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Com dívida bilionária, o que levou o Grupo Petrópolis à recuperação judicial?

Analistas veem influência da pandemia de covid-19 com a crise que atingiu a cervejaria dona de marcas como Itaipava, Crystal e Petra

30 mar 2023 - 17h04
(atualizado às 17h27)
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A Itaipava é uma das marcas do Grupo Petrópolis
A Itaipava é uma das marcas do Grupo Petrópolis
Foto: Divulgação/Grupo Petrópolis

O Grupo Petrópolis, empresa dona de marcas como Itaipava, Crysta e Petra, entrou com pedido de recuperação judicial no início desta semana. A informação foi confirmada pelo grupo, que disponibilizou um comunicado aos funcionários e fornecedores em uma tentativa de tranquilizá-los. As dívidas do grupo somam R$ 4,2 bilhões - sendo 48% financeiras e 52% com fornecedores e terceiros. Mas o que levou a terceira maior cervejaria do País à crise?

Analistas veem influência da pandemia de covid-19 com a crise que atingiu a cervejaria. A análise do Itaú BBA frisa que o Grupo Petrópolis perdeu espaço no mercado desde 2020, enquanto que a Ambev e a Heineken cresceram na faixa de dois dígitos. Para os especialistas do banco, a perda de mercado pela Petrópolis impulisonou a emergência de seus concorrentes.

Os analistas do banco BTG Pactual --Thiago Duarte Brazil e Henrique Brustolin-- vão pela mesma linha. Em relatórios anteriores, eles explicam que a pandemia foi responsável por uma mudança na forma de se consumir cerveja - as pessoas passaram a preferir beber em casa do que em bares, e, assim, ao comprar em mercados, acabavam optando por cervejas de linhas superiores. 

"Os preços agressivos da Ambev e sua variedade de marcas permitiram que ela recuperasse toda a participação de mercado que havia perdido nos anos anteriores", dizem os especialistas do BTG. Enquanto isso, no período da pandemia, o Grupo Petrópolis encolheu seu alcance de distribuição em quase 1/3.

Os números compartilhados pela cervejaria no pedido de recuperação judicial explicitam essa perda de mercado. O consumo de bebidas totais da marca caiu 23% de 2020 para 2022. A queda é ainda mais brusca quando analisamos o potencial do Grupo Petrópolis anos antes. A capacidade de utilização de seus produtos saiu de 81% em 2018 para 49% em 2022. 

O que deve acontecer agora?

Em comunicado, a companhia afastou a hipótese de falência. O grupo ressaltou que a recuperação judicial é uma forma de proteger o caixa da cervejaria de possíveis retenções e auxiliar na renegociação de dívidas com credores.

"O Grupo Petrópolis está pedindo Recuperação Judicial para manter a operação e equalizar dívidas. A administração da empresa tem empreendido esforços e estudos para otimizar a estrutura de capital e adequá-la à situação operacional, financeira e econômica, que vem se agravando, há aproximadamente 18 meses, especialmente devido à redução de faturamento, do volume de vendas, da pressão inflacionária, do aumento dos custos e das dificuldades de repasse de preços aos produtos vendidos", diz a empresa.

Os analistas do Itaú BBA, no entanto, acreditam que há a possibilidade de venda da cervejaria para uma empresa concorrente. "Nós acreditamos que a notícia de hoje pode sustentar uma velha tese de que pode surgir um comprador para os ativos da Petrópolis, abrindo espaço para uma mudança na dinâmica que vimos nos últimos anos", diz Gustavo Troyano, que assina o relatório feito pelo Itaú. Eles apostam em um comprador estrangeiro, Coca-Cola ou Heineken. 

Fonte: Redação Terra
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