 20%, para 1,39 bilhão de reais, com expansão nas três unidades de negócios - Kroton (+11,8%), Vasta (+43%) e Saber (+103%). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente somou 426 milhões de reais, alta também de 20%, com margem estável em 30,7%.
Previsões compiladas pela Refinitv apontavam lucro líquido de 3,6 milhões de reais, com Ebitda de 404,3 milhões e receita de 1,31 bilhão.
O presidente-executivo da Cogna, Roberto Valério Neto, afirmou que os números do segundo trimestre mostram consistência de crescimento, enquanto enxerga um horizonte positivo para a economia nos próximos meses, com declínio da taxa básica de juros e avanço do arcabouço fiscal no país.
"Olhando para a frente, se a economia ajudar, tem tudo para continuar entregando bons resultados", disse o executivo à Reuters, acrescentando que está mais otimista sobre a conjuntura agora do que estava no final do primeiro trimestre.
A companhia apurou geração de caixa operacional após investimentos de 171 milhões de reais, elevação de 52% ano a ano. O fluxo de caixa livre do período somou 90,2 milhões de reais, ante consumo de caixa de 99,4 milhões no mesmo período do ano passado.
O endividamento da Cogna medido pela relação dívida líquida sobre Ebitda recuou a 1,98 vez no final do mês passado, pela primeira vez abaixo de 2 vezes em nove trimestres, de 2,03 vezes no término de março e 2,09 vezes no segundo trimestre de 2022. O custo médio da dívida era de CDI mais 2,03%.
O executivo acrescentou que o foco principal da companhia permanece em reduzir a alavancagem, mas não descartou eventuais aquisições "pequenas e estratégicas", como o investimento na fintech focada em escolas do ensino básico Educbank, no ano passado. A Cogna terminou junho com 3,36 bilhões de reais em dívida líquida ante 3,22 bilhões um ano antes.
No segundo trimestre, a ação da Cogna valorizou-se 74,3%, enquanto o Ibovespa avançou 15,9%. No período, o volume negociado dos papéis somou 4,8 bilhões de reais, resultando em um volume médio diário negociado de 79 milhões de reais.
MAIS ALUNOS E PROVISÃO MENOR
Na unidade de ensino superior Kroton, que teve receita líquida de 1,04 bilhão de reais, houve aumento da base de alunos na graduação, de 5,8%, para 982.983, oitavo trimestre seguido de alta, com destaque para o segmento de alta presencialidade, que mostrou incremento de 7%. Na pós-graduação, a base final subiu 20%.
O ticket médio dos alunos de alta presencialidade aumentou 9,3% no primeiro semestre, influenciado tanto por pagantes, quanto pelos programas Fies e PEP. No ensino a distância premium, caiu 4,6%. Na baixa presencialidade, subiu 6,8% nos cursos 100% digital e 9,7% no semipresencial.
O Ebitda recorrente da Kroton avançou 9,7%, para 396,4 milhões de reais, com margem de 38,2%, ante 39% um ano antes.
A linha de provisões para inadimplência do segundo trimestre caiu 5% versus o segundo trimestre, resultando em redução da razão entre provisão e receita de 13,2% para 11,2%, com a empresa citando assertividade na estratégia de captação de alunos e melhora na capacidade de pagamento dos estudantes.
A KrotonMed teve alta de 27,7% na receita líquida, a 194,5 milhões de reais, enquanto o Ebitda recorrente saltou 50%, a 106 milhões, com a margem subindo de 46,2% para 54,3%.
A divisão Vasta, de produtos para escolas de ensino básico, apurou receita líquida de quase 271,4 milhões de reais de abril a junho. De acordo com a Cogna, no comparativo de resultados acumulados entre os ciclos de 2023 e 2022, a receita líquida cresceu 21,7%, atingindo 1,18 bilhão de reais, sendo 85,8% desse total referente a faturamento de subscrição.
A empresa explicou que o período de abril a junho é o terceiro do trimestre do ciclo comercial de 2023 para a Vasta e que os resultados representam um atingimento de 82,3% da previsão de valor anual de contrato (ACV) de 1,23 bilhão de reais para o ciclo de 2023.
O Ebitda recorrente da Vasta somou 31,6 milhões de reais no segundo trimestre, um salto de 971,7% ano a ano, com a margem alcançado 11,6%, de 1,6% no mesmo período de 2022.
Em relação à Saber, o trimestre teve receita líquida de 87,7 milhões de reais, com Ebitda recorrente negativo em 2 milhões, afetado por um descasamento envolvendo o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), com receitas oriundas do ciclo de 2023, mas despesas com produção e divulgação para 2024.
Ainda assim, o resultado ficou abaixo da perda de 9,2 milhões de reais um ano antes e, segundo Valério, foi melhor do que era esperado pela companhia.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)